sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Apenas o Leão

Estradas do Destino

Eu me sinto naqueles antigos dias. Dias em que o vento soprava como hoje: frio, penetrante, mas calmo e delicado. A penumbra de meu quarto de repete cada vez que o sol desce no horizonte nessa época do ano (depois do verão), e então tudo se torna tão familiar e tão confortável, mas ao mesmo tempo tão solitário e penoso. Parece que existem coisas que realmente não vão mudar, nem com o tempo nem com a experiência, não adianta nada que façamos, pois simplesmente são imutáveis. E aqui dentro de meu peito creio que existe uma dessas coisas, que vai e vem, vem e vai e tudo continua igual mesmo que algo tenha mudado! Parece que já nasci velho, já conheço essas sensações desde pequeno e sempre me assustaram, mas hoje simplesmente convivo com elas e são até minhas amigas que me confortam pelas sensações que elas mesmas me causam. Parece tão natural, tão do mundo! É como se a própria natureza falasse comigo e me deixasse desse jeito, que hoje em dia eu já não mais me perturbo por estar, mas sei que quando isso vem preciso ver/estar/sentir alguém perto de mim. Alguém que me faça desvirtuar do mundo por alguns segundos, que possa me fazer ir longe no horizonte e depois voltar na madrugada de um outro dia. E ao som das músicas que ditam o ritmo de minha vida, eu vou caminhando sem olhar para trás e com a certeza de que tudo o que passou está gravado em minhas memória e possui toda importancia do mundo para mim, algo tão grande e intenso que não possui palavras para ser descrito, e que quando tento expressar sinto como se estivesse expondo a alma para fora do corpo.
Ah o anoitecer! Como eu odeio ele e como aprendi a amá-lo! Tão deliciosamente assustador e que ao chegar parece me dizer que pode revelar tudo aquilo que eu sempre quis saber e que com ele virão as coisas nas quais sempre desejei. Intenso e calmo, tão contraditório quando o próprio sentimento que por ele eu alimento no peito, e tão... Não sei, acho que é uma paixão eterna pelo entardecer do inverno... Coisas boas acontecem depois que chega essa época do ano, e assim tem sido sucessivamente, onde quer que eu fosse/estivesse o anoitecer me trouxe coisas boas e essa sensação de que tudo é possível! Trouxe com ele a velocidade da vida e não consegui ver passar os anos que hoje já me fazem pesar a mente. Que hoje já me trazem saudade e uma amarga lembrança de que tudo aquilo não poderá passar pelos meus olhos mais uma vez e então a garganta aperta e as lágrimas do coração chegam até os olhos, pois possuo a certeza que não saberei como mostrar aquilo aos que me são importantes. Então por medo de me machucar deixo que isso volte de onde veio e assim todos que aquilo também queriam libertar ficam reprimidos assim como eu.
Essa é a vida amigo e eu sou apenas mais uma peça desse grande tabuleiro que é a vida que nos rodeia, para onde vamos e com quem vamos topar não é decidido por nós e o futuro nos estende sua mão para que possamos sempre nos levantar e assim voltar a caminhar na Estrada dos Destinos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pausa [3]

Amigos de um Passado Bom

Como eram boas aquelas tardes em que corríamos pelo estacionamento brincando e não ligávamos para as trivialidades da vida, apenas queríamos correr e não ser pego pelo "pegador" no pega-pega, que tempo bom! Mas como tudo na vida, aquilo já me é passado e fica somente na memória essa lembrança boa, onde a humildade reinava e a inocencia transparecia em nossos rostos. Não havia preocupações com nada, absolutamente nada. Opa! Havia sim, perdão! Nos preocupavamos com a hora de ir embora, porque dai a brincadeira iria terminar. Ó tempo bom heim! Gritavamos, corriamos, jogavamos futebol (um tempo em que eu até jogava bem!), faziamos de tudo com sorrisos na cara e a felicidade de poder brincar livres de qualquer coisa!
Naqueles tempos bons, ficavamos fascinados com tudo o que era simples e como as coisas podiam se transformar de um jeito que nós não entendiamos. Tinhamos medo das lendas urbanas criadas para que as crianças se comportassem e assustavamos uns aos outros apenas por zuação. Não tinhamos consciencia do mundo terrível que nos esperava lá fora, um lugar no qual toda a nossa inocencia se transformaria em desconfiança e as amizadades jogadas estrategicas para subir na vida. Ou seja, em outras palavras nós estavamos despreparados para o mundão que um dia iria se mostrar para nós, afinal, éramos apenas crianças brincando em um estacionamento. Mas ainda que crianças já começavamos a ser "corrompidas" pelo espirito competitivo que o mundo iria nos impor anos mais tarde, mesmo que isso seja algo natural para nossa raça, é algo que modifica de certa forma as crianças que vivem na sociedade de hoje. Pois o amanhã que os aguardam pode ser muito cruel e as pessoas mascaradas usarão de sua inocencia para tirar proveito de você. Triste calamidade. Alguns de nós aprenderam da pior maneira, outros continuam vivendo como se ainda pudessemos crer no bom senso do mundo e há ainda aqueles que tiveram/têm ambas experiências. Enfim, nós nos separamos para viver nossas vidas, mas ainda assim prometemos sempre ser amigos e o "pra sempre" não acaba daqui à alguns anos ou se perde em meio a distancia, o "pra sempre" dura até, quem sabe, nossas próximas existencias, porque isso que é pra sempre.
E hoje, tenho apenas a lembrança daqueles bons tempos com meus amigos, em que riamos de coisas simples e a tristesa era temporaria (até a próxima vez que nos encontravamos para brincar). Os tempos em que deixei meus amigos para trás, sejam os da praia, os da cidade ou do campo, seja onde for a vida me fez deixar-los lá em meu passado, mas sou EU que farei com que encontre todos eles mais uma vez em meu futuro. Pois existe dentro de mim a certeza de que ainda são meus amigos, Amigos Distântes, mas ainda assim amigos eternos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Cavalo e a Música VII

Verdade

Queria um dia poder dizer a verdade, somente por um dia poder falar toda a verdade que a mente não deixa. Fazer com que todos pudessem ouvir, falaria para os ventos e eles gritariam a promessa de falar a verdade e revelar os segredos da alma, assim quando todos falassem a verdade, as coisas ou piorariam drasticamente ou melhorariam assustadoramente. Mas o que importaria é que a falsidade desapareceria do mundo nem que fosse por apenas um dia, todos obrigados a falar somente a verdade por um único dia... Queria poder revelar as palavras que se escondem de mim dentro de meu peito, fazer com que elas saissem de lá correndo para serem livres e assim o mundo conhecesse a beleza delas. Sonho. Entretanto acredito que um dia poderei ser sincero comigo mesmo e admitir que... Que os sonhos podem ser reais... Mesmo em um mundo como esse, não deveria para de acreditar, mas as correntes da verdade são mais pesadas e fazem com que a mente se converta em luz que ilumina o sonho e extrai dele a razão e a lógica que ali estavam escondidas...
Enfim, ao ritmo das melodias modernas vamos vivendo, adquirindo e perdendo estados de humor e pensamentos para a vida que continua alheia em meio a esse mundo mascarado.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Cavalo e a Música VI

Marca que Faz Lembrar

A cicatriz manchada pelo tempo, hoje se renova e sangra novamente. Mas o que era para ser melancólico e triste, se transformou em doce e sutil, pois sangra contente o pobre que tem o peito rasgado pelas garras do leão ou as flechas dos arqueiros. Aquela marca lembra um passado de lutas e guerras, nas quais todos os homens deveriam passar para se tornar homens, então trás orgulho por ter sobrevivido e amadurecido com essa fase de sua vida que já passou. Ainda assim, sempre estará preparado para que as guerras cheguem novamente e sem medo irá enfrentar as armas do oponente sem dó nem piedade, porque ali no campo de batalha o que importa é ver o dia de amanhã nascer e saber que você ainda está respirando. As coisas as vezes não são o que parecem e o inimigo pode estar na cabana ao lado matando lentamente seu aliado que inocentemente confiou em quem agora o trai.
As armas estão guardadas, mas o estandarte do leão permanece fotografado em sua mente e lhe dá a segurança de que amanhã o dia será de paz. E quando chegarem aqueles dias pesados, de clima tenso e ventos densos, ele estará preparado para mais uma luta, em busca da felicidade. Esperemos até lá.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O Cavalo e a Música V

Opções da Verdade

Se sua voz pudesse atingir milhões de pessoas no mundo todo, o que você falaria? Se seus pensamentos tivessem a abrangencia que você sempre quis, você iria pensar? Se pudesse andar pelo passado, presente e futuro como se atravessa a rua, para onde você iria? Se tivesse de viver mais uma vez algum dia de sua vida, qual dia seria? Se conseguisse voar entre as nuvens, algum dia iria querer por os pés no chão? Se seus sonhos se tornassem realidade, você teria coragem de acordar? Se...
As perguntas se embaralham na mente e aparecem como a vida que floresce lá fora. Não existe mais nada que possa impedir que você venha surtar, jogar tudo pro alto e... E sei lá! Correr quem sabe? Se liberar de alguma maneira, deixar para trás todo esse mundo que o prende e dizer adeus à essas pesadas correntes que nos prendem à realidade. Ah se pudesse fazer as coisas ao meu bel prazer, viver com minha própria vontade e falar as palavras que o mundo não quer escutar. Queria não ser calado por poder pensar, falar a verdade em nome da verdade mesmo que isso magoe e destrua. Fazer as coisas as quais são certas sem ter que olhar a quem, e não ter medo que o amanhã venha à me castigar por agir sem pensar. Podia eu somente conseguir enxergar aquele passado distante para que mais uma vez pudesse sentir o que apenas me lembro de como era... Queria aqueles dias de volta, onde a pureza enfeitava nossas tardes e ao entardescer nós brincavamos com a inocência que em nós vivia. Queria poder olhar para o presente com os olhos e o coração do passado e ser compreendido por isso ao invés de reprimido e calado. Queria tantas coisas nas quais não me dizem respeito... Devia eu sentir menos do que sinto, mas não consigo me conter mesmo que meu rosto não responda mais à tais sentimentos por medo de ser explorado pelo mundo que é cruel. Não queria que o mundo me descobrisse, entretanto acho que se isso não acontecer minha vinda para a Terra será toda em vão, então é necessário que eu fique exposto àquilo que menos queria e tenha de enfrentar meus medos e meu destino mais uma vez. Para minha sorte posso contar com a ajuda das belas melodias que a humanidade fez e com elas ganho forças para continuar na sábia caminhada da vida. Afinal, mesmo que tenha tantas perguntas e desejos não posso desistir de meu destino cumprir...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Outra Pausa

Texto bonito que um amigo escreveu e tive de postar por aqui. Lindo texto Gabriel!


Estrambótico Branco


Finalmente volto a lucidez
Emergindo da loucura
Loucura simples de quem ama.
Uma névoa mística que embaralha a visão.

O sonho do futuro
Despedaçado em milhões de partes
A incerteza que volta com o pranto
A bela ilusão que deixa marcas na carne.

Ver a morte de pessoas não nascidas
As imagens do futuro tão vívidas
Desfocando e apagando-se

Mentiras sendo levadas ao vento
As lágrimas evaporando nesse inferno
A verdade finalmente se mostrando

Fraca
Irreal
Insuportável

Melo / 07.02.10

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pequena Pausa

Simplicidade

Os velhos e bons tempos ficaram para trás, hoje estão somente na memória de cada um e de lá não podem mais sair e viver. Tempos em que éramos felizes e não sabíamos, quando a inocência reinava em nossos corações e a malícia do mundo ainda estava adormecida aos nossos olhos. Tudo era muito simples e muito mais alegre, naqueles tempos parecia que as coisas tinham mais cor, mesmo que as fotos saíssem desbotadas. Não tínhamos a incerteza sobre o amanhã e a preocupação passava longe de nós, pois só queríamos nos divertir ao máximo. Bons tempos aqueles que gozávamos de uma liberdade limitada rejida pelos olhares rigorossos de nossos pais. Mas ainda assim, bons e felizes tempos onde as coisas era mais simples, as pessoas mais bondosas e o mundo maior do que nos parece hoje. Sei que nossos olhos não mudaram; o mundo mudou, evoluiu e cresceu, nós acompanhamos essa mudança muito de perto e ele nos moldou no que somos hoje. A diversidade de manias, gostos, estilos, concregações, crenças e até filosófias, explica o que o mundo se tornou. Ele é nosso reflexo? Diria o contrário, somos o reflexo do mundo. Afinal não foi quando éramos crianças que nós mudamos o mundo, muito pelo contrário, apenas vivemos no mundo no qual nossos pais nos deram. Fomos criados como fruto do mundo e hoje damos continuidade para algo que já vem de anos atrás... E assim vai ser sempre, com o ontem sendo mais valorizado do que o hoje e sempre lembrado e relembrado como uma época feliz, até porque foi feliz. Tomará que sejamos competentes o suficientes para não cometer os mesmos erros de nossos pais e consigamos criar um bom "ontem" para nossos filhos possam dizer: "Era o tempo em que eu era feliz e não sabia."

O Cavalo e a Música IV

A Velha Profecia I

A vida gira e corre incessante enquanto os ventos sopram sublimes pelos ares do outono. Lá ao longe naquela encosta, o mar faz com que suas ondas arrebentem contra as altas pedras que protegem a praia desde os tempos antigos. Uma fortaleza natural erguida pelas forças de algo que vai além de nossa compreensão... E é lá, na pedra mais alta daquela enseada que aquele homem está sentado apreciando a vista e a brisa que vem do mar. Queria eu saber o que aquele velho homem faz naquele perigoso lugar em uma hora dessas, afinal são seis horas da manhã e a névoa mal e mal começou à subir, na verdade não sei nem ao menos como consigo enxergá-lo daqui. Queria eu ter coragem de ir lá e apreciar essa beleza que apenas vejo de longe, poder ouvir o som das ondas batendo nas duras rochas que fazem com que as gotas d'agua sejam jogadas aos ventos.
Como se ouvisse uma voz, tive a sensação de quem alguém me chamava, mas não poderia ser verdade, afinal não havia ninguém ali além de mim e daquele homem que estava lá ao longe. Impossível de sua voz conseguir transparecer a névoa, a umidade e a distancia para chegar em meus ouvidos. Mas eu tinha a certeza de que alguém tivera dito para mim ir lá na ponta da enseada onde jazia aquele velho homem. Os ventos levemente começaram a soprar conforme eu ia me aproximando do extremo da enseada e entrando mar à dentro, era como se realmente algo me chamasse, podia sentir no peito uma sensação estranha e pulsava ali em tom de ansiedade um sentimento jamais experimentado antes. Ao chegar perto, pude ter a certeza de que se trava realmente de um velho homem, seus cabelos brancos lhe entregavam a idade, mas a postura era um jovem assim como eu. E mesmo sem que fizesse barulho ele disse com uma voz aveludada "Seja bem-vindo meu rapaz, esperava-te há tempos.". Não consegui entender do que se tratava, mas meu coração batia em um ritmo tão acelerado que parecia que iria explodir. Foi ali então que eu o reconheci...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O Cavalo e a Música III

Sometimes I feel alone... I feel that in the true, I was aways alone...

As paredes se fecham ao redor da mente e de si mesmo, fazendo com que o espirito claustrofóbico nasça e se espalhe por todo o corpo. Aquelas trevas estão se aproximando tão rápido, e meu corpo parece clamar tanto por elas que me leva a crer que fazem parte de mim. Tudo se revela aos poucos e a escuridão absorve toda a luz que ali havia, o brilho negro domina o ar e resplandesse pelos céus. As mãos tremem de medo, um medo que já o dominara uma vez, e com ele a certeza de que aquela era a única opção, era a maneira de dar um fim ao sofrimento eterno de uma existência. Entregar-se as trevas como antes já fizera, as sensações de frescor e aconchego o fazem não resistir a essa tentação... Mesmo que tão assustadora, fina, dura e gélida, essa sensação de ser dominado pelas trevas era ao mesmo tempo confortavel, acolhedora e prazerosa. Só quem viveu sabe, e quem não sabe, é porque não experimentou sua essência e sua forma absoluta, pois não há como se esquecer e nem menos diminuir sua maldade. Mas ao mesmo tempo... Ao mesmo tempo ela é a resposta, a chave para que tudo se liberte! Através da escuridão iremos encontrar um lugar no qual pertencemos. O misterio que ronda as brumas da vida, me impede de ir mais adiante na noite e as estrelas do céu não o deixam ser totalmente negro. Assim como ocorre comigo algo pequeno dentro de mim não permite com que me entregue as trevas que se aproximam, uma coisa que não sei o que é e da onde vem, mas é essa pequena fonte de luz que faz com que as mãos tremam de medo e o corpo se arripie quando vê que a imensidão negra está perto.
Sempre foi assim, sempre vai ser... Pois no final, na verdade verdadeira, na realidade alheia, todos sabem, eu sei, que estou sozinho afinal de contas. Aqueles que rodeiam se vão assim como vem e a importância que adquirem quando passam por mim apenas os fazem ir mais longe e a mim destrói aos poucos. Como em uma multidão que a cada esbarrão um pedaço de meu corpo se vai e a pessoa que passou fica mais forte... Uma multidão que não me é estranha... A fúnebre cena sem cor que meus olhos já presenciaram uma vez, entretanto não consigo me lembrar onde... E ao longe posso ver aquele ponto de luz que emana seu calor como se estivesse a centímetros de distancia... Acho que já tive essa Lembrança...