segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mente de Palavras

A História Que Quis Esquecer

Quando fechar meus olhos e me perder em pensamentos, daí ainda assim será cedo demais. Cedo demais para falar, cedo para dizer que não. Nunca tive tempo para pensar, mas pensava o tempo todo e simplesmente não conseguia parar, os pensamentos eram coisas que me fulminavam com constantes ataques. Minha mente sempre andou em altas velocidades, e por vezes de tão rápido que ela andava, uma hora entrava em parafuso e o ritmo desacelerava da mesma maneira que antes ganhara velocidade. Assim tudo se acalmava e até os ventos paravam... Quando a minha voz você não mais escutar saiba que ainda me lembro de ti, por mais que queira esquecer e que em mim ainda vive um pedaço de você. A meia década se foi assim como a profecia que um dia eu ousei proferir, e o que ficou daquele tempo foram apenas as lembranças que flutuam no céu como bolhas invisíveis de sabão.
O vento suave do entardecer leva minha mente para passear pelas mais belas paisagens que posso imaginar; um lugar só meu onde só eu posso entrar. Tudo desacelera e a vida passar devagar, vejo tudo o que já se foi, todas as coisas que deixei para trás tentando encontrar o meu lugar, e todos aqueles que por mim já passaram. Vejo sorrisos, vejo olhares, ouço risos e gritos de felicidade. Que bom que estão todos bem afinal. Mas é lá do fundo, longe perto daquela praça, mais especificamente naquele balanço antigo que vejo os olhos que mais me encantaram, olhos rápidos, curiosos e profundos. Olhos que me levaram a loucura, que me fizeram crer em um destino que existiu só em minha fantasia. O céu tornou-se vermelho escarlate, onde as estrelas brancas brilhavam mais fortes do que nunca e eu senti o crepúsculo descer seu véu sob minha cabeça. Aqueles olhos me hipnotizavam e tiravam-me do eixo, fazendo com que meu pensamento se desgrudasse do corpo, enquanto o vento sereno esfriava a carne e o vazio começara a penetrar-me a pele. Lentamente meu mundo começou a perecer e meu corpo continuava imóvel apenas esperando que tudo acabasse quando o sol nascesse novamente. As nuvens formaram a tempestade, nuvens castanhas que refletiam a intensidade daquele olhar e o próprio céu que um dia me abrigara agora me intimidava com sua imensidão.
Se meu mundo possuía um núcleo, com certeza eu estava na frente dele naquele exato momento em que acordei. As nuvens brancas como algodão dançavam nos céus, enquanto meu corpo descansava deitado na grama verde do parque. Fechei meus olhos e devaniei em memórias que não eram minhas, mergulhei na imaginação da alma e vi tudo o que um dia sonhei que vivi. Mas nunca mais consegui me lembrar quem portava aqueles olhos que tanto me encantaram, pois eu apenas quis esquecer-la para em nenhuma vida mais lembrar.

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