segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Um Bom Amigo, Uma Homenagem III

O Despertar de Uma Estrela: Fases da Lua

No céu os pequenos pontos luminosos faziam com que existisse alguma luz nos pensamentos do garoto, o resto era apenas escuridão. Ele fora acordado por um grito que ninguém deu, algo que sua mente simplesmente criou, mas podia jurar que o som viera de fora do seu quarto, do outro lado da rua, ou até mesmo do quarto de sua irmã, mas nunca de dentro da sua mente. "Não posso estar tão louco assim. Nem ao menos sono eu tenho, e aquele sonho... Aquele sonho foi estranho." Os pensamentos voavam pela janela a fora e o calor da noite de verão o fazia se revirar na cama até encontrar uma posição que o fizesse querer dormir. Entretanto havia algo na noite o deixava inquieto; aquela vizinhança sempre foi tão quieta, tão sem vida, que um grito como esse tiraria todos da rotina e com certeza os colocaria a fofocar sobre o fato na manhã seguinte. Era sempre assim que as coisas aconteciam, e por mais que o tempo passasse esses hábitos sem valor com certeza não mudariam. O mais estranho foi que não viu luzes sendo acesas nos predios vizinhos e nem ouviu vozes na rua. Normalmente após um grito sempre vinha uma sirene de ambulância, ou tiros, ou um choro, ou tudo junto. Tudo estava estranhamente calmo, porém isso realçava a possibilidade de ser apenas um daqueles sonhos em que se acorda com um susto.
Passaram-se alguns minutos e o sono não veio não importando como ele se remexia na cama. Uma parte sua estava preocupada com a garota do grito, a outra queria apenas descansar, dormir e esperar pelo longo dia que estava por vir. Mesmo assim deu um salto silencioso para fora da cama, em direção a janela entre aberta do quarto. Lá embaixo a noite soprava um vento morno tipico do verão e as sombras das poucas árvores dançavam em um farfalhar de folhas secas. Além disso nenhum movimento ou luz era visto na quadra inteira. Virou-se em direção da porta e por um segundo seu corpo estremeceu, um formigamento gélido explodiu dentro dele fazendo tanto suas pernas como braços tremerem de medo. Havia esquecido que sua irmã dormia no quarto ao lado. Aquele grito poderia muito bem ter vindo do quarto dela e sabe-se lá o que estaria acontecendo.
Ao ir em direção do quarto da irmã o medo lhe envolveu como uma amante pelas costas e travando seus movimentos mais simples e gosto de bile logo veio a boca. O sabor do medo pensou ele caminhando lentamente pelo corredor. Ao colocar a mão sobre a maçaneta do quarto da irmã o terror o engoliu, e o estomago deu um nó. Hesitou por um momento, mas no seguinte abriu a porta bruscamente empurrando-a totalmente para trás quase em contato com a parede.
A meia irmã dormia um sono profundo, embora estivesse claramente incomodada pelo calor da noite. Os lençóis caiam da cama e espalhavam-se pelo quarto. No canto do quarto, perto de uma janela aberta, o velho ventilador girava as abas lentamente, enquanto o vento morno da noite adentrava o quarto e o abafava. O jovem avançou e tomou os lençóis na mão para colocá-los em uma cadeira próxima, afinal ele sabia que no dia seguinte quem iria ter de lavá-los era ele próprio. Ia em direção da porta quando ouviu um som metálico seguido de um abafado estrondo no chão, como se algo tivesse caído. Em um instante debruçou-se pela janela tentando ver o que era aquele barulho, mas a rua continuava deserta, sem nenhum sinal de pessoas. Sentei algo se mover às suas costas e ao virar ouviu.

- O que diabos você está fazendo no meu quarto a essa hora? - a irmã havia de alguma maneira acordado e estava de pé em sua frente com uma expressão nada amigável - Ficou louco Eliot?
- Não... Eu apenas... Ouvi um grito e vim ver se algo tinha acontecido com você. - embora fosse verdade, a frase soou como uma desculpa inventada na hora, uma mentira qualquer para agradar a garota.
- Um grito é? Bem, nada aconteceu comigo, a única coisa que me assustou foi ver você com meio corpo para fora da janela... - o garoto não pode evitar de olhar que a alça esquerda do pijama dela caiu do ombro  enquanto falava.
- Eliot está tudo bem, o grito deve ter sido no seu sonho, nada além disso. Está sonhando comigo por acaso? Que tipos de sonhos você está tendo heim? - os olhos verdes de Lina brilharam perversos, assim como os olhos de um gato brilham com o luar. A garota adorava provocá-lo e depois zombaria da sua inocência como já havia feito tantas e tantas vezes antes.
- É pode ter sido um sonho... Vou voltar e tentar dormir - concordou com ela, embora não tivesse tanta certeza como assim afirmara.
- Boa noite Eliot. Amanhã será um longo dia, tanto para mim como para você.
- É eu sei. Boa noite Lina.

De volta ao seu quarto deitou na cama e ficou olhando para o teto branco, pensando se realmente fora apenas um sonho. Fechou os olhos e tentou dormir mais uma vez, afinal Lina estava certa quanto ao dia de amanhã e ele precisaria estar descansado, pois amanhã seria seu primeiro dia de faculdade, uma nova rotina e novas pessoas para conhecer, um novo mundo por assim dizer. Dessa vez dormiu; sonhou com uma menina de vestido branco que segurava um terço de mogno, com o padre Leomore da igreja de seus pais, com os olhos verdes de Lina, com a nova faculdade, com um garoto pequeno com um brasão estampado na camiseta que chorava sem motivo, com os antigos colegas de escola e com muitas outras coisas que não conseguia se lembrar ao acordar, entretanto ao sentar-se na cama recordou-se de uma fraca voz que ouviu nos sonhos, uma voz feminina que chamava seu nome baixinho "Eliot" ela dizia, embora não pudesse lembrar em que parte dos sonhos havia escutado a menina, o som da voz dela ainda era fresco em sua memória enquanto as imagens iam desaparecendo lentamente da mente. Levantou-se com preguiça da cama e seu momento de reflexão foi interrompido quando a meia irmã entrou no quarto para acordá-lo.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Eco de passagem

Um deserto, águas paradas, calmo como uma cidade abandonada.
É... faz tempo que não passo por esse lugar aqui... Nostalgico, mas revigoroso voltar para cá, sinto-me em casa. Como se eu fosse o filho que estivesse voltando, recordando os anos, e limpando a poeira dos móveis na velha casa a muito abandonada. Cada comodo, cada parede, uma lembrança, um sorriso, uma risada incontrolavel e várias imagens envelhecidas pelo tempo.
Bom, impossível não dizer que tenho saudades de escrever, mas com o avanço dos anos, o tempo que antes havia de sobra, hoje daria muito para tê-lo de volta. Não que isso sirva efetivamente como desculpa, pois tenho tempo livre sim, entretanto não mais aquela vontade incontrolável de por em palavras o que vem a mente como pensamentos alheios e aleatórios. Falta a vontade e não os pensamentos, porque por muitas vezes me pego pensando em textos e histórias novas para por no papel, ou até velhas histórias que vivem em minha mente, mas não saem do papel por preguiça e falta de vontade de para e escrever. Tenho o objetivo de aos poucos voltar a escrever, nem que sejam pequenos texticulos semanais ou coisas do genero. Ainda quero colocar no papel minha obra mental mais complexa e desenvolve-la ao extremo, a história de um anão em um mundo muito parecido com o real em seus tempos medievais, porém com um toque do fanstástico. Esse ano ao menos um capitulo de sua história eu predendo escrever, vou tentar me organizar para alcançar os objetivos traçados e quem sabe se houverem leitores, não os descepcionar.
Sinto como se nessa minha vinda aqui, passasse comodo à comodo dessa antiga casa, embora não tenha nem visto o site direito e pulado diretamente para a página de postagem, e ao fazer isso volta em mim o velho prazer de escrever e escrever sem a intenção de parar, como se houvesse mil palavras a ser escritas nessas linhas infinitas e eu realmente não ligo se não houver sentido algum nelas. Os filhos que gero aqui não crescem, mas envelhecem e se eternizam em palavras esquecidas e antigas, embora em cada um deles eu possa sentir um coração pulsante que dá a sensação de vida as inúmeras linhas e linhas que estão registradas.
Foi uma boa escolha afinal. Fazer essa leve passagem, para registrar um momento alheio e o desejo e continuar essa paixão que tenho pelas letras, mas que aos olhos de quem já leu, eu adianto que nunca estive parado! Alimento minha gana com palavras e histórias de outros autores e a fome por mais histórias e fantasias nunca é saciada, muito pelo contrário aumenta cada vez mais e mais.