A Garota do Leopardo
"Corre, corra, correremos juntos não importa o que aconteça!".
O gritou ecoou no céu da floresta e tremulou as copas das árvores. Lá em um canto distante da selva estavam o leão e a leoa batendo em retirada de uma caçada que não havia dado certo e fugiam para um lugar no qual os dois pudessem pertencer. Agora os humanos haviam lhes tomado tudo e não resta abrigo para os nobres animais, que antes eram Rei e Rainha, hoje apenas fugitivos exilados de seu próprio reino. Quando o sol começa a se erguer no céu ouvi-se o rugido triste do leão quebrar a calmaria da manhã e arranhar o som do vento. A leoa, sua eterna amada não estava mais ao seu lado e o sangue banhava suas patas como se fosse um lago vermelho. O reflexo de seu rosto refletiu no sangue denso que descansava no chão ainda úmido, relevando o brilho tímido da água que caia dos seus olhos. Mais um rugido quebrou a monotonia e fez com que os passáros acordassem para enxer os céus, mas dessa vez o som que se ouviu emanava dor e sofrimento. Ainda viva ela perecia imóvel à frente de seu amado. Os olhos fracos mal e mal conseguiam ver a realidade ao seu redor e muito menos ela conseguia sentir o toque delicado da pata do leão em seu rosto.
Assim se foi a vida da Rainha, a Guinevere da Selva jazia no chão úmido sob aquele rio de sangue. Ela deixara seu amado sozinho no mundo o qual foi renegado, amaldiçoado a andar pelas intermináveis florestas daquele planeta preto e branco. Pois a cor de sua vida havia se esvaiado minutos atrás. Eis então que como se tivesse atendido o chamado da noite passada, surge sorrateiramente do meio da mata fechada a sinueta de um felino. O corpo esguio fazia movimento rápidos e precisos por de trás da vegetação e assim pouco a pouco prendia a atenção do leão. Então calmamente o animal saiu da mata para enfim confrontar o leão, era uma leopardo que viera ao encontro de seu Rei. Por um momento o leão paralisou, ficou imóvel e surpreso com o ser que tivera saído das sombras, entretanto sentiu o úmido sangue grudar entre seus dedos e voltou a si...
Nenhum comentário:
Postar um comentário