domingo, 28 de novembro de 2010

Alvorecer de Minha Casa

Alvorecer de Minha Casa

A mesma escuridão que ensinou, hoje maltrata. Faz com que sinta só e somente só, mesmo que esse mundo esteja povoado de diferentes e incríveis pessoas, aquele alguém ainda me falta. O alguém que acalentará a dor da alma, que irá entender o que se passa por trás de minhas cortinas, o alguém que vou correr pra abraçar. Esse alguém, ainda não achei. Então sinto-me só. Mesmo que o sol brilhe amanhã e me faça sorrir ao perceber que não dormi a noite inteira, o peito se aperta e me vejo novamente sorrindo sozinho. Olhando para o céu da alvorada quando o sol ainda não se elevou e seus raios começam a iluminar tudo ao redor, não há ninguém ao meu lado apenas uma lembrança perdida que sinto não ser minha, embora seja tão familiar. Os momentos que se seguiram até aqui foram levados a uma eternidade, onde eu sempre estava sorrindo e feliz, mesmo que no rosto isso não transparecesse, esse era o sentimento que pulsava intensamente dentro do peito como uma bomba-relógio.
De tudo que sempre considerei mais sagrado, sempre mantive no pedestal as memórias que jamais quis esquecer, tudo fotografado e catalogado pela mente. Pois sem elas com certeza cairia na singularidade que existe no fundo de minha alma, algo tão intenso e veloz que seria incapaz de sair dali. Já estive em suas bordas prestes à cair, prestes a me alçar naquele mar negro que clamava por minha presença e de alguma maneira sentia que se mergulhasse lá iria entender as razões disso tudo, matando para sempre essa insegurança de ficar imerso na escuridão da noite. Teriam braços quentes e delicados envoltos ao meu corpo gelado que cairia quase que imovel, sentiria o calor do amor fluindo do teu corpo ao meu em sincronia cosmica, algo que por éras já acontecia. Os anos me separaram disso tudo, dessas imagens amargas que vejo ao olhar para o poço escuro nas bordas da singularidade. Imagens que mostram as memórias que não são minhas, embora sinta que aquele seja eu, que aqueles olhos seja os meus... Isso tudo confude e abtrai meus pensamentos para o além do aqui e agora. Quero o que é meu por direito, quero poder voltar para o lugar no qual por éras chamei de casa, e ver a pessoa na qual jurei sempre amar. Perdi tudo isso nas areias do tempo e tudo virou pó neste deserto de estrelas. Ainda que não fosse ela mesma, e sim somente um reflexo do seu eu completo, não me importo eu queria voltar a encontrá-la em algum lugar que não meus sonhos. E se não ela, alguém que faça o mesmo, alguma alma que seja tão pura à esse ponto, que possa compreender tudo que existe entre o céu e a terra e ainda ver além dessa simplicidade de mundo. Ah... Escuridão me envolve quando sei que vou perder sem nem ter ganhado, a esperança voltará a brilhar fraca ainda que o sol esteja no alto e minha alma irá se acalmar mais um vez, voltando assim para o que antes era. Voltarei a viver no cotidiano de simplesmente viver sendo consumido pouco à pouco pela própria loucura da noite, onde os espirítos voam livremente e as estrelas dançam nos céus. Preciso voltar para casa e encontrar a deusa que lá deixei à me esperar, assim voltarei a ser aquele que sempre fui e tudo ficará claro como o amanhacer de ontem, quando sorri ao olhar para o céu e saber que não estava sozinho.

Um comentário:

Julia W. Gall disse...

Tu escreve bem ^^

Quem diria que um pseudo-encontro no supermercado me levaria à um texto que define tantas coisas que sinto?

Beijos!