One Step Closer
Sempre que chego à beira do precipício paro antes de cair. Por mais vontade que tenha de me atirar, deixar o corpo livre pra voar e sentir o vento penetrando nas minhas entranhas, eu tenho medo. Tenho medo de ter que encarar tudo o que por anos eu posterguei, que por anos eu deixei para depois. Gostaria de não ter esse trauma, essa impossibilidade de terminar as coisas, finalizar elas como deveriam. Ficam agora flutuando em minha mente, como velhos navios ancorados no porto do esquecimento.
No caminho até este canyon, a coragem cresce dentro do meu peito e o infla de maneira que penso que finalmente tudo terá um fim, e minha boca não irá secar quando eu tiver que pular. Mas quando vejo aquela imensidão à minha frente, aquela paisagem que sempre admirei e sempre temi, essa paisagem me amedronta! Logo eu que já enfrentei coisas piores e sobrevivi; eu que disse que jamais teria medo de alguma coisa, esse eu que falou isso, treme ao ter de pular no desconhecido. Não sei a altura, não sei se vou sobreviver, não sei o que vou encontrar lá embaixo. E o pior... Não confio em mim. Nunca confiei, não para isso. Entretanto a cada passo que dei na direção do penhasco eu sabia o que estava à me esperar... Toda essa sensação de não ser nada diante dele, de ser apenas um pequeno ponto parado em sua borda. Foi assim que temi, o que viria a seguir e nem ao menos dei o primeiro passo, pois preferi não arriscar.
Dia após dia isso vem em minha mente, porque as oportunidades para pular são as mais diversas e toda a hora se apresentam em minha frente. Algum dia ainda ei de aproveitá-las, e enfim terminar com essa aventura que já me tomou tempo demais... Tempo demais...
Um comentário:
vai perder a virgindade?
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