sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Cavalo e a Música II

Breve continuação, ou não, de O Cavalo e a Música...

Um sonho de Liberdade

Ainda era cedo quando ele acordou e se revirou na cama, o sol ainda estava timido no céu e os seus primeiros raios de luz corriam na escuridão iluminando o horizonte. Naquela noite havia deixado sua janela aberta, então era possível ver as cores lhe invadirem o quarto e ofuscar seus olhos ainda sensíveis com a luminosidade. Olhou o relógio, mas não quis se levantar. Faltam trinta minutos até que seu despertador tocasse e aquele tempo lhe parecia tão precioso para que pudesse se deliciar se sua preguiça, algo quase que mágico. Poder dormir mais meia hora, ia ser simplesmente perfeito para poder renovar suas energias ainda mais! Entretanto quando fechou os olhos algo não deixou que sua mente relaxasse e fosse para o mundo do inconsiente onde uma realidade totalmente nova iria ser criada ou recriada. Talvez fosse a luz, talvez o cantar dos passáros, ou talvez até ele mesmo não quisesse mais dormir. Não sabia ao certo o que era, mas era. Afinal, sempre foi assim, nunca tivera certeza de porque ou como as coisas eram, entretanto sempre soube que eram. Estranho.
Ficou ali deitado olhando para o teto de seu quarto que se iluminava aos poucos, e uma pergunta resoou em sua mente, "Porque estou acordado à essa hora? Ou melhor, porque acordei antes do despertador?". Por um momento perdeu na noção do tempo e o pensamento pode viajar pelos céus como aqueles raios faziam ao amanhecer. Não tardou para que obtivesse a resposta clara para suas perguntas, pois agora conseguiu lembrar que acordou subitamente de um sonho estranho, que lhe parecia tão familiar e tão prazerosso. E aos poucos as imagens foram ganhando forma em sua cabeça e tudo começou a ficar mais claro, a verdade começava a se revelar diante de seus olhos pela primeira vez em sua vida. Era lá, lá naquele lugar do sonho, lá que ele encontrou o que sempre procurava aqui, uma estranha palavra chamada liberdade, que dizia tudo e ao mesmo tempo nada. Mas em seu sonho ele conseguira sentir na pele o significado daquela palavra e sua vida era parecida com aquela que ele sempre sonhou (irônico não?). Viu que finalmente encontrou o lugar no qual ele pertencia, afinal, durante anos e anos sempre esteve a procurar por algo, por alguém que jamais antes conseguiu encontrar. Por mais e mais que procurasse e olhasse ao seu redor era como se aquilo realmente não existisse e as cenas se repetiam ano após ano e nada de achar o que lhe fazia atordoar a alma. Mas... Por algum motivo estranho, seus olhos agora podiam ver mais além, além do que qualquer outro poderia ver! Ele conseguia sentir que algo crescia em seu peito. Uma sensação única que deixava saudade a cada segundo que passava, e então do mesmo jeito que chegou, ela se foi. Deixando apenas a certeza de que existe e que ele deve continuar a procurar por ela! Então seu despertador tocou e ele viu que teria que se por de pé, pois se não já estaria atrasado para o dia que começava, e na mente apenas uma coisa que ele não sabia se tinha sido sonho ou não, mas tinha a certeza que deveria continuar vivendo para poder encontrá-la novamente...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Cavalo e a Música I

Nem mesmo a música mais calma, conseguiria amenizar os efeitos inesperados aquelas palavras sob as quais seus olhos pousaram. A mente em parafuso não conseguia conter a raiva que transbordava pelos olhos em forma de lágrimas salgadas como o mar. Era quase que uma tortura ter de ler aquilo tudo e perceber que era tudo em vão, que tivera chegado tão longe e que só agora percebeu isso. Por mais que tentasse, ainda assim aquelas palavras conseguiam ser mais fortes que as suas próprias, isso fazia crescer em seu peito um ódio cada vez mais intenso. Algo sem limites, que parecia quebrar toda e qualquer barreira que existisse para impedir sua evolução e se estendia até o limite físico do crânio para que então inflasse sua raiva que se ia aos poucos na respiração nervosa e tensa. A súbita raiva se foi assim como veio, sem deixar marcas ou cicatrizes, apenas um pensamento solitário em meio à um mar de conclusões precipitadas; "Porque ainda vives nas minhas sombras? Ou melhor ainda, porque sempre tende à voltar?". Por mais que tentasse fugir e fazer com que seu espírito repousasse em paz e tranqüilidade, aquelas palavras e semelhanças lhe despertavam a raiva e fúria que havia em seu peito há anos...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Audacia do Destino

A Verdadeira Face

As paredes do labirintos de escolhas se abrem diante dos olhos claros e precisos. A escuridão se vai, e dá espaço à uma intensa luz azul que brilha refletida nos olhos castanhos daquele que os acompanha. Enfim a jornada chega ao seu fim, mas com ela começa um outro longo e duro caminho para o além-labirinto. É tudo muito bonito de certa forma, e trás consigo o sentimento de alivio por aquela aventura ter chegue ao fim com todos bem, mas ao mesmo tempo marca para sempre o momento em que eles deixaram a vida que já haviam se habituado para enfrentar novos desafios. Entretanto, nesse novo começo, todos estarão separados e não poderão buscar auxilio nas forças dos outros. Todos aqueles momentos vividos juntos estarão gravados para sempre na memória desses jovens, que quando passarem por alguma dificuldade devem se lembrar do que já viveram e encontrar as forças necessárias para continuar seguindo em frente. Olhar para trás faz com que você se lembre dos erros e acertos que já tivera e assim pode ser mais forte, o que contraria algo que falava sobre nunca olhar para trás. Algo inaceitável, pois o que já vivemos deve e precisa possuir importância e relevância para toda nossa vida, caso contrário jamais iremos aprender aquilo que o momento quis nos dizer.

Infelizmente somente um deles tem noção de quão importante é esse momento pelo qual passam juntos, e que após isso suas vidas irão tomar caminhos diferentes, que se perderam na nuvem da vida fazendo com que eles sejam postos, às vezes contra sua vontade, para longe um do outro nas margens do rio da vida. Mas o consolo vem nas noites escuras em que eles acordarão com o suave soprar do vento em suas janelas e na escuridão calma de seus quartos irão se lembrar dos bons momentos que viveram juntos e baterá aquela saudade que doí e é gostosa. Isso fará com que suas sombras ultrapassem a linha da lógica e por alguns segundos elas se toquem, fazendo-os sentirem juntos novamente. Depois disso, com um sorriso no rosto cada um mergulhará em seu sono e mais uma vez, separados eles serão e viverão assim, até quando o destino quiser... Essa é a verdadeira face da amizade pela qual o destino nos leva sem querer...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A Acolhedora Escuridão

Quando tudo ao redor se fecha, já não sei mais para onde correr. Correr desse sentimento de gosto amargo e denso, que desce pela garganta toda a noite que fico aqui em silencio em meu quarto. Queria poder fugir e me libertar dessa solidão, poder dizer adeus para a escuridão tenebrosa que me rodeia e não olhar mais para trás. Mas os fantasmas de tempos obscuros não me deixam partir e as correntes enferrujadas e velhas ainda prendem meu corpo no passado. A solidão ostenta a verdade e somente ela me conhece bem, sabe cada ponto fraco e forte, com inteligência racional ela sabe que depois de cada ataque de fúria eu ei de querer voltar para minha casa, meu lar, minha proteção contra o mundo cruel. E nesse momento, ela me estende a sua mão sem piedade do que virá a me acontecer, simplesmente como se já não soubesse. Num segundo me leva à um mundo mágico onde somente com meus sonhos eu poderia chegar, me ilude com fantasias e mostra-me as ilusões que meu coração queria que fosse real. E então ao ver meu rosto de felicidade, joga-me de volta dentro do quarto sombrio com as luzes escuras da noite e o vento que sopra gelado.
Sei que me recontorcer na cama não vai adiantar nada, e aqui não vai sair do meu peito, é como se rasgasse tudo ali, de dentro para fora em uma velocidade incrivelmente lenta. Como se arrebentasse um de cada vez todos os cordões musculares e nervosos que possuo no peito, fazendo com que a dor dure horas e horas. Afogo-me em textos e viagens pelo mundo da fantasia tentando achar a cura para algo, sei que essa cura está com um alguém em algum lugar desse vasto mundo, mas tão longe e distante que minhas mãos não podem alcançar. Distante de minha capacidade e proibido para mim pelas artes do destino... Fugir... Era isso que eu deveria fazer, só que para qualquer lugar que eu vá, lá estarão as trevas e delas brotará a solidão para me acolher como se eu fosse um filho que há muito ela não vê. Só quero poder acabar com isso, mas as luzes no fim dos tunéis sempre é tão fraca que não me motiva a continuar escavando esse caminho de rochas pontiagudas e grosseiras. Quando tiver a oportunidade, irei liberta-me dessa prisão de solidão.

Do Caminho para Alkazam

Vontades Escondidas

Queria poder levar minhas palavras para os ouvidos aqueles que não conseguem ouvir e aos olhos daqueles que não vêem. Poder fazer com que o mundo todo saiba do que minha mente louca pensa em milesegundos e eterniza na memória. Coisas que refletem na vida de todos e que concerteza alguém também já questionou, mas se as respostas são corretas ou não, dai já foge de mim o poder de decidir isso. Apenas tenho o que me pertence e essas são as respostas mais coerentes que já formulei, baseado no que ouvi e vivi. Conhecimentos que já vi expressos em outras palavras em outros titulos e histórias, coisas que eu simplesmente descobri por mim mesmo e não precisei de tanto tempo como os outros. E ao mesmo tempo em que consigo isso, sinto-me impotente ao ver que tudo o que eu escrevo limitasse aos meus próprios olhos e o mundo não saberá a beleza que eu disponho para ele.
Queria poder enfeitar o coração de todos, e assim com esse pouco que posso dar à longas distantes, confortar aqueles que leem e mostrar-lhes que existe um outro fim que provem do mesmo começo que você já está. Que há alguém tão louco como você ou até mais! E que as mensagens que mando-lhes cheguem aos seus olhos, mesmo que as entrelinhas só possam ser lidas por algumas pessoas, eu as escrevo em cada palavra. Mas sei que elas não poderam voar pelos céus e alcançar as estrelas assim como um dia eu quis, porque simplesmente são palavras que não voam, que ficam e caem por terra uma após a outra e os atos as acompanham desmanchando os sentimentos lentamente. Quando vejo que isso acontece, simplesmente me revolto com o mundo no qual eu quero poder amar, e jogo tudo para o alto, acreditando que posso realmente ser feliz sozinho e que nada poderá me deter! Entretanto, ao mesmo tempo o meu coração chora lágrimas de sangue que são derramadas lentamente sob a alma nua e crua no interior de meu corpo. Elas são quentes, muito quentes, e cada vez que uma cai sobre meu eu, sinto mais dor e a impotencia de poder mudar e ter importancia me atinge em escala exponencial... Tortura involuntaria para si próprio.
Ainda chegará o dia em que poderei sair satisfeito com tudo o que fiz, e realizado por poder ajudar em qualquer uma das situações. Sem ter medo do alheio e da consequencia de um ato puro e delicado, pois vou desconhecer a maldade e mostrar as respostas ao mundo que me pertence por involuntariedade! Assim, alcançarei Alkazam...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Verdade Encravada no Fundo do Ser

Todas as sombras são uma única, assim como todos os sonhos são um só. Tudo é um.

Delirando na magia da vida podemos ver que o mundo é ingrato com os atos nos quais nós realizamos. Vejo que não posso esperar nada de ninguém, apenas eu mesmo devo confiar em mim, para que assim possa ir mais adiante. Não temo por erros meus, e sim desatenção dos outros que me rodeiam e não deixam em paz. Alias, uma palavra bem pouco exercida essa paz; está na boca de todos, mas ninguém sabe ao certo o que é, ou como chegar lá. Eu procuro-a dentro de mim mesmo, pois algo me diz que as respostas para minha dúvidas estão todas em meu inconsciente, e que eu apenas não consigo me lembrar...
Sei que o tempo passa e com isso marca os fatos na mente de quem vive, como uma tatuagem que ficará em seu corpo até o fim da vida, assim são os momentos em que nós confrontamos à nós mesmos. As marcas das batalhas contra o eu interior estão em todos os lugares e nas mais simples palavras vê-se que a guerra continua. Na indecisão do próximo passo e na reflexão sobre qual caminho tomar, mesmo que todos eles levem ao mesmo lugar... Eterno lutador, não consigo me ver vendido pela força do destino, e me ajoelhar ao céu pedindo para que haja uma chance de poder tentar novamente. Fere o orgulho humano e destrói a alma aos poucos. Vai arrancando os pedaços do que eu creio, e deixando nua toda a filosofia em que me apoio para viver. Assim no fim da linha de pensamento, vejo que preciso apenas de mim mesmo para ser feliz, pois uma hora ou outra irão simplesmente puxar meu tapete e eu ei de cair de boca no chão... Das preocupações eu esqueço, ao me lembrar que posso recorrer a mim mesmo antes de dormir, para que possa coinsentir o que sinto com o que vivo, e em um súbito momento, sou independente de tudo e todos, apenas confiando em minhas energias e no destino que me guia... Assim eu continuo na Estrada...

Uma Viagem para Além de Alkazam

O Velho Conselheiro

Os personagens adquirem uma só voz e as sensações se transformam em pessoas, animais e fabulas de histórias loucas e sem sentido. Como em um sonho tudo se mistura e as coisas vão ganhando forma e cor. Palavras que não podem mais ser ditas, apenas reprimidas e mascaradas na imensidão da imaginação se perdem no tempo para entrar em um looping de memorias. Todos aqueles e aquelas sou eu e eu sou eles e elas daquelas histórias, e ao mesmo tempo não somos os mesmos e nunca fomos! Tudo se mistura, gruda, transpõe e se separa. Assim que é, assim que foi feito para ser, as palavras foram feitas para escrever, por isso elas não falam. Aqueles filhos distantes e esquecidos, ainda compartilham-me o coração, mas não consigo mais dar a atenção que eles deveriam ter... Até porque aquele tempo todo ficou somente nas lembranças doces que pudemos ter...
Com a felicidade encruada no peito, me permito voltar àqueles lugares que marcaram época e caminhar pelas mesmas ruas que um dia, jovem, eu corri. A cada esquina uma lembrança diferente e a certeza de que aquilo não pode e não vai voltar mais. E a cada passo, os olhos se fecham e posso ver tudo como um dia foi, claro que dessa vez tudo é mais feliz, e mesmo que um dia não tivesse sido, hoje isso pouco importa, pois no fundo de nosso peito (que é um só) sabemos que sempre somos felizes pelas experiencias prazerosas que pudemos vivenciar.
As verdades me vem aparecendo conforme vivo, e isso motiva mais e mais a buscar o amanhã, mesmo que nas noites eu sempre tente me refugiar desse mundo indo para o mais longe que consigo em meus sonhos e vivendo-os como se fosse real (e será que não é?). A mente se abriu para algo muito grande há tempos atrás e nunca mais quis voltar para que um dia foi, a inocência ficou perdida em meio a tanta escuridão e dessa metamorfose criou-se o que hoje sou então. Escolhas levaram-me a vir parar aqui onde escrevo, e foi o que permitiu que minha mente pudesse entrar em colapso ao começar a escrever e sem querer não conseguir mais parar, dai que vem os personagens mais loucos e inconscientes dos quais já vi. Por isso através de meus dedos falam várias línguas, são expressadas diversas emoções, descrevidas muitos experiencias e etc! Não sou um, não posso ser um, seria louco ao dizer que sou um só, e não voltei aqui já diversas vezes. Seria negar a própria existência e memoria ao fazer isso, terminar com as lembranças de outras épocas e me restringir a viver somente o hoje, sem pensar no ontem ou no amanhã. A intuição mostra o caminho à se seguir e o projeto de algo melhor tenta sair da mente, que não como proceder. Tudo tão confuso e tão sem nexo... O medo de ousar, de fazer diferente e de arriscar, se mistura com a dor de saber que irá magoar aqueles que quer bem, deixar tudo para trás acreditando que realmente existe um lugar para mim é o sonho acordado, é o fogo que não queima. Sair pelo mundo tentando encontrar algo que possa lhe dar a certeza de que realmente está certo e não somente vivendo à anos pela intuição que possui. Impossível já saber de tudo o que viria à acontecer sem que exista algo especial em seu ser.
Por isso não consigo parar de olhar para esses olhos, eles me fascinam e fazem com que me distraia ali durante horas e horas, falando sobre coisas que eu jamais teria imaginado que essa mente juvenil pudesse saber. Um olhar profundo que parece que lê a sua mente, mas ao mesmo tempo é tão inocente; quando fica com raiva se transforma no mais puro ódio e se vê que o fogo do olhar vai queimar te a pele! Embora que quando se acalme, passe a ternura e o amor em que todos procuram. Realmente possui algo de especial esse garoto em minha frente, pena que eu e meu velho leão não possamos mais nos aventurar pelo mundo buscando o que esse jovem, assim como eu, acredita existir. Já é tarde da noite e o estalar da madeira me tira do transe de seus olhos castanhos profundos, e com isso dou-lhe minhas últimas palavras para que tenha sorte ao iniciar sua jornada. Por fim, lembro-lhe que serei o Amigo Distante no qual ele me apresentou e disse existir, para um dia ele possa ter para onde voltar; o velho aqui fez o que podia e deixou-te o que tenho de mais preciso que é meu livro de magias, tomará que seja proveitoso, e com isso o garoto saiu pela porta de minha casa para nunca mais voltar... Embora eu esteja certo que ainda vamos nos encontrar sob a luz lunar, em um céu calmo que reina sob as brumas do mar...

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Velho Leão e o Tigre

O tigre envelhece aos poucos, e quando chega o dia em que ele sente que seu fim está próximo, afasta-se de seu grupo e morre sozinho, com a honra que ainda lhe resta.
Da mesma forma que o velho tigre, vejo-me envelhecer com o passar do verão, e nas memórias ficam as lembranças aquele tempo em que minha vitalidade conseguia expressar a ansia de viver. Do hoje, tenho a esperança de ainda existir para mim um amanhã. Da voz rouca e terna ouço minhas palavras ecoarem pelo aposento, palavras essas que proferem um amanhã para o jovem sentado em minha frente com os olhos atentos a cada movimento meu. Sua juventude me encanta e faz com que eu me veja no seu rosto jovial, aquele olhar de quem procura por aventuras e nunca está satisfeito sempre esperando mais e mais da vida na qual usufrui. Lindas virtudes tens o jovem garoto, a alma clama por guerras, mas não sanguinarias e sim guerras contra ele mesmo e contra o destino que se poe em seu caminho.
A conversa se transcorre e o tempo não nos dá tregua, entretanto falar com esse garoto é como se eu estivesse conversando comigo mesmo tempos átras. Queria eu que alguém tivesse me dito as palavras sabias que falo ao menino, ponho em sua mente de que um dia a idade irá chegar, e o quanto antes ele perceber melhor, pois assim não se esconde nos véus da velha desculpa de quem ainda é jovem demais para pensar nisso. O mundo moderno impos essa falsa verdade no coração dos jovens do amanhã para que eles acreditassem sempre que somente um um longinquo futuro eles iriam herdar a responsabilidade que seus pais possuem. Os meus erros se espelham na vida que amanhã virá que minha missão de honra é não deixar que o que fiz interfira no decorrer da vida daquele que ainda nem nasceu.
A sombra do tigre se perde na escuridão da noite e somente o brilho cansado de seus olhos é o que posso ver. Vim aqui me juntar a ele, para que possamos juntos refletir sobre o que nos espera além da Última Fronteira. Um tigre e um velho sem mais sonhos para seguir. No que fecho meus olhos e inicio meu eterno descanso, eles se abrem assustados, e vejo o teto de meu quarto. Parece que consegui me lembrar de algo muito antigo que um dia tivera vivido, mas ao me levantar vejo a velha foto daquele pequeno leão que possuo desde criança e vejo que meu destino tivera sido traçado muito antes de eu conseguir pensar. Mesmo com uma alma velha, conquisto a vitalidade, como aquele velho de meu devaneio, com a motivação de que haverá um amanhã em que finalmente irei de encontrar aquilo que vim para a Terra procurar...