domingo, 13 de dezembro de 2009

Em Direção do Vento

A continuação da "A Voz" e de "A Lembrança" se revela....


A Estrada...

Gostaria de um dia poder correr, correr e correr em uma estrada sem fim que me levasse para um lugar onde nada nem ninguém pudesse chegar. Só para que minha mente em alta velocidade capotasse e se bagunçasse toda, assim nada mais faria sentindo na minha extrema solidão, e ao mesmo tempo conseguiria encontrar toda a liberdade que quero, pois estaria preso a mim mesmo. Iria olhar para atrás e ver se alguém aparecia no horizonte distante, em meio àquele sol escaldante não creio que algum ser iria vir atrás de mim, afinal, nem iriam perceber que um dia eu fugi. Sai correndo mundo à fora somente para descobrir o que me faz querer continuar vivendo, e até agora não consegui descobrir... O tempo passou, mas já não sei mais quando eu sai de casa, pois aqui não envelhosso, meu cabelo não cresce e nada muda, talvez seja por causa da velocidade que impus ou simplesmente porque já parei de correr há tempos... Talvez minha existencia nesse mundo já tenha se estinguido e eu aqui, ainda creendo que estou vivo, entretanto isso não importa, porque consegui minha prova, ninguém veio atrás de mim. Nem mesmo aquela garota que disse que iriamos nos ver novamente, nem mesmo ela, apareceu aqui... Nesse cenário cinza só o sol faz dor e o laranja pesa tudo com seu calor insaciável. Me sinto perdido em meio a uma única estrada sem fim, tomará que em meus últimos momentos alguém, nem que seja só uma pessoa, aparessa no horizonte para vir atrás de mim, pois agora já não sinto minhas pernas andarem e me falta o ar para continuar...

As Plumas da Bondade

Nos braços da memória, o herói tenta alcançar a bondade que se esconde entre as sombras da vida, fazendo com que o jovem guerreiro se perca entre o bem e o mal. Destinado a ser aquele que irá render o mundo às correntes do destino e à vontade dos ventos, ele cresce na escuridão branca e branda de sua própria mente. Apesar de ser o mais desenvolvido de sua geração, seu poder indescritível ainda dorme dentro de seu peito e com raras tremulações ele acorda ainda que sonambulo para ajudar o nobre jovem. Tem por objetivo tirar do mundo as dores que ele conhece, sugar todas elas dos corações que sofrem para que ele mesmo carregue essa cruz de prata. Mas acima de tudo ele sabe que não conseguirá fazer com que todos o aceitem e entreguem a ele a mais saborosa dor, mesmo que essa os sugue a essência da vida e faça com que seu peito se torne frio e vazio. A humanidade receosa desconfia de toda a bondade que o jovem possa demonstrar e dissimula a verdade que há em suas palavras, fazendo com que as intenções sejam corrompidas por esse sentimento de egoismo humano que os domina.
Minado por desespero de não conseguir se abster das virtudes nas quais os deuses concederam, ele se confunde em sua natureza e pede que alguém lhe explique da onde vem tais atitudes que emanam pureza e se desfazem na honra do humano que não aceita aqueles atos inesperados. A esperança surge quando o crepúsculo se mostra real e o sol dá seu adeus no horizonte que espelha a grandeza da beleza natural, pois é ai que os poderes ainda adormecidos começam a acordar... Implicitamente as coisas começam a mudar e tudo parece com ele concordar. Mas os acontecimentos se divergem e tudo volta ao seu lugar, porque é assim que funciona o mundo... De volta a sua cela de solidão o guerreiro vê que seu esforço não fora em vão, pois dali mesmo pôde presenciar o nascer de um novo ser, algo que vai além do que qualquer um poderia prever, nasce em seu peito um pequeno sentimento que se diz ser amor. E com ele junto consigo, nosso herói pode finalmente justificar a bondade que quer espalhar...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Demonio Branco

The White Devil

Dormindo na escuridão da noite e voando baixo pelos zumbidos do vento lunar. Ele se esconde pelas copas úmidas das árvores e se mistura com o cenário sinistro do meio da madrugada. Sem que ninguém que habita a rua consiga percebe-lo, se aproxima das vitimas como um lince prestes a atacar sua preza. As luzes da cidade não conseguem afugentá-lo, acostumado com a luminosidade da vida moderna ele se camufla nas sombras do asfalto e se faz presente em tudo o que é lugar. A cima dos predios mais altos, observando de lá tudo o que ocorre na cidadela em que vive esse pobre e jovem demonio, tentando entender o que se passa nos corações dos humanos lá embaixo... Seu peito dói sem razão e as asas enrijessem com a fina chuva que cai torrencialmente; abraçado em seus próprios joelhos, apenas deseja que essa sensação ruim termine de uma vez para que ele possa novamente poder voar livre pelos céus, sem que seus olhos fiquem ofuscados com as luzes da metropole dos humanos.
Descendo pelas muralhas de concreto ele corre na vertical para poder sentir a liberdade batendo-lhe no rosto molhado pela chuva gelida. Sua mente é mais veloz que ele próprio e o turbilhão de pensamentos transcendem o agora, para que a mente entre em total colapso! A maravilha da mente se expressa por aqueles olhos castanhos profundos que se deleitam em água doce. O demonio branco apenas corre em direção do chão esperando encontrar um motivo para a sua dor e insatisfação, algo que o faça querer que o amanhã chegue e que as esperanças de que o futuro será melhor não acabem no ontem. Mas com o medo que o domina a poucos metros do chão, ele deixa que o vento o domine e faça-o se erguer em direção de seu lar, para que assim possa novamente descançar, pois o dia que se aproxima é mais um que ele terá que aguentar e continuar vivendo.
Pousa em sua janela e esconde as asas de luz que possui, recolhe-se em solidão e deita lentamente em sua cama deixando com que a mente em nada pense, porque assim e somente assim, pode se ver livre das coisas que corrompem seu coração que de nada mais entende. Fecha os olhos e no último suspiro do hoje, deseja que amanhã possa voltar a ser o que nunca foi, uma pessoa comum...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Se eu falasse, você pensaria?

Falar e falar e falar, e nunca ser escutado. A normalidade nos atinge de tal maneira que a rotina se torna um lugar no qual você pode ir para fugir. Nada adianta revelar as verdades do mundo para aqueles que não querem escutar, nada adianta conversar com um surdo, ou pedir para que um mudo lhe dê as respostas que você precisa. A procura da verdade, nós esquecemos de enxergá-la dentro de nós mesmos. Para que tudo comece a mudar, é preciso que nos sejamos os primeiros a fazer isso, pois não existe nada mais injusto do que cobrar de terceiros algo que nem você mesmo faz! A hipocrezia disso chega a niveís assustadores, do amor ao trabalho e assim para a vida em si. A medida com que envelhecemos, vamos cada vez mais se fechando ao próximo que quando a alta idade nos bate a porta, vemos finalmente que ficamos sozinhos e que aqueles bons companheiros se perderam lá trás no caminho e que não nos demos conta. Cegos, não conseguimos ouvir seus gritos, pois eles também estavam alheios aos mesmos efeitos da vida, assim como nós... Mas peço-te que aprendendas à ouvir. Ouvir tudo o que em torno de você acontece e principalmente aquilo que lhe confessão, sinta o peso das palavras e assim veja a verdade que existe atrás delas. A pesquisa pelas verdades não é difícil, basta apenas que você consiga escutar tudo aquilo que ouve. Ouvir e sentir o que querem lhe passar é um dever! Já que ser informado de algo nesse mundo de desconfianças é uma honra e tanto, mas isso é outro tema... Por hora, apenas ouça o que quero lhe dizer...