quarta-feira, 16 de junho de 2010

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As Curvas do Tempo

Como uma estrada de uma só mão, que somente vai e vai... Belissimas histórias o tempo tem para nos contar, são tantas que nem sei por onde começar. Conheço aquela que nunca me saiu da memória, que depois que ouvi me reconheci na história... "Nada fazia sentindo naquele deserto e a tempestade de areia se aproximava lentamente. O anuncio dos céus estava dado, e tudo aquilo que conseguia-se ver estava pintado nas cores da solidão; Foi ai que então, que entre as nuvens de poeira pode-se avistar de relance aqueles olhos escuros no meio da tempestade. Quando tudo se fez escuro, quando as nuvens beijavam o chão, quando todos caiam de joelhos sem reação, quando as lágrimas escorriram lentamente, nesse momento uma voz ecoou pelo deserto e naquele mesmo segundo tudo parou. O mundo não quis se mexer. E no momento que veio depois..." Não sei mais da história... Hoje as palavras já não tocam a mesma música que um dia tocaram, hoje o véu iluminado pelo escuridão cai sobre mim e as coisas todas se disvirtuam em minha mente, como se nada fosse real. É em um dia assim que não consigo prever minhas ações, que sou uma caixinha de surpresas prestes a explodir. Todos sabem como é se sentir assim, afinal nós temos um limite no qual não é nada legal ultrapassar, e o meu já foi há tempos. Então não me venha com papinhos sobre amizade, amor, ou papos triviais, pois eu não aguento 'mais do mesmo', quero coisas diferentes! E por isso sigo caminhando nesse labirinto de imagens que se apresenta à minha frente... As lembranças estão todas expostas nesses corredores, cada curva um momento, cada momento um sentimento. O mix de épocas chega a ser hilariante, ou nostáugico mesmo... Quem sabe até triste. A melancolia toma conta dos corredores repletos de imagens da minha mente, onde o pensamento viaja livre podendo encontrar um lugar para se reconfortar. Nos vidros das janelas apenas o reflexo do que um dia foi o meu rosto, sempre iluminado pela lua, sempre tocado pelos ventos, sempre sem expressão. De uma lado minhas memórias, do outro a rua que vejo aqui de cima, onde a fina chuva cai lentamente e vai lavando tudo o que possa existir lá fora. Uma realidade na qual não quero aceitar, não quero fazer parte. Olhar naquela parede cheia de lembranças me doi o peito, me faz lembrar o quão bem eu já estive, o quão bem já fingi estar. Só o suspiro profundo consegue demonstrar o que o coração sente agora, pois não há palavras para isso que reside aqui dentro. Ainda assim, é um lindo labirinto, cheio de curvas e passagens, onde eu mesmo me perco no tempo e fico por lá andando em circulos. A cada esquina uma nova época, uma nova imagem aparece na parede, é quase como se eu vivesse aquilo tudo de novo... E numa dessas curvas foi que eu vi, tudo aquilo que sempre quis fugir. Estava tudo lá! Não tinha para onde ir, e por um momento paralisei de medo, minhas pernas não se mexeram e a mente levou uns segundos para perceber o que acontecia. Como uma manada descontrolada elas surgiam umas por cima das outras, sem ordem ou nexo, todas aquelas imagens embaralhadas faziam a mente entrar em parafuso e as sensações cresciam exponencialmente! Tudo começou a girar e os sons vinham na mente, enquando a velocidade só aumentava e aumentava; queria gritar, mas a voz não saia, meu sentidos não respondiam e não havia nada que conseguisse parar aquilo tudo. Foi quando que do nada tudo parou. As imagens todas subiram de uma hora para outra, e até as paredes pretas se tornaram brancas. Os primeiros raios de sol se arriscavam a sair e não havia mais vento algum ou qualquer resquissio de chuva... Assim passou. Tudo o que você lembrou se foi, foi junto com a tempestade. Algo grande estava se apróximando e quem sabe não chegou...
Quando tentei levantar, tirar as mãos da cabeça e abrir os olhos, percebi que tivera não apenas aberto os olhos, mas também tinha acordado desse meu sonho maluco. No rosto apenas uma marca liquida do que a mente pensou e o coração sentiu. O que as palavras não conseguem dizer e só o tempo pode mostrar em seus labirintos."
O garoto ainda corre na correnteza da estrada e se deixar levar pelo fluxo intenso, pois sabe que não deve olhar para trás mesmo que tenha a vontade de correr no sentido oposto.... .

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