quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Em que velocidade você anda?

Rota 1991

As estradas correm rápido e passam por mim sem que eu perceba. Aumento a velocidade para não perder de vista esses sonhos malucos que fazem com que o motor continue ligado. O velocímetro começa a subir constantemente enquanto vou pisando fundo no acelerador, o vento começa a assoviar e parece até cantar as músicas mais loucas que me dizem para ir mais rápido mais rápido. Conta-giros não existe mais! As rotações são tantas e tão poucos segundos que o ponteiro já parou de funcionar. Enxergo apenas o sol no horizonte distante e sei que tenho que alcança-lo de alguma maneira, nessa corrida contra mim mesmo. Vamos deslizando pelas curvas e ultrapassando as barreiras do cotidiano, não ligo mais para essas coisas pequenas que se intrometem no meu caminho. Tudo é tão pequeno e passageiro, apenas tenho que aumentar a velocidade para não sentir-los passar. O pé afunda o pedal sem parar e o ronco desse motor me faz sonhar cada vez mais alto, voando baixo já nessa estrada sem rota certa. O circulo completo da vida roda em mim e apenas aquilo que de fato importa é o que está explicito no painel de instrumentos, nada de pequenos problemas sem relevância, coisas que serão apagadas perante a robustez da vida e do tempo. Para onde você vai? Para qualquer lugar que me leve para longe de mim mesmo, para um lugar onde possa eu ser sempre verdadeiro sem que me julguem com suas opiniões sem sentido, afinal eles não sabem o que sinto aqui dentro. Ninguém conhece minha lógica de funcionamento, por isso não tenho concerto. Talvez até haja um alguém que entende um pouco, que conseguiu ver que essa mecânica toda é mais simples do que aparenta e que há mais efeitos visuais que funcionalidade em si. O pedal do acelerador serve para aumentar a velocidade, o freio para não entrar rápido demais nas curvas e o freio de mão para segurar quando estiver caindo no declive. Simples e fácil. Sem marchas, sem embreagem.
A freada brusca trava tudo e faz com que os sonhos se percam no horizonte, logo após aquela curva dos 18 anos. E só agora com velocidade reduzida vejo que me perdi há tempos. Não reconheço mais esse caminho, mas quem se importa afinal? E o pé volta cair sobre o pedal. A frente impina e com uma força extrema tudo avança pegando novamente velocidade, se parar já era ficará para trás. Nunca pare, jamais pare. Tudo recomeça e a velocidade vem e vem. Esse ciclo, minha "mecanica" por assim dizer, já me falava "é como um circulo baby", e lá vamos nós de novo!

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