"E de pensar nisso tudo, eu homem feito, tive medo e não consegui dormir". Jamais tivera saido da mente, nem enquanto os anos passavam e as estações mudavam. Foram verões e verões em que os olhos brilhavam vazios, embora cheios de lágrimas. A cruz e a espada cruzavam o céu e estremeciam os relâmpagos luminosos que se espelhavam entre as nuvens da tempestade. O céu castanho fazia-se misterioso como nunca, e cada minuto pareciam dez semanas, assim ele se perdia em si mesmo acreditando que ainda era cedo demais.
Em um ano desses, em que o mundo parecia-lhe sempre cinza, a praia e o mar o convidaram para dançar entre as pedras e as ondas. Um ritmo que ninguém jamais tivera visto, - que ninguém viu - onde a naturalidade em que seu corpo encaixava cada movimento, fazia parecer que ele e o mar eram um só. Uma linda cena de tristeza que combinava muito com aquela noite sem luar. Cena que com certeza se tivesse voz acordaria a cidadela inteira, tamanha era a dor que transmitia. Entretanto os anos fizeram com que as décadas passassem, e as muralhas virassem pó. Assim mais uma vez o sol voltou para o seu horizonte, fazendo com que as nuvens se dissipassem e os ventos mudassem. Já não se sentia mais como apenas um grão de areia ou uma gota d'água, agora ele era o mundo, ele era metal, raio, relâmpago e trovão! Por fim se reencontrou e passou a falar a língua dos anjos e saiu em uma aventura para lá de Angra dos Reis. E em nossa memória ficou apenas a lembrança de alguém especial que se fora jovem e cedo de mais. Embora alguns acreditassem que alguma coisa tivera acontecido, pois estava tudo assim tão diferente, eles ainda não realizavam que nosso Johnny se foi para nunca mais voltar. E deixou em nossa mente uma dúvida que ele jamais responderia: "Será que vamos ter que responder pelos erros a mais eu e você?".
Músicas/frases citadas e /ou referênciadas: Legião Urbana
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