Mar de Ilusões
Viajar pela Bretanha não é mais a mesma coisa que um dia foi. Hoje as estradas já não levam mais a Camelot, e as terras do norte não escondem mais tantos segredos. Todos que um dia conheci e a cavalguei ao lado já se foram, só restou a mim. Esse mundo inteiro de solidão se resume a luz que vem de Glastonbury, onde ainda posso sentir que o Rei descansa, embora esteja muito longe dali. Daqueles tempos de glória lembro-me das ocasiões em que apenas ficávamos a ouvir o suave som da harpa. A voz aveludada da dama de Avalon ecoava pelos salões e suas canções faziam com que nos sentíssemos mais leves. Noites em que a cerveja e a carne eram distribuídas para todos os cavaleiros da corte, tardes em que os jogos divertiam a população e por fim, a madrugada nos presenteava com um espetáculo de estrelas que brilhavam na serenidade do céu.
Se fechar os olhos ainda consigo me recordar das corridas pelos campos, das batalhas simuladas, das investidas contra os saxões, das lendas dos dragões e da velha barca que levava àquela ilha... Os tempos não voltam mais, e é assim que os deuses lidam com o destino de nós, meros mortais. Desse mundo antigo, o único lugar no qual sei que continua há existir e que sempre me receberá, é justamente onde não quero ir... Lá vou encontrar tudo o que um dia decidi deixar para trás, lá vou ter minha contradição exposta e não sei se poderei mais sair. Se um dia voltar para aquela ilha, tenho a certeza que estarei indo de volta para casa, para meu marco zero e de onde nunca mais sairei. Será lá o meu fim. Fim que vira recomeço, e as sacerdotisas sabem disso, tanto que acolheram outros jovens perdidos pelo mundo e os druidas renasceram das cinzas das fênix. Afinal, o espírito nunca morrerá, não os do povo antigo.
Enfim continuarei a cavalgar pela minha Bretanha em busca de um lugar no qual possa chamar de casa, onde posso viver em paz e quem sabe eles - meus bons e velhos amigos - também possam vir me visitar. Pois um dia eu com certeza irei vê-los todos lá onde vivem hoje. Embora que quando eu vá, nunca mais possa voltar, pois finalmente Avalon me terá...
Os pensamentos que a mente já não mais suporta ter são passados adiante para que alguém mais possa ver que a loucura não pertence há uma só pessoa...
sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Margens do Tempo
A Ilha do Lago
Dos dias claros aos escuros, apenas busco me encontrar. Tentar ter ao menos um noção do que eu sou, quem eu sou. Longe daquelas percas de tempo como "quem somos, pra onde vamos" e todo esse papo manjado. Procuro encontrar uma identidade para quem sou, afinal de contas, certos momentos me perco em mim mesmo. A mente sai do corpo visando encontrar uma estrada que a leva à algum lugar, qualquer lugar. Onde a sociedade em si nunca conseguiu chegar, um lugar intocado pelo homem. Achar esse lugar sagrado seria uma dádiva para a alma que finalmente encontraria um lar. Pois aqui fora tudo machuca, tudo não é. O mundo que um via existiu na mente de cada criança, lhe é arrancado pelas mãos da realidade dos homens, em algo que nós próprios chamamos de evolução. Ficamos inteligentes demais, espertos demais, e assim perdemos nossa pureza, nossa simplicidade. E se crês que isso ainda existe no "aqui e agora", não se engane, pois a maldade reside nos corações em que há tempos falta lealdade, respeito e - por que não - ignorância. Os ignorantes que são felizes, e pobre coitado foi aquele que um dia ousou dizer "pobre daqueles que não entendem". Porque no fim, quem pouco sabe, pouco vê, e com pouco se contenta - embora os espertos sempre queiram mais -.
Com tudo isso em mente apenas queria um momento para poder parar. Descer do mundo por poucos instantes e deixar a mente flutuar no vácuo, tentando assim se acalmar e "respirar". Queria eu ser mais verdadeiro comigo mesmo, e fazer valer as palavras que saem da boca... Queria poder voltar para aquele lugar que chamavam de Avalon...
Dos dias claros aos escuros, apenas busco me encontrar. Tentar ter ao menos um noção do que eu sou, quem eu sou. Longe daquelas percas de tempo como "quem somos, pra onde vamos" e todo esse papo manjado. Procuro encontrar uma identidade para quem sou, afinal de contas, certos momentos me perco em mim mesmo. A mente sai do corpo visando encontrar uma estrada que a leva à algum lugar, qualquer lugar. Onde a sociedade em si nunca conseguiu chegar, um lugar intocado pelo homem. Achar esse lugar sagrado seria uma dádiva para a alma que finalmente encontraria um lar. Pois aqui fora tudo machuca, tudo não é. O mundo que um via existiu na mente de cada criança, lhe é arrancado pelas mãos da realidade dos homens, em algo que nós próprios chamamos de evolução. Ficamos inteligentes demais, espertos demais, e assim perdemos nossa pureza, nossa simplicidade. E se crês que isso ainda existe no "aqui e agora", não se engane, pois a maldade reside nos corações em que há tempos falta lealdade, respeito e - por que não - ignorância. Os ignorantes que são felizes, e pobre coitado foi aquele que um dia ousou dizer "pobre daqueles que não entendem". Porque no fim, quem pouco sabe, pouco vê, e com pouco se contenta - embora os espertos sempre queiram mais -.
Com tudo isso em mente apenas queria um momento para poder parar. Descer do mundo por poucos instantes e deixar a mente flutuar no vácuo, tentando assim se acalmar e "respirar". Queria eu ser mais verdadeiro comigo mesmo, e fazer valer as palavras que saem da boca... Queria poder voltar para aquele lugar que chamavam de Avalon...
segunda-feira, 25 de abril de 2011
8ª Parte, + 2 e Fim
Loucuras do Dia-a-dia
Parte 8
O véu da noite caíra sobre minha cabeça e o céu tornou-se negro de repente. Senti o vento gelado de minha terra natal soprar como antigamente e me senti em casa mais uma vez. Quase que um sonho acordado, pois a mente foi longe, visitou o passado, viu minha infância, as ruas por onde passei na adolescência, me fez sentir a brisa daquele pôr-do-sol, e voltar para o carro onde ela ainda estava ao meu lado, há longos 8 anos atrás...
Quando acordei desse devaneio já estava na frente da casa dela, uma nostalgia me afligiu e creio que não tenha sido só em mim, porque quando olhei para ela, seus olhos pareciam me dizer que a saudade também batera no peito dela. E por um momento ambos nos inclinamos para um beijo de despedida como os dos velhos tempos, mas quando meus lábios tocaram os dela, hesitei. Nunca entendi porque hesitei, por qual motivo parei, havia algo de estranho em mim naquele dia desde o momento em que acordei. Não sei também o que passou na mente dela, mas quando notou o que quase fizera, ela simplesmente deu-me as costas e tentou sair do carro. Por sorte minha mão segurou o braço dela em um reflexo de não deixar-lá ir.
- Espera... - ela me olhou como se estivesse tendo que conter as palavras que sairiam da sua boca a qualquer momento - Eu não quero que você vá... Preciso de você, como sempre precisei.
- Se precisava de mim, por que nunca veio me buscar? Por que nunca me procurou?
- Por burrice, por não conseguir ver isso antes, por orgulho talvez.. - ela me interrompeu -
- Odeio gente orgulhosa demais. - Ela novamente virou as costas para mim e saiu batendo a porta do carro com raiva.
Gritei pelo nome dela, mas ainda assim não consegui sua atenção, então me obriguei a fazer algo que meu eu daquela época não tinha coragem. Saí do carro sem nem ao menos olhar para a rua, atravessei a pequena avenida e antes que ela fechasse o portão puxei-a para junto de mim.
- Eu preciso de ti, como tu precisa de mim. A final, eu ainda te amo...
Minhas palavras conseguiram amolecer a dureza que ela havia criado e senti o corpo dela relaxar ao me abraçar. Um abraço tão forte, tão intenso que minha memória não precisa sequer fazer esforço para lembrar. Falei para que ela me acompanhasse hoje à noite, a final eu precisaria de alguém especial ao meu lado. Por sorte ela concordou e fiquei de passar para pegar-la mais tarde, meia hora antes do que estava no convite.
Depois desse momento minhas memórias falham um pouco, e as imagens ficam embasadas quando tento me lembrar de alguma coisa. Mas sei que quando entrei no carro novamente, uma música chamou minha atenção, - embora hoje em dia não consiga recordar ao certo qual era, mas tenho certeza de que ouvia muito quando era adolescente - pois a letra cantava em linhas tortas o que acontecia comigo naquele dia.
Minha mente andava na mesma velocidade do carro e tudo se embaralhou no asfalto que corria embaixo dos pneus. Foi quando em uma freada aquele convite voou do console do carro e parou no banco do carona. Minha atenção toda se desviou para isso e algo me dizia que deveria enfim lê-lo, mas o momento não era o melhor possível, a final a hora do rush trancava a cidade toda, não teria tempo para parar e ler. Não ali no meio do transito. Então deixei-o no banco mesmo que a curiosidade invadisse meu corpo como um parasita, tinha que resistir até chegar em casa. Mas foi ao chegar em casa que notei que piscava na tela do laptop um alerta do meu email pessoal, e surpreso com isso, até esqueci do convite que estava em minhas mãos. Apenas larguei o paletó e a mochila na poltrona e fui em direção do computador para ver quem tivera mandado um email para aquele endereço tão antigo e quase que inutilizado...
7ª Parte >
Parte 8
O véu da noite caíra sobre minha cabeça e o céu tornou-se negro de repente. Senti o vento gelado de minha terra natal soprar como antigamente e me senti em casa mais uma vez. Quase que um sonho acordado, pois a mente foi longe, visitou o passado, viu minha infância, as ruas por onde passei na adolescência, me fez sentir a brisa daquele pôr-do-sol, e voltar para o carro onde ela ainda estava ao meu lado, há longos 8 anos atrás...
Quando acordei desse devaneio já estava na frente da casa dela, uma nostalgia me afligiu e creio que não tenha sido só em mim, porque quando olhei para ela, seus olhos pareciam me dizer que a saudade também batera no peito dela. E por um momento ambos nos inclinamos para um beijo de despedida como os dos velhos tempos, mas quando meus lábios tocaram os dela, hesitei. Nunca entendi porque hesitei, por qual motivo parei, havia algo de estranho em mim naquele dia desde o momento em que acordei. Não sei também o que passou na mente dela, mas quando notou o que quase fizera, ela simplesmente deu-me as costas e tentou sair do carro. Por sorte minha mão segurou o braço dela em um reflexo de não deixar-lá ir.
- Espera... - ela me olhou como se estivesse tendo que conter as palavras que sairiam da sua boca a qualquer momento - Eu não quero que você vá... Preciso de você, como sempre precisei.
- Se precisava de mim, por que nunca veio me buscar? Por que nunca me procurou?
- Por burrice, por não conseguir ver isso antes, por orgulho talvez.. - ela me interrompeu -
- Odeio gente orgulhosa demais. - Ela novamente virou as costas para mim e saiu batendo a porta do carro com raiva.
Gritei pelo nome dela, mas ainda assim não consegui sua atenção, então me obriguei a fazer algo que meu eu daquela época não tinha coragem. Saí do carro sem nem ao menos olhar para a rua, atravessei a pequena avenida e antes que ela fechasse o portão puxei-a para junto de mim.
- Eu preciso de ti, como tu precisa de mim. A final, eu ainda te amo...
Minhas palavras conseguiram amolecer a dureza que ela havia criado e senti o corpo dela relaxar ao me abraçar. Um abraço tão forte, tão intenso que minha memória não precisa sequer fazer esforço para lembrar. Falei para que ela me acompanhasse hoje à noite, a final eu precisaria de alguém especial ao meu lado. Por sorte ela concordou e fiquei de passar para pegar-la mais tarde, meia hora antes do que estava no convite.
Depois desse momento minhas memórias falham um pouco, e as imagens ficam embasadas quando tento me lembrar de alguma coisa. Mas sei que quando entrei no carro novamente, uma música chamou minha atenção, - embora hoje em dia não consiga recordar ao certo qual era, mas tenho certeza de que ouvia muito quando era adolescente - pois a letra cantava em linhas tortas o que acontecia comigo naquele dia.
Minha mente andava na mesma velocidade do carro e tudo se embaralhou no asfalto que corria embaixo dos pneus. Foi quando em uma freada aquele convite voou do console do carro e parou no banco do carona. Minha atenção toda se desviou para isso e algo me dizia que deveria enfim lê-lo, mas o momento não era o melhor possível, a final a hora do rush trancava a cidade toda, não teria tempo para parar e ler. Não ali no meio do transito. Então deixei-o no banco mesmo que a curiosidade invadisse meu corpo como um parasita, tinha que resistir até chegar em casa. Mas foi ao chegar em casa que notei que piscava na tela do laptop um alerta do meu email pessoal, e surpreso com isso, até esqueci do convite que estava em minhas mãos. Apenas larguei o paletó e a mochila na poltrona e fui em direção do computador para ver quem tivera mandado um email para aquele endereço tão antigo e quase que inutilizado...
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segunda-feira, 18 de abril de 2011
Fragmentando-nos
Um Mais Um, Um Dia Foram Dois
Um dia aquele que vive dentro mim, aquele eu dos meus sonhos, ele um dia foi perfeito. Um dia ele quis apenas encontrar um bom lugar pra viver e deixar com que a mente voasse livre pelos céus. Sua loucura ele espalhou por um mundo completamente dele, onde não entrava ninguém que ele não quisesse. Mas foi ai então que viu uma ilusão, uma criatura que se formou no meio da multidão, e descoloriu todo aquele mundo que um dia ele havia criado. Não quis ligar, não quis nem saber o que viria a ser, a final não faria diferença. Mais um ou menos um nesse mundo que é só meu e é de todo mundo também. Ele vivia no interior de cada um e não era perfeito nunca, esse era eu.
Fragmento-me em tantos e tantos e vivo no peito de diversas pessoas, são todos eus diferentes, mas são todos o mesmo eu. E aquele meu eu? De meus sonhos? Esse ainda mora aqui, encantado por uma ilusão que há muito já se desfez, ele abriu os olhos para um mundo que só existia fora do peito e da cabeça. Um mundo que era cruel e bondoso ao mesmo tempo. Um mundo no qual nós pertencemos. É apenas um joguete de palavras enfim. Tantas e tantas cifras que contam toda minha história, toda a nossa história. Mas que ainda assim não conta nada.
Vejo o futuro no timbre daquela voz, vejo a imagem que trêmula na minha frente, e as vezes até arrisco olhar para o passado na esperança de poder aprender mais um pouco com aqueles belos professores que o tempo me fez esquecer. Ah como aprendi. Ah como tenho que esconder as coisas em palavras e frases que depois nem mesmo eu saberei o sentido de tudo. Deve ser assim a final, todos nós escondemos as coisas, e por vezes até de nós mesmos... Entretanto gosto de sopro de novas idéias e aventuras que se desprendem dos teus cabelos e dançam aos ventos da manhã. Posso ver que o amanhã logo chegará, eu não aguento mais esperar. São tantas coisas que vão acontecer, são tantas as revoluções a fazer! E a única coisa que me prende é simplesmente o medo de perder, o medo de errar e perder essa magia toda que ainda existe - é só existe - na minha mente. Me faço delirar ao voltar para aqueles corredores e lembrar de tudo o que um dia eu errei, me torturo em memórias mortas e encho minhas mãos com suas cinzas. Mas é assim, só assim, que me faço ver e lembrar que não posso novamente errar. Assim valorizo tudo o que já passou e nunca me esqueço de onde vim.
Corro rápido pelas vielas austrais, pela nebulosa que percorre o mundo, e a única coisa que peço que é ao menos acompanhe meu ritmo para poder descobrir um pouco de tudo o que posso te mostrar... O resto - de mim ou dos mundos que nos rodeiam - descubra por você mesmo. A final, só irá conhecer um fragmento do meu eu, mas quem sabe um dia um mais um você torne dois.
Um dia aquele que vive dentro mim, aquele eu dos meus sonhos, ele um dia foi perfeito. Um dia ele quis apenas encontrar um bom lugar pra viver e deixar com que a mente voasse livre pelos céus. Sua loucura ele espalhou por um mundo completamente dele, onde não entrava ninguém que ele não quisesse. Mas foi ai então que viu uma ilusão, uma criatura que se formou no meio da multidão, e descoloriu todo aquele mundo que um dia ele havia criado. Não quis ligar, não quis nem saber o que viria a ser, a final não faria diferença. Mais um ou menos um nesse mundo que é só meu e é de todo mundo também. Ele vivia no interior de cada um e não era perfeito nunca, esse era eu.
Fragmento-me em tantos e tantos e vivo no peito de diversas pessoas, são todos eus diferentes, mas são todos o mesmo eu. E aquele meu eu? De meus sonhos? Esse ainda mora aqui, encantado por uma ilusão que há muito já se desfez, ele abriu os olhos para um mundo que só existia fora do peito e da cabeça. Um mundo que era cruel e bondoso ao mesmo tempo. Um mundo no qual nós pertencemos. É apenas um joguete de palavras enfim. Tantas e tantas cifras que contam toda minha história, toda a nossa história. Mas que ainda assim não conta nada.
Vejo o futuro no timbre daquela voz, vejo a imagem que trêmula na minha frente, e as vezes até arrisco olhar para o passado na esperança de poder aprender mais um pouco com aqueles belos professores que o tempo me fez esquecer. Ah como aprendi. Ah como tenho que esconder as coisas em palavras e frases que depois nem mesmo eu saberei o sentido de tudo. Deve ser assim a final, todos nós escondemos as coisas, e por vezes até de nós mesmos... Entretanto gosto de sopro de novas idéias e aventuras que se desprendem dos teus cabelos e dançam aos ventos da manhã. Posso ver que o amanhã logo chegará, eu não aguento mais esperar. São tantas coisas que vão acontecer, são tantas as revoluções a fazer! E a única coisa que me prende é simplesmente o medo de perder, o medo de errar e perder essa magia toda que ainda existe - é só existe - na minha mente. Me faço delirar ao voltar para aqueles corredores e lembrar de tudo o que um dia eu errei, me torturo em memórias mortas e encho minhas mãos com suas cinzas. Mas é assim, só assim, que me faço ver e lembrar que não posso novamente errar. Assim valorizo tudo o que já passou e nunca me esqueço de onde vim.
Corro rápido pelas vielas austrais, pela nebulosa que percorre o mundo, e a única coisa que peço que é ao menos acompanhe meu ritmo para poder descobrir um pouco de tudo o que posso te mostrar... O resto - de mim ou dos mundos que nos rodeiam - descubra por você mesmo. A final, só irá conhecer um fragmento do meu eu, mas quem sabe um dia um mais um você torne dois.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Go to the End
One Step Closer
Sempre que chego à beira do precipício paro antes de cair. Por mais vontade que tenha de me atirar, deixar o corpo livre pra voar e sentir o vento penetrando nas minhas entranhas, eu tenho medo. Tenho medo de ter que encarar tudo o que por anos eu posterguei, que por anos eu deixei para depois. Gostaria de não ter esse trauma, essa impossibilidade de terminar as coisas, finalizar elas como deveriam. Ficam agora flutuando em minha mente, como velhos navios ancorados no porto do esquecimento.
No caminho até este canyon, a coragem cresce dentro do meu peito e o infla de maneira que penso que finalmente tudo terá um fim, e minha boca não irá secar quando eu tiver que pular. Mas quando vejo aquela imensidão à minha frente, aquela paisagem que sempre admirei e sempre temi, essa paisagem me amedronta! Logo eu que já enfrentei coisas piores e sobrevivi; eu que disse que jamais teria medo de alguma coisa, esse eu que falou isso, treme ao ter de pular no desconhecido. Não sei a altura, não sei se vou sobreviver, não sei o que vou encontrar lá embaixo. E o pior... Não confio em mim. Nunca confiei, não para isso. Entretanto a cada passo que dei na direção do penhasco eu sabia o que estava à me esperar... Toda essa sensação de não ser nada diante dele, de ser apenas um pequeno ponto parado em sua borda. Foi assim que temi, o que viria a seguir e nem ao menos dei o primeiro passo, pois preferi não arriscar.
Dia após dia isso vem em minha mente, porque as oportunidades para pular são as mais diversas e toda a hora se apresentam em minha frente. Algum dia ainda ei de aproveitá-las, e enfim terminar com essa aventura que já me tomou tempo demais... Tempo demais...
Sempre que chego à beira do precipício paro antes de cair. Por mais vontade que tenha de me atirar, deixar o corpo livre pra voar e sentir o vento penetrando nas minhas entranhas, eu tenho medo. Tenho medo de ter que encarar tudo o que por anos eu posterguei, que por anos eu deixei para depois. Gostaria de não ter esse trauma, essa impossibilidade de terminar as coisas, finalizar elas como deveriam. Ficam agora flutuando em minha mente, como velhos navios ancorados no porto do esquecimento.
No caminho até este canyon, a coragem cresce dentro do meu peito e o infla de maneira que penso que finalmente tudo terá um fim, e minha boca não irá secar quando eu tiver que pular. Mas quando vejo aquela imensidão à minha frente, aquela paisagem que sempre admirei e sempre temi, essa paisagem me amedronta! Logo eu que já enfrentei coisas piores e sobrevivi; eu que disse que jamais teria medo de alguma coisa, esse eu que falou isso, treme ao ter de pular no desconhecido. Não sei a altura, não sei se vou sobreviver, não sei o que vou encontrar lá embaixo. E o pior... Não confio em mim. Nunca confiei, não para isso. Entretanto a cada passo que dei na direção do penhasco eu sabia o que estava à me esperar... Toda essa sensação de não ser nada diante dele, de ser apenas um pequeno ponto parado em sua borda. Foi assim que temi, o que viria a seguir e nem ao menos dei o primeiro passo, pois preferi não arriscar.
Dia após dia isso vem em minha mente, porque as oportunidades para pular são as mais diversas e toda a hora se apresentam em minha frente. Algum dia ainda ei de aproveitá-las, e enfim terminar com essa aventura que já me tomou tempo demais... Tempo demais...
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Uma Parte de Um
Vejo o cursor piscando à espera de palavras que vão dar vida ao texto. Palavras que irão revolucionar o mundo! Sinto que todos estão a minha espera em algum lugar. Só me basta saber onde...
Homens Bons
Cada vez mais raros, cada vez menos procurados. O que é uma boa prosa hoje em dia que não apenas uma balela do século passado? Nesse tempo em que quanto mais respeito se tem, menos admirado se é. Onde as pessoas mais velhas elogiam o comportamento que há tempos acreditavam que já estava morto entre os jovens da nova geração. Os mais velhos que são sábios, a final já experimentaram o doce sabor da juventude e sabem o que deveriam ter procurado lá trás para que não perdessem tempo depois. Muitos hoje em dia conseguem ver além do que os olhos mostraram, e assim constroem pontes fortes e resistentes ao tempo, pontes que ligam suas almas as boas coisas da vida. Um dia todos irão se acalmar, um dia eles ainda vão ver o que aos poucos matam.
O cavalheirismo morre dia após dia, pois nossos cavalheiros são ridicularizados pela sociedade cada vez mais bruta, cada vez mais cruel e assim também se vai o respeito entre os viventes. Quando os homens que destratam as pessoas, que simplesmente não se importam com os outros ao seu redor, quando eles ganham mais atenção, quando eles são valorizados, é ai que a cordialidade morre e tudo o que um dia as mulheres desejaram se vai com os ventos. Elas mesmas acabam com tudo o que um dia sonharam, e desiludidos com o mundo que os traí os homens bons abandonam o mundo e enlouquecem para sobreviver, pois há coisas que seu orgulho não os deixa fazer. Jamais iriam esquecer seus princípios e esmagar seu eu, apenas para ter seu lugar na sociedade. Se a sociedade não quer louvar o respeito, cavalheirismo, cordialidade e bondade, então essa sociedade deve perecer juntamente com os que a habitam.
Homens Bons
Cada vez mais raros, cada vez menos procurados. O que é uma boa prosa hoje em dia que não apenas uma balela do século passado? Nesse tempo em que quanto mais respeito se tem, menos admirado se é. Onde as pessoas mais velhas elogiam o comportamento que há tempos acreditavam que já estava morto entre os jovens da nova geração. Os mais velhos que são sábios, a final já experimentaram o doce sabor da juventude e sabem o que deveriam ter procurado lá trás para que não perdessem tempo depois. Muitos hoje em dia conseguem ver além do que os olhos mostraram, e assim constroem pontes fortes e resistentes ao tempo, pontes que ligam suas almas as boas coisas da vida. Um dia todos irão se acalmar, um dia eles ainda vão ver o que aos poucos matam.
O cavalheirismo morre dia após dia, pois nossos cavalheiros são ridicularizados pela sociedade cada vez mais bruta, cada vez mais cruel e assim também se vai o respeito entre os viventes. Quando os homens que destratam as pessoas, que simplesmente não se importam com os outros ao seu redor, quando eles ganham mais atenção, quando eles são valorizados, é ai que a cordialidade morre e tudo o que um dia as mulheres desejaram se vai com os ventos. Elas mesmas acabam com tudo o que um dia sonharam, e desiludidos com o mundo que os traí os homens bons abandonam o mundo e enlouquecem para sobreviver, pois há coisas que seu orgulho não os deixa fazer. Jamais iriam esquecer seus princípios e esmagar seu eu, apenas para ter seu lugar na sociedade. Se a sociedade não quer louvar o respeito, cavalheirismo, cordialidade e bondade, então essa sociedade deve perecer juntamente com os que a habitam.
sábado, 9 de abril de 2011
Querer Natural
Seleção Natural 2
Quero saber a verdade, quero falar a verdade, tenho medo da verdade. Eu não sou para mim, eu sou para o mundo, eu não sou para ninguém. O que vem de mim não interessa, o que eu falo escute, o que eu faço, nem veja. Não me importo com rótulos, a propaganda é sempre enganosa. Giramos em nossos próprios eixos e nosso tempo é ocupado com pequenas partes inúteis de coisas sem valor. Nos machucamos por coisas sem sentido, deixamos os amigos para trás por cegueira; descobrimos a catarata aos 80, quando todos aqueles que queríamos ver já se foram. Vemos que o tempo passou quando nossas amizades não são mais os "garotos" e as "garotas", e sim os "senhores" e as "senhoras". Demos as costas para o mundo, e assim não conseguimos ver que o mundo também as deu para nós. Fomos traídos por nossa própria vaidade, e matamos aos poucos a esperança na inocência. Trocamos nossa liberdade por uma ilusão de mundo que se deformou quando abrimos os olhos. Deixamos de falar as palavras que mudariam nossas vidas, por medo de errar, medo de tentar. Ainda assim eu quero a verdade. Quero fazer chover verdades e se preciso quero que elas cortem a pele e façam sangrar todos aqueles que precisarem se machucar para entender e ver a verdade. Quero cuidar dos ferimentos, quero ser o melhor, o líder do grupo. Mas não um líder que vencerá todas as batalhas, e sim um que cumpra sua missão e salve o grupo do pior. Se necessário for farei sacrifícios, mas sempre de mim mesmo. Quero sentir a verdade no meu peito e respirar um ar de pura sinceridade, eu quero a verdade.
O mundo escolhe a dedo os que se destacaram do restante e quero comigo levar o máximo de pessoas que puder salvar. Quero mostrar-lhes a luz da vida e tirar-los da escuridão da ignorância, do não saber. Quero abrir-lhes os olhos para que possam ver que a vida não é simplesmente o jogo tosco que estavam acostumados a enxergar, quero fazer-los feliz. Mostrar que realmente existe uma razão para tudo isso, que vale a pena viver! E quero que quando eu me for, muito antes todos os outros, eles contem minhas histórias e ensinamentos para além do nosso tempo, indo sempre de pai para filho, criando assim uma lenda. A lenda de alguém que foi bom e mostrou tudo o que eles sabem hoje. Que lhes mostrou a face da verdade. Eu quero ser eu mesmo e não ter medo de falar, medo de perder, medo de me arrepender. Eu quero a verdade enfim.
Quero saber a verdade, quero falar a verdade, tenho medo da verdade. Eu não sou para mim, eu sou para o mundo, eu não sou para ninguém. O que vem de mim não interessa, o que eu falo escute, o que eu faço, nem veja. Não me importo com rótulos, a propaganda é sempre enganosa. Giramos em nossos próprios eixos e nosso tempo é ocupado com pequenas partes inúteis de coisas sem valor. Nos machucamos por coisas sem sentido, deixamos os amigos para trás por cegueira; descobrimos a catarata aos 80, quando todos aqueles que queríamos ver já se foram. Vemos que o tempo passou quando nossas amizades não são mais os "garotos" e as "garotas", e sim os "senhores" e as "senhoras". Demos as costas para o mundo, e assim não conseguimos ver que o mundo também as deu para nós. Fomos traídos por nossa própria vaidade, e matamos aos poucos a esperança na inocência. Trocamos nossa liberdade por uma ilusão de mundo que se deformou quando abrimos os olhos. Deixamos de falar as palavras que mudariam nossas vidas, por medo de errar, medo de tentar. Ainda assim eu quero a verdade. Quero fazer chover verdades e se preciso quero que elas cortem a pele e façam sangrar todos aqueles que precisarem se machucar para entender e ver a verdade. Quero cuidar dos ferimentos, quero ser o melhor, o líder do grupo. Mas não um líder que vencerá todas as batalhas, e sim um que cumpra sua missão e salve o grupo do pior. Se necessário for farei sacrifícios, mas sempre de mim mesmo. Quero sentir a verdade no meu peito e respirar um ar de pura sinceridade, eu quero a verdade.
O mundo escolhe a dedo os que se destacaram do restante e quero comigo levar o máximo de pessoas que puder salvar. Quero mostrar-lhes a luz da vida e tirar-los da escuridão da ignorância, do não saber. Quero abrir-lhes os olhos para que possam ver que a vida não é simplesmente o jogo tosco que estavam acostumados a enxergar, quero fazer-los feliz. Mostrar que realmente existe uma razão para tudo isso, que vale a pena viver! E quero que quando eu me for, muito antes todos os outros, eles contem minhas histórias e ensinamentos para além do nosso tempo, indo sempre de pai para filho, criando assim uma lenda. A lenda de alguém que foi bom e mostrou tudo o que eles sabem hoje. Que lhes mostrou a face da verdade. Eu quero ser eu mesmo e não ter medo de falar, medo de perder, medo de me arrepender. Eu quero a verdade enfim.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Faz Parte (ou não)
Seleção Natural 1
Dias e dias atrás. Aos poucos começo a me acostumar com esse mundo que não é mundo, essa realidade banalizada. Mas... Acho que talvez possa ser bom. Limitar a mente aos problemas rotineiros e viver uma vida com minha própria visão, ignorando o resto que acontece ao meu redor. É assim que eles vivem, porque não eu? O ciclo todo não faz sentido e as tempestades que arrasam as terras estão tão longe de mim, que quem se importa com o mundo lá fora? Vou me alienar como a sociedade, gritar a felicidade passageira, chorar por besteiras, rir por ignorância, e fazer merda por costume. Queria eu poder fazer que nem todos fazem e ignorar as correntes de ar que gritam em meus ouvidos. Queria poder simplesmente não ligar para o que acontece no além-janela, mas é simplesmente impossível fingir que não vi, que não senti, que não amei, que não sofri. Fingir que não vivi, era isso que queria...
Eles todos devem ser muito fortes para nem ao menos lembrar das coisas boas que viveram e o quão real era aquilo que pulsava no peito...
Dias e dias atrás. Aos poucos começo a me acostumar com esse mundo que não é mundo, essa realidade banalizada. Mas... Acho que talvez possa ser bom. Limitar a mente aos problemas rotineiros e viver uma vida com minha própria visão, ignorando o resto que acontece ao meu redor. É assim que eles vivem, porque não eu? O ciclo todo não faz sentido e as tempestades que arrasam as terras estão tão longe de mim, que quem se importa com o mundo lá fora? Vou me alienar como a sociedade, gritar a felicidade passageira, chorar por besteiras, rir por ignorância, e fazer merda por costume. Queria eu poder fazer que nem todos fazem e ignorar as correntes de ar que gritam em meus ouvidos. Queria poder simplesmente não ligar para o que acontece no além-janela, mas é simplesmente impossível fingir que não vi, que não senti, que não amei, que não sofri. Fingir que não vivi, era isso que queria...
Eles todos devem ser muito fortes para nem ao menos lembrar das coisas boas que viveram e o quão real era aquilo que pulsava no peito...
domingo, 3 de abril de 2011
Finalmente, a 7ª Parte!
Loucuras do Dia-a-dia
Parte 7
O Sol começava abaixar na praça e refletir na água do lago. Logo o vento iria começar a soprar e a temperatura cairia àqueles velhos 18º C costumeiros das noites de Porto Alegre. Naquele abraços minhas mãos acariciaram os cabelos dela que mesmo com o tempo, permaneceram macios como eram quando a conheci e minha mente me fez voltar no tempo, fazendo-me lembrar como esse abraço era importante pra mim há 10 ou 11 anos. Dos meus olhos lágrimas sinceras escorreram, mas as sequei ainda no abraço, para que ela simplesmente não conseguisse perceber. Minhas palavras saíram trêmulas e tão carregadas de emoção, que não pude esconder o que meus olhos revelavam com clareza.
-Por tanto tempo ficamos separados, que nunca imaginei que pudesse ser você a me mandar aquela mensagem. Eu realmen..- antes de terminar a frase notei que os olhos dela também estavam molhados e me surpreendi que até me perdi no que falava.
- Eu to tão feliz de puder te ver de novo, tempos de tanto tempo longe. Tu sempre me vê chorando né? - sua voz era continuava doce como sempre e a emoção do reencontro podia ser sentida a cada sílaba pronunciada - Mas dessa vez parece que não sou só eu que to chorando, - ela sorriu e riu assim como em minhas lembranças - né?
Os olhos cheios d'água não aguentaram e sem que eu percebe-se uma lágrima tivera percorrido meu rosto. E certamente que a vergonha tomou conta de mim, embora não fosse mais um garoto que se entrasse a emoção, naquele momento eu realmente me senti com dezoito anos mais uma vez.
- É que desta vez não tem como eu esconder... Realmente não esperava te ver. Foi uma surpresa tão boa que não consegui me controlar. - ela sorriu mais uma vez para mim, e pude notar que seus olhos emanavam um brilho intenso de felicidade, assim como eram naqueles tempos em que ela tinha apenas 13 anos e nada da vida sabia.
- Que bom que tu gostou. Quando vim pra cá só pensei em te ver, ainda mais quando descobri que tu tava aqui. Finalmente a gente iria poder conversar!
- É.. Digamos que eu não tenha passado muito tempo aqui, mas hoje à noite tenho um compromisso e por isso ainda estou aqui. Pois se dependesse só de mim, acho que não voltaria para cá tão cedo...
-Cedo!? Fazem mais de cinco anos que tu tá nessa de ficar viajando... Parece como se não quisesse vir mais aqui...
- Acho que talvez não queira mesmo. Cada um lugar, cada situação, tudo me lembra alguma coisa que ficou no meu passado, e assim minha mente se atrapalha na nostalgia e melancolia, pois aqueles dias não vão voltar. Nem os dias, nem o que falei ou fiz.
- Ah... Não te culpa por nada... Tu sabe que...
- Não é isso, é só que não quero ter que lembrar de tudo. Quero algo novo, e longe daqui posso conseguir isso...
- É... Eu sei como é...
Continuamos nossa conversa ali mesmo de pé, apenas apoiados no dique do centro do lago, apenas observando o movimento das pessoas na praça. Nós, como se pudéssemos ser o que um dia fomos. Relembramos momentos, demos risadas e passamos o tempo como velhos amigos devem fazer. E com isso o sol foi descendo e descendo, a temperatura começou a diminuir e quando me dei conta nossas mãos estavam entrelaçadas e o sol brilhava laranja no horizonte. Foi então que aquela frase cortou os céus e dissipou as nuvens avermelhadas.
- Nós tivemos nosso tempo, não é mesmo? - ela ficou a olhar o horizonte por alguns segundos, embora soubesse que aquilo me pegou desprevenido, ao que ela tornou a olhar para mim.
- É, tivemos. E foi muito bom...
- É... Foi mesmo. Pena que...
- Pena que você não percebeu isso naquela época né? - e mesmo sem eu ter a intenção, senti que minhas palavras pareceram lâminas. Mas ao mesmo tempo apertei a mão dela e continuei - Como eu queria que tu tivesse visto isso naquele dia, era tudo o que queira...
Ela retribuiu a intensidade na qual segurei a mão dela e sem palavras apenas deitou a cabeça sobre o meu ombro, deixando nossos corpos ainda mais próximos. Senti como se ela fosse um bebê desprotegido que procurava por calor e proteção, e em um flash de sentimentos deixei-me abraça-la como um dia fizera. O crepúsculo tivera chego e mais uma vez éramos somente nós dois no cair da noite na selva de concreto.
- Vem, vamos. Acho melhor irmos, daqui a pouco vai esfriar mais e não quero te deixar doente. - Ela soltou minha mão e me surpreendeu com um abraço forte. Pude sentir o calor do peito dela se transferindo para o meu, pude sentir suas mãos agarrando-se a minha camisa e seu rosto mergulhando no meu peito. Pude sentir todo o sentimento que aquele nobre abraço transmitia e ouvi as palavras que jamais irei esquecer...
- Como eu queria que tivéssemos ficado juntos! Mas eu era boba demais, nova demais para ver que tu era tudo o que eu queria... Como eu queria voltar no tempo e falar o que não falei daquela vez. Como queria que tu nunca tivesse ido... - palavras de dor, palavras cheias de emoção que tocaram meu coração e instantaneamente fizeram com que eu a abraçasse forte, num misto de dor e amor que eu sabia que nem eu nem ela iríamos esquecer. Ficamos assim por alguns minutos, até que o coração dela se acalmasse e segurando minhas emoções com toda a força que ainda me restava, falei:
- Eu também queria... E como queria... Mas agora vamos... Vem eu te levo pra casa...
Saí da praça abraçado à ela e a levei para o carro. Algo me dizia que aquele momento jamais sairia de minha mente, e que mais uma vez eu não tivera falado o que realmente gostaria. Mas fechei uma cicatriz que há tempos estava aberta no coração dela e isso me fazia feliz, mesmo que as palavras gostaria de ter dito fossem um sincero "Ainda amo você". Eu neguei o meu próprio querer em virtude de um destino que ainda desconhecia...
Parte 7
O Sol começava abaixar na praça e refletir na água do lago. Logo o vento iria começar a soprar e a temperatura cairia àqueles velhos 18º C costumeiros das noites de Porto Alegre. Naquele abraços minhas mãos acariciaram os cabelos dela que mesmo com o tempo, permaneceram macios como eram quando a conheci e minha mente me fez voltar no tempo, fazendo-me lembrar como esse abraço era importante pra mim há 10 ou 11 anos. Dos meus olhos lágrimas sinceras escorreram, mas as sequei ainda no abraço, para que ela simplesmente não conseguisse perceber. Minhas palavras saíram trêmulas e tão carregadas de emoção, que não pude esconder o que meus olhos revelavam com clareza.
-Por tanto tempo ficamos separados, que nunca imaginei que pudesse ser você a me mandar aquela mensagem. Eu realmen..- antes de terminar a frase notei que os olhos dela também estavam molhados e me surpreendi que até me perdi no que falava.
- Eu to tão feliz de puder te ver de novo, tempos de tanto tempo longe. Tu sempre me vê chorando né? - sua voz era continuava doce como sempre e a emoção do reencontro podia ser sentida a cada sílaba pronunciada - Mas dessa vez parece que não sou só eu que to chorando, - ela sorriu e riu assim como em minhas lembranças - né?
Os olhos cheios d'água não aguentaram e sem que eu percebe-se uma lágrima tivera percorrido meu rosto. E certamente que a vergonha tomou conta de mim, embora não fosse mais um garoto que se entrasse a emoção, naquele momento eu realmente me senti com dezoito anos mais uma vez.
- É que desta vez não tem como eu esconder... Realmente não esperava te ver. Foi uma surpresa tão boa que não consegui me controlar. - ela sorriu mais uma vez para mim, e pude notar que seus olhos emanavam um brilho intenso de felicidade, assim como eram naqueles tempos em que ela tinha apenas 13 anos e nada da vida sabia.
- Que bom que tu gostou. Quando vim pra cá só pensei em te ver, ainda mais quando descobri que tu tava aqui. Finalmente a gente iria poder conversar!
- É.. Digamos que eu não tenha passado muito tempo aqui, mas hoje à noite tenho um compromisso e por isso ainda estou aqui. Pois se dependesse só de mim, acho que não voltaria para cá tão cedo...
-Cedo!? Fazem mais de cinco anos que tu tá nessa de ficar viajando... Parece como se não quisesse vir mais aqui...
- Acho que talvez não queira mesmo. Cada um lugar, cada situação, tudo me lembra alguma coisa que ficou no meu passado, e assim minha mente se atrapalha na nostalgia e melancolia, pois aqueles dias não vão voltar. Nem os dias, nem o que falei ou fiz.
- Ah... Não te culpa por nada... Tu sabe que...
- Não é isso, é só que não quero ter que lembrar de tudo. Quero algo novo, e longe daqui posso conseguir isso...
- É... Eu sei como é...
Continuamos nossa conversa ali mesmo de pé, apenas apoiados no dique do centro do lago, apenas observando o movimento das pessoas na praça. Nós, como se pudéssemos ser o que um dia fomos. Relembramos momentos, demos risadas e passamos o tempo como velhos amigos devem fazer. E com isso o sol foi descendo e descendo, a temperatura começou a diminuir e quando me dei conta nossas mãos estavam entrelaçadas e o sol brilhava laranja no horizonte. Foi então que aquela frase cortou os céus e dissipou as nuvens avermelhadas.
- Nós tivemos nosso tempo, não é mesmo? - ela ficou a olhar o horizonte por alguns segundos, embora soubesse que aquilo me pegou desprevenido, ao que ela tornou a olhar para mim.
- É, tivemos. E foi muito bom...
- É... Foi mesmo. Pena que...
- Pena que você não percebeu isso naquela época né? - e mesmo sem eu ter a intenção, senti que minhas palavras pareceram lâminas. Mas ao mesmo tempo apertei a mão dela e continuei - Como eu queria que tu tivesse visto isso naquele dia, era tudo o que queira...
Ela retribuiu a intensidade na qual segurei a mão dela e sem palavras apenas deitou a cabeça sobre o meu ombro, deixando nossos corpos ainda mais próximos. Senti como se ela fosse um bebê desprotegido que procurava por calor e proteção, e em um flash de sentimentos deixei-me abraça-la como um dia fizera. O crepúsculo tivera chego e mais uma vez éramos somente nós dois no cair da noite na selva de concreto.
- Vem, vamos. Acho melhor irmos, daqui a pouco vai esfriar mais e não quero te deixar doente. - Ela soltou minha mão e me surpreendeu com um abraço forte. Pude sentir o calor do peito dela se transferindo para o meu, pude sentir suas mãos agarrando-se a minha camisa e seu rosto mergulhando no meu peito. Pude sentir todo o sentimento que aquele nobre abraço transmitia e ouvi as palavras que jamais irei esquecer...
- Como eu queria que tivéssemos ficado juntos! Mas eu era boba demais, nova demais para ver que tu era tudo o que eu queria... Como eu queria voltar no tempo e falar o que não falei daquela vez. Como queria que tu nunca tivesse ido... - palavras de dor, palavras cheias de emoção que tocaram meu coração e instantaneamente fizeram com que eu a abraçasse forte, num misto de dor e amor que eu sabia que nem eu nem ela iríamos esquecer. Ficamos assim por alguns minutos, até que o coração dela se acalmasse e segurando minhas emoções com toda a força que ainda me restava, falei:
- Eu também queria... E como queria... Mas agora vamos... Vem eu te levo pra casa...
Saí da praça abraçado à ela e a levei para o carro. Algo me dizia que aquele momento jamais sairia de minha mente, e que mais uma vez eu não tivera falado o que realmente gostaria. Mas fechei uma cicatriz que há tempos estava aberta no coração dela e isso me fazia feliz, mesmo que as palavras gostaria de ter dito fossem um sincero "Ainda amo você". Eu neguei o meu próprio querer em virtude de um destino que ainda desconhecia...
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