Todos Temos Asas
E quando o mundo recomeça a girar o sentido se põe em prumo novamente. Assim se faz a vida. Enquanto todos acham que o céu é o limite, eu descubro o universo. Eles procuram estar nas nuvens enquanto me torno um caçador de estrelas. O universo me fascina, admito, porém nem sempre pude estar nas alturas para observá-lo de perto, pois a linha da vida que nos conduz como meros fantoches nem sempre libera nossas asas para voar. Por vezes até me ponho a crer que de fato as coisas acontecem de formas certas, entretanto de modos estranhos, e a coisa toda vai funcionando bem, plenamente bem. A mente se liberta das correntes humanas aos poucos e vai ficando robusta com o tempo, é o que chamam de evolução. Uma evolução neural que pode ser levada à outro nível de vida, outro nível de percepção do todo que é a Terra em si. Livrar-se do animal que nos prende e deixar com que a alma (ou seja lá como você cre que seja) tome conta e mostre-te algo aquém do que vê no dia-a-dia morbido, algo diferente do cotidiano. Os olhos ainda serão os mesmo, mas com um brilho diferente. A luz das estrelas espelhar-se-á na face da iris, banhando-a com uma cor que somente a natureza seria capaz de criar, algo que todos irão perceber mesmo sem saber do que se trata. O céu ficará livre, assim como os mares e onde quer que queira explorar, porque o pensamento voa rápido e colore as paredes da mente nas cores do pôr-do-sol.
Tudo se repete sabia? Tudo é feito de circulos, até mesmo os planetas. Mesmo que não acredistes, pois não o forçarei a crer no que escrevo, nem que siga o que falo, apenas digo-te para que lembres bem de cada palavra, porque quando estivermos lá na frente quero te ver lembrar que uma vez eu já havia profetizado as realidades nas quais negastes. De alguma maneira, posso ouvir as vozes dos ventos e sentir o que a terra tem a dizer sobre o futuro que virá. Ou ainda consigo ler a lingua simples dos livros do destino, onde está explicita toda a lógica fula da sociedade, afinal ainda somos animais, somos macacos. Sendo assim, tudo não se passa e não se limita em algo diferente do que já aconteceu, somente as pessoas mudam, os fatos ficam e ficam por muito tempo... Enfim, a mente se transformou em algo que decolou um alta velocidade, livrando-se das correntes mortais que a prendiam na ignorancia da humanidade e voou para um lugar no qual tenho certeza que já estive, mas que não lembro ter vivido... Provavelmente algo parecido com Alkazam, que já descrevi uma vez.
Os pensamentos que a mente já não mais suporta ter são passados adiante para que alguém mais possa ver que a loucura não pertence há uma só pessoa...
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Série: O Quarto Onde o Dia Nunca Nasceu
O Quarto Onde o Dia Nunca Nasceu
Parte 2 de 2
Queria ter nascido desenho animado, para viver 12 ou 13 episódios, uma ou duas temporadas quem sabe mais, isso não importa, pois iria a felicidade de cada episódio e morrer sem deixar de existir quando chegasse ao fim da história. Reviveria a cada "play" que alguém desse e saberia que apenas as alegrias da fantasia estariam à minha espera, porque não teria de me preocupar com as incertezas do mundo e tudo acabaria bem no final... Ou se não haveria outra temporada. Teria uma aventura, uma paixão e conheceria o verdadeiro significado da palavra amor, com algo inocente e sem duplos sentidos, tão puro que transpareceria da humanidade que temos em nosso seio. Teria uma vida de aventuras, batalhas, romances e até mesmo mágia! Teria de fato algo à chamar de vida. Creio que assim minha alma se acalmaria, sentiria-me satisfeito por fim, sem esse vazio que consome a cada dia a inutilidade de objetivos fulos e sem profundidade, sem razão, sem importância.
Venceria por fim meu maior inimigo, não teria que ver ele tirar aqueles que amo sem piedade e também por ao léu minhas tão preciosas lembranças, venceria o tempo. Iria viver e morrer como se nada tivesse acontecido, pois estaria vivo para sempre na mente alheia que por gerações tocariam seus olhos em meu sorriso através do monitor. A vida da animação, do personagem, a minha vida, iria fluir pela tela e o espectador sentiria em seu peito a beleza dos sentimentos e quem sabe até entender um pouco do que se trata essa existência que chamamos de vida. Assim como eu faço agora. Busco mais do que simplesmente viver. Busco o que está além, a aventura de uma vida, as loucuras de fato loucas que se pode fazer e tentar descobrir o quão não-animal é isso que chamamos de amor. Algo que vai além do corpo, que acalenta a alma e não o corpo, que te faz descansar em braços cheios de plenitude onde não sentes mais seu interior pulsando e implorando por ser ouvido. Busco em mim mesmo a não humanidade, a intelectualidade que temos, sem se entregar ao instinto do carnal, sem se entregar ao animal que reside em nosso peito; tento controlar essa selvageria que meu corpo possuí.
Por fim tudo seria mais belo, mas vibrante e empolgante. Seria algo que de fato conheço por vida, mesmo que seja somente em minha imaginação. Continuarei aqui em meu quarto procurando por alguma coisa motivo ou razão que possa satisfazer totalmente esse desejo que impregna meu eu de tal forma que por vezes mergulho na escuridão das sombras da lua. O quarto ainda me acolhe e aqui é o lugar onde as reflexões conseguem chegar o mais próximo do que seria esse sentir a vida que tanto me fascina. Pois aqui consigo sentir a energia, por assim dizer, que circunda o mundo e faz as coisas acontecerem... Aqui da janela de meu quarto... O mundo ainda gira quando chega o fim e os créditos da nossa vida vem à tela do monitor...
Clique Aqui para ler a parte 1!
Parte 2 de 2
Queria ter nascido desenho animado, para viver 12 ou 13 episódios, uma ou duas temporadas quem sabe mais, isso não importa, pois iria a felicidade de cada episódio e morrer sem deixar de existir quando chegasse ao fim da história. Reviveria a cada "play" que alguém desse e saberia que apenas as alegrias da fantasia estariam à minha espera, porque não teria de me preocupar com as incertezas do mundo e tudo acabaria bem no final... Ou se não haveria outra temporada. Teria uma aventura, uma paixão e conheceria o verdadeiro significado da palavra amor, com algo inocente e sem duplos sentidos, tão puro que transpareceria da humanidade que temos em nosso seio. Teria uma vida de aventuras, batalhas, romances e até mesmo mágia! Teria de fato algo à chamar de vida. Creio que assim minha alma se acalmaria, sentiria-me satisfeito por fim, sem esse vazio que consome a cada dia a inutilidade de objetivos fulos e sem profundidade, sem razão, sem importância.
Venceria por fim meu maior inimigo, não teria que ver ele tirar aqueles que amo sem piedade e também por ao léu minhas tão preciosas lembranças, venceria o tempo. Iria viver e morrer como se nada tivesse acontecido, pois estaria vivo para sempre na mente alheia que por gerações tocariam seus olhos em meu sorriso através do monitor. A vida da animação, do personagem, a minha vida, iria fluir pela tela e o espectador sentiria em seu peito a beleza dos sentimentos e quem sabe até entender um pouco do que se trata essa existência que chamamos de vida. Assim como eu faço agora. Busco mais do que simplesmente viver. Busco o que está além, a aventura de uma vida, as loucuras de fato loucas que se pode fazer e tentar descobrir o quão não-animal é isso que chamamos de amor. Algo que vai além do corpo, que acalenta a alma e não o corpo, que te faz descansar em braços cheios de plenitude onde não sentes mais seu interior pulsando e implorando por ser ouvido. Busco em mim mesmo a não humanidade, a intelectualidade que temos, sem se entregar ao instinto do carnal, sem se entregar ao animal que reside em nosso peito; tento controlar essa selvageria que meu corpo possuí.
Por fim tudo seria mais belo, mas vibrante e empolgante. Seria algo que de fato conheço por vida, mesmo que seja somente em minha imaginação. Continuarei aqui em meu quarto procurando por alguma coisa motivo ou razão que possa satisfazer totalmente esse desejo que impregna meu eu de tal forma que por vezes mergulho na escuridão das sombras da lua. O quarto ainda me acolhe e aqui é o lugar onde as reflexões conseguem chegar o mais próximo do que seria esse sentir a vida que tanto me fascina. Pois aqui consigo sentir a energia, por assim dizer, que circunda o mundo e faz as coisas acontecerem... Aqui da janela de meu quarto... O mundo ainda gira quando chega o fim e os créditos da nossa vida vem à tela do monitor...
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Série: O Quarto Onde o Dia Nunca Nasceu
O Quarto Onde o Dia Nunca Nasceu
Parte 1 de 2
Quando escolhi esse cômodo, nunca imaginei que ele se tornaria tão frio, tão escuro e por vezes tão sinistro. Não fazia idéia de que o sol não reinava aqui e que as sombras já haviam tomado conta dele muito antes de eu chegar, e não sabendo de nada disso eu o escolhi. Eu, o escolhi. Foi assim que as coisas aconteceram, foi assim que tudo do que me lembro aconteceu e aconteceu aqui neste quarto. Já troquei as coisas de lugar movendo tudo o que podia para um lado e para o outro, sempre tentando encontrar a melhor maneira de me acomodar, uma vez quase pintei as paredes com desenhos em giz de cera, já tive os mais diversos quadros e até adereços no teto. Já vivi muito aqui. Do que me lembro foram dez anos de vida que se passaram desde que cheguei, e em nenhuma vez, nem a lua nem o sol vieram me visitar... Houve uma vez que pensei que pudesse ser o sol, e quando pela janela (ah a janela...) olhei vi que era apenas o reflexo de seus raios que batiam no edificio lá adiante do outro lado da rua. Quem normalmente vem me acolher é o crepusculo, o entardecer. Sempre sombrio e calmo, respirando do seu vento que tudo acalma e que faz com que minha alma fique tão inquieta que sinto-a estremecer me pedindo algo que não sei o que é. O deprecivo cair da noite, quando as luzes se apagam e os postes ascendem suas lampadas mais deprimentes ainda, que com seu brilho triste iluminam a rua em tom de melancolia.
Tudo isso e mais um pouco, vi do meu quarto, de minha janela. Anos passaram e a paisagem pouco se modificou, mas aquele garoto lá vivia cresceu sempre com seus sonhos voando alto pelo céu que pudera ver dali onde estava. Quantas histórias já aconteceram, quantas pessoas já não estiveram aqui, e quantos sentimentos alegrias e tristesas... Nossa, foram dez anos afinal. Dez anos em que muitos e muitos amigos passaram por aqui, muitas pessoas que daqui eu conheci. Só essas paredes sabem de tudo o que houve, pois nelas estão as marcas de cada fato de cada acontecimento. As lagrímas que caíram, os gritos que ecoaram, as verdades que foram lançadas ao ar, os desabafos suspirados e as brincadeiras que ressoaram com o riso. Tantas e tantas memórias... Hoje todas elas estão perdidas pelas sombras que aqui ficaram, pois a solitão fria volta a sua casa e repousa ao meu lado, nua e bela sob o reflexo da noite. Seu abraço gélido me faz suspirar e expõe meu verdadeiro eu de modo que não tenho como não deixar-me possuir, porque ela e somente ela sabe o quão dócil e fraco sou. As forças que um dia tive para aguentar as vezes que ela me chamava, agora já estão longe demais para que eu possa pensar em não ter sua companhia. Sinto o seu corpo me abraçar, me confortar e faz delirar em loucura viva e profunda nos parapeitos da mente, onde ameaço cair no mais puro lago de insanidade. Meus pensamentos fantaseiam um mundo no qual eu sei não existir, mas que sempre sinto já ter vivido, como um salto temporal onde existia aquilo que me acalmava e deixava com que a alma descançasse. Não entendo esse mundo, essa realidade.
Dos passos que dou em vão pela casa toda com o pensamento longe tentando encontrar um motivo, um alguém ou qualquer coisa que me faça estar satisfeito, pois não sei mais o que faço com essa vontade louca, com essa saudade de algo que eu nunca vi; desses passos não tiro nada, nenhuma conclusão. Apenas vejo minhas lembranças estampadas nas paredes da casa me lembrando que não voltaram, e que a vida fui deixando para trás sem piedade nem responsabilidade, muito menos coragem para proferir as palavras que marcariam elas não só em mim, mas em quem me acompanhava. Queria que pudessem sentir o mesmo, essa fervura no peito que faz com que me dê o desejo de relembrarmos juntos esses tempos e por eles viver mais e mais....
Parte 1 de 2
Quando escolhi esse cômodo, nunca imaginei que ele se tornaria tão frio, tão escuro e por vezes tão sinistro. Não fazia idéia de que o sol não reinava aqui e que as sombras já haviam tomado conta dele muito antes de eu chegar, e não sabendo de nada disso eu o escolhi. Eu, o escolhi. Foi assim que as coisas aconteceram, foi assim que tudo do que me lembro aconteceu e aconteceu aqui neste quarto. Já troquei as coisas de lugar movendo tudo o que podia para um lado e para o outro, sempre tentando encontrar a melhor maneira de me acomodar, uma vez quase pintei as paredes com desenhos em giz de cera, já tive os mais diversos quadros e até adereços no teto. Já vivi muito aqui. Do que me lembro foram dez anos de vida que se passaram desde que cheguei, e em nenhuma vez, nem a lua nem o sol vieram me visitar... Houve uma vez que pensei que pudesse ser o sol, e quando pela janela (ah a janela...) olhei vi que era apenas o reflexo de seus raios que batiam no edificio lá adiante do outro lado da rua. Quem normalmente vem me acolher é o crepusculo, o entardecer. Sempre sombrio e calmo, respirando do seu vento que tudo acalma e que faz com que minha alma fique tão inquieta que sinto-a estremecer me pedindo algo que não sei o que é. O deprecivo cair da noite, quando as luzes se apagam e os postes ascendem suas lampadas mais deprimentes ainda, que com seu brilho triste iluminam a rua em tom de melancolia.
Tudo isso e mais um pouco, vi do meu quarto, de minha janela. Anos passaram e a paisagem pouco se modificou, mas aquele garoto lá vivia cresceu sempre com seus sonhos voando alto pelo céu que pudera ver dali onde estava. Quantas histórias já aconteceram, quantas pessoas já não estiveram aqui, e quantos sentimentos alegrias e tristesas... Nossa, foram dez anos afinal. Dez anos em que muitos e muitos amigos passaram por aqui, muitas pessoas que daqui eu conheci. Só essas paredes sabem de tudo o que houve, pois nelas estão as marcas de cada fato de cada acontecimento. As lagrímas que caíram, os gritos que ecoaram, as verdades que foram lançadas ao ar, os desabafos suspirados e as brincadeiras que ressoaram com o riso. Tantas e tantas memórias... Hoje todas elas estão perdidas pelas sombras que aqui ficaram, pois a solitão fria volta a sua casa e repousa ao meu lado, nua e bela sob o reflexo da noite. Seu abraço gélido me faz suspirar e expõe meu verdadeiro eu de modo que não tenho como não deixar-me possuir, porque ela e somente ela sabe o quão dócil e fraco sou. As forças que um dia tive para aguentar as vezes que ela me chamava, agora já estão longe demais para que eu possa pensar em não ter sua companhia. Sinto o seu corpo me abraçar, me confortar e faz delirar em loucura viva e profunda nos parapeitos da mente, onde ameaço cair no mais puro lago de insanidade. Meus pensamentos fantaseiam um mundo no qual eu sei não existir, mas que sempre sinto já ter vivido, como um salto temporal onde existia aquilo que me acalmava e deixava com que a alma descançasse. Não entendo esse mundo, essa realidade.
Dos passos que dou em vão pela casa toda com o pensamento longe tentando encontrar um motivo, um alguém ou qualquer coisa que me faça estar satisfeito, pois não sei mais o que faço com essa vontade louca, com essa saudade de algo que eu nunca vi; desses passos não tiro nada, nenhuma conclusão. Apenas vejo minhas lembranças estampadas nas paredes da casa me lembrando que não voltaram, e que a vida fui deixando para trás sem piedade nem responsabilidade, muito menos coragem para proferir as palavras que marcariam elas não só em mim, mas em quem me acompanhava. Queria que pudessem sentir o mesmo, essa fervura no peito que faz com que me dê o desejo de relembrarmos juntos esses tempos e por eles viver mais e mais....
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Infernos Cósmicos
As Muralhas do Outro Mundo
Meus pés já tocaram o solo árido do inferno, cai naquele lugar e de lá voltei mais forte. Conheci a mais profunda escuridão, bebi da água vermelha dos rios do além-mundo, fiz lá um pouco de tudo e me revoltei! A cada dia que passava aquelas chamas negras dançavam em meu corpo que se contorcia em dores; a dor vinha de dentro para fora e fazia com que o peito abrisse em lágrimas quentes. De dentro de mim mesmo podia-se ver que algo incandescente vivia e morria ali a cada segundo, e sangrava um liquido denso e escuro que anos depois fui descobrir que era a mais pura treva. Sucumbi dentre as rochas frias procurando encontrar alguma razão que ocupasse aquela lacuna na qual ela deixara, mas encontrei apenas poeira cósmica de páginas apagadas da memória. O ferimento de espada que cruzou meu ser, pulsava tão forte, tão vivido, tão recente que não parecia ter sido feito pelas mãos de uma mulher. Aquilo ainda sangrava lentamente e aos poucos a bela cicatriz ia se formando conforme passava o tempo ali no inferno. Afundei-me na lava da loucura procurando pela minha sanidade que há muito tivera perdido, ardia-me o rosto, o corpo e até mesmo a alma, entretanto sabia que no fundo daquele poço fervente estaria a chave que me libertaria do inferno.
Durante todos aqueles anos que vivi lá, não parei de pensar um dia sequer, assim a mente mantinha-se ocupada em viver mesmo que o corpo estivesse parado ou sendo punido por erros que nem meus eram, mas não me importava mais. Tudo que uma vez foi minha carne, eu sei, não me pertencia mais, pois nunca eu de carne fui. Então pra que preocupar-me com o estado desse corpo se a mente se perdia em um distante oceano lá nos confins do inferno? Quando finalmente encontrei as respostas para as questões que me aflingiam, pude eu então renascer para o mundo material! Não sabia, não tinha percebido e nem envelhecido como tal, mas os anos que vivi no submundo equivaliam à apenas um mero ano. Consegui assim evoluir a mente para um estado que nunca antes tivera visto e aquela pessoa de martir passou a admirável e uma questão de eras vividas por um viajante astral. Naquele tempo todo que lá vivi, conheci muita gente e muitos lugares, fui até o mais distante ponto do mundo, onde as águas são calmas e quentes, mas também fui até o mais alto pico que existe onde minha alma se transformou em gelo e por detalhe não esqueci-me de quem eu era. Viagens infinitas pelo universo iluminado e pelos mundos virgens do espaço, entretanto sempre carregava aquela chama negra que matava e renascia em meu eu aquele momento em que o peito me cortaram... Aprendi muito, vivi muito mesmo sem viver nada.
Renasci, voltei das cinzas do inferno para um mundo no qual eu não sabia que havia então mudado, me perdi em sua beleza e nesse sonho louco adormeci durante dois outros anos... Hoje enfim volto para o que restou de mim aqui nesse mundo no qual jugam ser o real. Usarei tudo o que um vi ou vivi para conseguir ir mais além e encontrar a pessoa na qual eu perdi há séculos atrás... Ainda ei de encontrar, nem que pelos infernos mais uma vez eu tenha de passar!
Meus pés já tocaram o solo árido do inferno, cai naquele lugar e de lá voltei mais forte. Conheci a mais profunda escuridão, bebi da água vermelha dos rios do além-mundo, fiz lá um pouco de tudo e me revoltei! A cada dia que passava aquelas chamas negras dançavam em meu corpo que se contorcia em dores; a dor vinha de dentro para fora e fazia com que o peito abrisse em lágrimas quentes. De dentro de mim mesmo podia-se ver que algo incandescente vivia e morria ali a cada segundo, e sangrava um liquido denso e escuro que anos depois fui descobrir que era a mais pura treva. Sucumbi dentre as rochas frias procurando encontrar alguma razão que ocupasse aquela lacuna na qual ela deixara, mas encontrei apenas poeira cósmica de páginas apagadas da memória. O ferimento de espada que cruzou meu ser, pulsava tão forte, tão vivido, tão recente que não parecia ter sido feito pelas mãos de uma mulher. Aquilo ainda sangrava lentamente e aos poucos a bela cicatriz ia se formando conforme passava o tempo ali no inferno. Afundei-me na lava da loucura procurando pela minha sanidade que há muito tivera perdido, ardia-me o rosto, o corpo e até mesmo a alma, entretanto sabia que no fundo daquele poço fervente estaria a chave que me libertaria do inferno.
Durante todos aqueles anos que vivi lá, não parei de pensar um dia sequer, assim a mente mantinha-se ocupada em viver mesmo que o corpo estivesse parado ou sendo punido por erros que nem meus eram, mas não me importava mais. Tudo que uma vez foi minha carne, eu sei, não me pertencia mais, pois nunca eu de carne fui. Então pra que preocupar-me com o estado desse corpo se a mente se perdia em um distante oceano lá nos confins do inferno? Quando finalmente encontrei as respostas para as questões que me aflingiam, pude eu então renascer para o mundo material! Não sabia, não tinha percebido e nem envelhecido como tal, mas os anos que vivi no submundo equivaliam à apenas um mero ano. Consegui assim evoluir a mente para um estado que nunca antes tivera visto e aquela pessoa de martir passou a admirável e uma questão de eras vividas por um viajante astral. Naquele tempo todo que lá vivi, conheci muita gente e muitos lugares, fui até o mais distante ponto do mundo, onde as águas são calmas e quentes, mas também fui até o mais alto pico que existe onde minha alma se transformou em gelo e por detalhe não esqueci-me de quem eu era. Viagens infinitas pelo universo iluminado e pelos mundos virgens do espaço, entretanto sempre carregava aquela chama negra que matava e renascia em meu eu aquele momento em que o peito me cortaram... Aprendi muito, vivi muito mesmo sem viver nada.
Renasci, voltei das cinzas do inferno para um mundo no qual eu não sabia que havia então mudado, me perdi em sua beleza e nesse sonho louco adormeci durante dois outros anos... Hoje enfim volto para o que restou de mim aqui nesse mundo no qual jugam ser o real. Usarei tudo o que um vi ou vivi para conseguir ir mais além e encontrar a pessoa na qual eu perdi há séculos atrás... Ainda ei de encontrar, nem que pelos infernos mais uma vez eu tenha de passar!
Minha Ilha...Meu lar...
Estrelas da Vida
O mundo nunca brilhou de verdade, nem hoje nem nos tempos em que a luz que existia provinha de velas. Tudo sempre foi escuro e denso como uma floresta. Onde o vento ressoava pelas árvores e as copas dançavam em seu ritmo calmo e delicado. Há tempos atrás respirávamos vida onde quer que estivéssemos, a natureza em si fluía como as ondas que correm para a beira-mar. Podíamos nos perder na neblina a acabar encontrando um outro lugar, tão maravilhoso que a imaginação não consegue criar imagens nas quais sejam semelhantes. Vivíamos intensamente, livres e sem qualquer preocupação, ouvindo o som longínquo das gaitas do norte que ecoavam pelas montanhas verdes e virgens. Sob o céu iluminado com as luzes da vida éramos felizes e corríamos com o gamo pelos campos do mundo à fora. A noite acolhia à todos nós e nos dava o dom da vida como se descesse do céu a energia que ligava os mundos, passando pelo nosso corpo e entrando em sincronia com a terra pulsante.
Hoje as coisas se tornaram cinzas, as brumas não existem mais e as crenças emburrecem. Somos o que somos e o sistema que criamos nos controla impiedosamente. A liberdade nos foi tirada e levada pelos ventos que sopram em direção à ilha esquecida. Nem mais o céu mostra seu sorriso de estrelas jovens e as lágrimas do meu eu caem no vão temporal do aqui e agora. Ah como quero voltar para aquele lugar que um dia chamei de lar... Lá na ilha onde o sol colore os céus e toca aquele som de harpa que calma e relaxa. Quero voltar para o meu lar no além mar...
O mundo nunca brilhou de verdade, nem hoje nem nos tempos em que a luz que existia provinha de velas. Tudo sempre foi escuro e denso como uma floresta. Onde o vento ressoava pelas árvores e as copas dançavam em seu ritmo calmo e delicado. Há tempos atrás respirávamos vida onde quer que estivéssemos, a natureza em si fluía como as ondas que correm para a beira-mar. Podíamos nos perder na neblina a acabar encontrando um outro lugar, tão maravilhoso que a imaginação não consegue criar imagens nas quais sejam semelhantes. Vivíamos intensamente, livres e sem qualquer preocupação, ouvindo o som longínquo das gaitas do norte que ecoavam pelas montanhas verdes e virgens. Sob o céu iluminado com as luzes da vida éramos felizes e corríamos com o gamo pelos campos do mundo à fora. A noite acolhia à todos nós e nos dava o dom da vida como se descesse do céu a energia que ligava os mundos, passando pelo nosso corpo e entrando em sincronia com a terra pulsante.
Hoje as coisas se tornaram cinzas, as brumas não existem mais e as crenças emburrecem. Somos o que somos e o sistema que criamos nos controla impiedosamente. A liberdade nos foi tirada e levada pelos ventos que sopram em direção à ilha esquecida. Nem mais o céu mostra seu sorriso de estrelas jovens e as lágrimas do meu eu caem no vão temporal do aqui e agora. Ah como quero voltar para aquele lugar que um dia chamei de lar... Lá na ilha onde o sol colore os céus e toca aquele som de harpa que calma e relaxa. Quero voltar para o meu lar no além mar...
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