quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Vozes dos Ventos

Inércia da Humanidade

Diante de meus olhos passam o futuro e o passado como se fossem irmãos, unidos apenas pelo destino e como se não se confrontassem dia após dia. Corpos sem forma apenas espectros que pairam pelo ar e se limitam a minha própria imaginação, pois não podem viver fora de nós, não existe chance de vida para eles que não dentro de cada um que vive. Muitos vivem nesse mundo, mais do que seu cérebro pode contabilizar. Seres mutantes que se hospedam em todos que podem sentir o fluxo do tempo passar pelos seus corpos. O tempo que irá devastar o ser e deixará apenas sua mais frágil carcaça intocada, todo o resto perecerá e as emoções que nos corpos haviam serão lançadas ao vento para que o esquecimento as acolha. Nada mais importará e suas lembranças serão misturadas em um turbilhão luminoso elevando-se ao céu na procura de rumo mesmo que esse não exista. A triste cena de desespero onde não há para onde correr, apenas o fim da linha onde tu termina e se renova nascendo do zero mais uma vez, quando você deixa de ser você e tuas conquistas não são nada além de pó sideral. Passado e futuro, lado a lado, eles sabem que isso um dia irá acontecer, mas ainda assim te iludem com esperanças infundadas e um falso testemunho de bondade. Apenas mentiras e palavras jogadas ao vento, apenas as falácias contadas no passado e repetidas no futuro, apenas você acreditando em vidas que jamais estiveram de fato vidas, apenas sua vida. Não importa qual deles venha conversar com vós, apenas não acredite nas palavras e promessas que irão lhe fazer, o preço que pagarás não vai compensar o que irás receber.
Nas areias de uma terra sem fim nossas almas vão caminhar aleatoriamente tentando descobrir a razão de existirem mesmo que não haja respostas em lugar algum. E os pensamentos mais puros serão eliminados com arpões de aço para que os atingidos não possam se levantar, pois a ingenuidade não possui lugar aqui, somente a maldade e malicia podem perecer nas mentes dessas almas mortas. O sol que as banha é negro e sua luz escura os enterra na escuridão de um dia negro e sem fim. Um lugar sinistro onde a vida não ousa entrar e onde todas as memórias serão despejadas assim que os corpos forem dilacerados pelo tempo. Nada pode sobreviver. Não há porque haver mais vida quando toda a esperança já se foi e o presente foi assinado pela maldade que vive dentro de cada um, ou seja, não temos mais nada além de memórias de "bons tempos" e esperança de um futuro melhor, mas não possuímos nenhum esforço para fazer com que o presente seja bom, e não morra no esquecimento assim como nossas vidas irão se ficarmos parados esperando pelo dia do juízo do final. Um dia que nunca virá, um dia que não existirá. Façamos algo e não apenas observemos passado e futuro se distanciarem levando consigo toda a vida que um dia existiu em nossos seres, mas sim lutemos para que no hoje possamos alcançar nossos sonhos e daí quem sabe então abrirmos nossas, até então desconhecidas, asas e voemos para escapar da destruição do esquecimento que mora no horizonte de nossas vidas. Aí quem sabe possamos simplesmente ser felizes.

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