terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pelas Ondas da Vida

Os Caminhos do Deserto

Eles corriam e achavam que eu ficava para trás, mas mal sabiam eles que aquilo que viam, aquele eu lá parado era uma mera ilusão, uma miragem. Afinal eu estava tão distante que jamais poderiam me alcançar novamente. Sem perceber todos correram em círculos enquanto continuei em meu ritmo leve e sem compromisso, mas em uma tangente que andou reta na direção que hoje eles pensam seguir. Olham para trás e enxergam apenas aquilo que querem, a sua própria imaginação, isso talvez por que tenham medo de olhar para o horizonte e me ver sabendo que jamais irão conseguir me buscar. No momento em que todos eles começaram a engatinhar por essas estradas da vida, os mais espertos como eu já arriscavam ficar em pé, embora eu admita que demorei mais tempo do que eles para conseguir caminhar. E quando o fiz já pude correr, entretanto pela competição deixei com que eles não soubessem e assim achassem que estão à minha frente. Por obra do destino o tempo parou para eles quando andavam à passos largos e ligeiros, mas sempre dando com a cara no chão arenoso daquelas paisagens desertas. Não tive medo nem receio quando precisei me levantar, pois como qualquer um eu também tombei algumas vezes e já dei meus chutes no chão, ou pulei para tentar voar. Quem nunca fez, não é mesmo?
Dessas advercidades houveram várias, incontáveis na verdade, e mesmo assim nunca deixei de crer que andaríamos todos juntos em direção de algo que não sabíamos ao certo o que era, mas tínhamos a certeza de que estava lá no horizonte em algum lugar. Entretanto essa verdade não se realizou, uma vez que nossas estradas foram separadas por nossas próprias mentes e eles começaram um à um a andar em círculos. Como se fossem órbitas todos se alienaram da estrada que nos guiava e se perderam para mim no meio da tempestade de areia do deserto bem quando o Sol cruzava a linha do horizonte emanando um laranja que cansava o corpo e quase fazia com que o tempo parasse. E acho que realmente parou para alguns deles...
Bem, sei que ainda retornaram a consciência e tentaram correr mais rápido do que o vento e que a luz do Sol, por isso torço para que não percam o equilibrio e caiam. Tomará que possam olhar para o horizonte e ainda ver o meu vulto no meio do Sol laranja do fim de tarde, porque se não creio que será tarde demais para alguns deles que ficaram eternamente distântes do tão sonhado futuro que nós um dia devaniamos em ter.

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