Sopro da Negação
Das minhas loucuras não me pergunte, pois sempre lembro do que quero esquecer e talvez por esse lembrar eu nunca quisesse realmente esquecer. Isso bate na cabeça como um martelo contra a rocha, inútil e incessante. Os anos passam e tudo que muda continua igual, afinal eu ainda sou eu e você é você, nunca fomos realmente nós. E em todos esses anos, mesmo com os diversos nomes passando por mim e por você, algo ainda me faz crer que seríamos o melhor um para o outro, embora o melhor nem sempre seja o almejado. "O ótimo é inimigo do bom", mas não será que é apenas o medo que nos impede de buscar o ótimo? Talvez um certo receio paire sobre nossas cabeças e não deixe que os olhos vejam o que estava ali o tempo todo.
Nestes velhos móveis eu vejo tudo o que um dia deixei para trás, nestas velhas fotos vive a essência do que um dia foi vivido, e assim são evocadas ondas daqueles sentimentos antigos que viraram fósseis em meu peito. Cada dia que se passa é tempo perdido que não voltará, e sempre quando penso que não voltaras, o peito dói. A loucura bate minha porta todo o dia e toda a noite ela entra, fazendo-me delirar em prazeres que nunca experimentei. Os olhos se fecham e neste mundo sim eu posso fazer com que sejamos nós - ao menos uma vez -.
Por mais e mais que negues, sei que um dia alguma coisa aconteceu. Que teu peito pulsou diferente e teus olhos brilharam mais quando tocaram os meus, embora não saiba porque isso tudo morreu, sei que um dia viveu. E o passado é inegável, o que está feito, está feito. Agora uma última observação: jamais fale de amizade em minha presença, pois sei muito bem do que se trata e nunca alguém irá achar um amigo mais fiel do que eu. Assim como tu jamais irás ter-me como amigo... Pois o que sinto, não chama-se amizade e isso você não pode negar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário