quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Série: O Quarto Onde o Dia Nunca Nasceu

O Quarto Onde o Dia Nunca Nasceu
Parte 2 de 2

Queria ter nascido desenho animado, para viver 12 ou 13 episódios, uma ou duas temporadas quem sabe mais, isso não importa, pois iria a felicidade de cada episódio e morrer sem deixar de existir quando chegasse ao fim da história. Reviveria a cada "play" que alguém desse e saberia que apenas as alegrias da fantasia estariam à minha espera, porque não teria de me preocupar com as incertezas do mundo e tudo acabaria bem no final... Ou se não haveria outra temporada. Teria uma aventura, uma paixão e conheceria o verdadeiro significado da palavra amor, com algo inocente e sem duplos sentidos, tão puro que transpareceria da humanidade que temos em nosso seio. Teria uma vida de aventuras, batalhas, romances e até mesmo mágia! Teria de fato algo à chamar de vida. Creio que assim minha alma se acalmaria, sentiria-me satisfeito por fim, sem esse vazio que consome a cada dia a inutilidade de objetivos fulos e sem profundidade, sem razão, sem importância.
Venceria por fim meu maior inimigo, não teria que ver ele tirar aqueles que amo sem piedade e também por ao léu minhas tão preciosas lembranças, venceria o tempo. Iria viver e morrer como se nada tivesse acontecido, pois estaria vivo para sempre na mente alheia que por gerações tocariam seus olhos em meu sorriso através do monitor. A vida da animação, do personagem, a minha vida, iria fluir pela tela e o espectador sentiria em seu peito a beleza dos sentimentos e quem sabe até entender um pouco do que se trata essa existência que chamamos de vida. Assim como eu faço agora. Busco mais do que simplesmente viver. Busco o que está além, a aventura de uma vida, as loucuras de fato loucas que se pode fazer e tentar descobrir o quão não-animal é isso que chamamos de amor. Algo que vai além do corpo, que acalenta a alma e não o corpo, que te faz descansar em braços cheios de plenitude onde não sentes mais seu interior pulsando e implorando por ser ouvido. Busco em mim mesmo a não humanidade, a intelectualidade que temos, sem se entregar ao instinto do carnal, sem se entregar ao animal que reside em nosso peito; tento controlar essa selvageria que meu corpo possuí.
Por fim tudo seria mais belo, mas vibrante e empolgante. Seria algo que de fato conheço por vida, mesmo que seja somente em minha imaginação. Continuarei aqui em meu quarto procurando por alguma coisa motivo ou razão que possa satisfazer totalmente esse desejo que impregna meu eu de tal forma que por vezes mergulho na escuridão das sombras da lua. O quarto ainda me acolhe e aqui é o lugar onde as reflexões conseguem chegar o mais próximo do que seria esse sentir a vida que tanto me fascina. Pois aqui consigo sentir a energia, por assim dizer, que circunda o mundo e faz as coisas acontecerem... Aqui da janela de meu quarto... O mundo ainda gira quando chega o fim e os créditos da nossa vida vem à tela do monitor...


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