quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Momento Oportuno

Vozes do Eu

Por vezes acreditei que deveria ser mais impessoal e assim fui-me restringindo a não falar certas coisas. Meus textos começaram a perder a vida e não sentia mais neles a vitalidade que antes pudera sentir, era como se tivessem mortos, ou apenas com menos intensidade. Eram sentimentos mascarados, as mesmas máscaras que condeno eu mesmo punha em meus textos. Tentava assim não falar de ninguém, de nenhuma situação e colocava outras coisas para que no fim tudo isso que realmente queria por para fora ficasse nas entrelinhas. Não digo que não tenha funcionado, até porque obtive resultados, eu ficava mais leve e sentia que aquilo tinha passado, mesmo que não por completo. Mas faltava algo, faltava a cereja do bolo a parte final da obra-prima assim como existia nas memórias de meu caderno.
Consegui descobrir a peça que faltava em meu quebra-cabeças, era algo simples, algo amador que eu havia perdido há tempos atrás. Era a simples paixão por escrever e só escrever, sem querer ou fazer para que alguém possa ler, sem esconder informações, pensamentos ou sensações. Perdi o que antes era eu mesmo descrito em palavras, e só quando ouvi minhas próprias palavras pude notar que essa era a mágia que havia naquilo que escrevia. Fui tão impessoal que as vezes tinha de pensar antes de escrever, refletir para saber como ficaria bom o texto, se teria nexo ou se encaixaria. Entretanto agora me pergunto: Porquê?Pra quê? Das primeiras palavras que escrevi pouco me importava quem iria ler, embora sempre soubesse que alguém um dia veria eu pouco me importava. Aquilo era pessoal, era eu afinal.
Agora tento resgatar o que eu acreditava ser o mais belo que possuía, que aos meus olhos nunca foi nada demais, apenas agia com o coração e nem pensava em como isso iria soar. De meus sonhos pude encontrar a chave que procurava, e não me culpem, pois o que escreverei aqui sou eu e minha vida, nada além disso. Minhas loucuras secretas que precisam de um escape, a imaginação que voa alto e a solidão sob a luz negra da lua. Coisas assim que pairam em minha mente e que há muito já ilustraram esse espaço, hoje irão retornar para me lembrar de seus marcas e cicatrizes. Espero que possa enfim dar mais um passo na procura do meu eu.

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