terça-feira, 13 de setembro de 2011

The King of Montain

The King of Montain
The end has begun

Das loucuras de uma mente solitária retirasse a vida que ainda sopra por entre os pensamentos e deixa-se perecer o corpo pesado e imóvel. Todos os dias que viveu se foram pelas águas que descem serra abaixo, correndo e correndo, ligeiras e frias como um dia ele fora. O rei se foi e de seu império apenas sobraram os escombros do que ele construiu com as próprias mãos. Em cada pedra levantada tinha a benção do sangue do rei, e assim a cidade era sua, ele era ela e estava tudo vivo, tudo junto e unido. Entretanto o inverno havia de chegar e assim as rajadas de neve vindas da Sibéria puzeram toda aquela fé em teste. Não tardou para que o frio culminasse os lares dos cidadãos, pois nem o fogo tinha mais calor para aquecer as peles enrijecidas pelo gelo. Era como se o Império todo recaísse sobre uma maldição, fazendo com que os homens não pudessem mais ter a água que antes o abundava, uma vez que os lagos tornaram-se imensas pistas de gelo liso. Um gelo tão lindo e limpo que refletia a imagem dos que chegassem perto e por vezes notara-se dois Sóis no horizonte vermelho.
Tanto fogo e calor havia para além daquela terra, mas ali nada penetrava se não o frio que vinha do norte. Implacável, temível e mortal. O rei via seu povo morrer dia após dia e perecia sua maior criação sem que nem ao menos ele pudesse agir. Conseguia sentir que aos poucos ele também morria, mas não poderia simplesmente deixar para trás o que conquistara com seu esforço e suor, nem mesmo ele podia ser tão cruel. Devia ele ter de permanecer ali até o último de seus dias, o rei da montanha não poderia jamais deixar seu castelo. Ele não pode perder para o frio, para o infernal inverno! Jamais! Sua honra seria manchada na história e relembrada até o fim dos tempos. Seu castelo em gelo fora tomado, o frio era um inimigo que não tinha piedade e que nem o fogo conseguia enfrentar. Seu exercito se foi para terras quentes e até sua Guarda Real havia congelado. O reino pairava em silêncio e seus mortos jaziam em gelo, apenas o rei vivia, sentado em seu trono à espera de seu carrasco. Eis que passos surgem no salão cobertos pela névoa gelada que circundava o Império todo. Subia pelos degraus em passos curtos e silenciosos uma mulher alta vestida de azul e branco... Adentrava a sala do trono, a Rainha do Gelo...   

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Um Bom Amigo, Uma Homenagem

O Despertar de Uma Estrela
Parte 1

Era uma noite como outra qualquer, o céu, as estrelas, a lua e o vento do inverno. Tudo como sempre foi, tudo como sempre esteve. Ou pelo menos era assim que ele lembrava que era: tudo pacato, tudo sempre igual e as mesmas pessoas que por vezes se alternavam, trocando seus rostos e gostos, mas no fundo todas elas possuíam a mesma essência.
Pela janela de seu quarto entrava a luz do luar que criava desenhos abstratos nas paredes brancas e no teto. O movimento das árvores dava vida a suas sombras e o ritmo lento do assovio do vento fazia com que a cena tivesse até trilha sonora. Já passava longe das vinte e três horas e amanhã ele teria que ir até a igreja, a final os últimos dias tinham lhe tirado toda a vitalidade e isso só poderia recuperar em pleno silêncio, orando para seu Senhor. Ainda mais que tivera digo a ela que iria encontrá-la para que saíssem depois, ou seja, teria mesmo que acordar cedo no sábado. Entretanto o medo penetrava-lhe o esqueleto ao lembrar do sonho que acabara de ter. Ele segurava uma espada grande e pesada com adornos prateados e pequenos cristais azul turquesa, o sangue escorria pela lâmina em um vermelho escarlate que exalava um odor forte de ferro. Aquele não era ele, não podia ser! Jamais iria brandir uma espada contra alguém! Quem dirá ferir alguém para sangrar tanto! Ao seu redor a escuridão o dominava e lentamente seus olhos começavam a enxergar o lugar onde estava. Embora as lembranças do sonho fossem embaçadas e difíceis de recordar, a sensação de aflição agora permeava no peito tal como no sonho. Seus olhos se voltavam para o teto do lugar e as pinturas dos anjos lutando contra os demônios do Inferno pulavam para cima dele como se estivessem vivas de tão amedrontadoras. Seu corpo tremia e suava frio com o desespero de não entender nada. Ele fechou os olhos para tentar lembrar-se mais daquele pesadelo e sem querer acabou por adormecer por alguns segundos... Agora estava dentro de seu sonho, vivenciava-o mais uma vez, embora pensasse que eram apenas lembranças. Dessa vez reconheceu os bancos da Igreja; alguns estavam estilhaçados, outros quebrados e jogados para os cantos do salão como se tivessem sido arremeçados por algo ou alguém muito forte. Mas os que lhe chamavam a atenção eram os mais próximos dele, pois esses estavam cobertos de sangue e o cheiro de ferro ardia forte em seu nariz. Ao olhar para o chão ao lado do banco seus olhos esbranquiçaram, a espada bateu forte no chão e o som do metal cortou o silêncio como uma foice rasga o ar. Não podia acreditar, não podia continuar olhando para aquilo, ele não podia, não! Simplesmente NÃO!
O garoto acorda com um grito que ecoou na noite e tocou seus ouvidos com a clareza de como tivesse sido proferido ao seu lado: Elioooooot!! Em algum lugar essa voz feminina chamava por ele...