domingo, 10 de janeiro de 2010

O Velho Leão e o Tigre

O tigre envelhece aos poucos, e quando chega o dia em que ele sente que seu fim está próximo, afasta-se de seu grupo e morre sozinho, com a honra que ainda lhe resta.
Da mesma forma que o velho tigre, vejo-me envelhecer com o passar do verão, e nas memórias ficam as lembranças aquele tempo em que minha vitalidade conseguia expressar a ansia de viver. Do hoje, tenho a esperança de ainda existir para mim um amanhã. Da voz rouca e terna ouço minhas palavras ecoarem pelo aposento, palavras essas que proferem um amanhã para o jovem sentado em minha frente com os olhos atentos a cada movimento meu. Sua juventude me encanta e faz com que eu me veja no seu rosto jovial, aquele olhar de quem procura por aventuras e nunca está satisfeito sempre esperando mais e mais da vida na qual usufrui. Lindas virtudes tens o jovem garoto, a alma clama por guerras, mas não sanguinarias e sim guerras contra ele mesmo e contra o destino que se poe em seu caminho.
A conversa se transcorre e o tempo não nos dá tregua, entretanto falar com esse garoto é como se eu estivesse conversando comigo mesmo tempos átras. Queria eu que alguém tivesse me dito as palavras sabias que falo ao menino, ponho em sua mente de que um dia a idade irá chegar, e o quanto antes ele perceber melhor, pois assim não se esconde nos véus da velha desculpa de quem ainda é jovem demais para pensar nisso. O mundo moderno impos essa falsa verdade no coração dos jovens do amanhã para que eles acreditassem sempre que somente um um longinquo futuro eles iriam herdar a responsabilidade que seus pais possuem. Os meus erros se espelham na vida que amanhã virá que minha missão de honra é não deixar que o que fiz interfira no decorrer da vida daquele que ainda nem nasceu.
A sombra do tigre se perde na escuridão da noite e somente o brilho cansado de seus olhos é o que posso ver. Vim aqui me juntar a ele, para que possamos juntos refletir sobre o que nos espera além da Última Fronteira. Um tigre e um velho sem mais sonhos para seguir. No que fecho meus olhos e inicio meu eterno descanso, eles se abrem assustados, e vejo o teto de meu quarto. Parece que consegui me lembrar de algo muito antigo que um dia tivera vivido, mas ao me levantar vejo a velha foto daquele pequeno leão que possuo desde criança e vejo que meu destino tivera sido traçado muito antes de eu conseguir pensar. Mesmo com uma alma velha, conquisto a vitalidade, como aquele velho de meu devaneio, com a motivação de que haverá um amanhã em que finalmente irei de encontrar aquilo que vim para a Terra procurar...

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