domingo, 21 de março de 2010

Streets of Nowhere

Sem fim, e sem nenhuma certeza, apenas com a consciência que terá de caminhar muito ainda para chegar à algum lugar. Nessa filosofia o caminho se estende até o vão e o infinito se faz real, mesmo que seja tão difícil de se enxergar. Mas algo diz que todo o sofrimento da jornada será recompensado no final, e quando o final chegar as flores de lótus irão se abrir para a nova vida que ali se põe para transpor a que se vai. Lindo e triste, pois a felicidade chegou tarde demais para um lar que já não possui mais esperança, e se esvaiu há tempos atrás. Hoje faz anos desde que me lembro de ter começado a trilhar essa estrada, estava sozinho como agora, entretanto nunca pensei que não iria conseguir continuar meu caminho. Pois acreditava em algo maior que me guiava e que não deixaria com que eu me perdesse de minha rota, mas eu estava errado afinal. O que se mostrou à mim foi uma grande incógnita que jamais consegui resolver e que de período em período mudava e se transformava em algo totalmente novo no qual eu nunca tivera visto antes, sempre novo sempre diferente do anterior. Como só havia a mim naquele lugar, tive a impressão que seria eu o responsável por decifrar tal mistério e quem sabe até obter alguma resposta para as perguntas que nasciam em minha mente. Fui ingênuo e paguei o preço, porque esqueci-me do caminho que seguia e me perdi em meio a imensidão do local pelo qual passava, e agora não tinha mais como voltar. Simplesmente me perdi naquilo tudo que estava a minha volta e o que via começou a girar em alta velocidade e sem perceber apaguei e cai. Quando me dei por mim havia uma fogueira e algo me protegia do calor da noite, era um corpo, um corpo lindo que brilhava à luz do luar, uma pele macia e quente que me protegia de todo o mundo que estava ali fora. Me senti como se estivesse no centro do universo e que aquela ali junto à mim era a mãe de tudo que existia, era a grande força na qual eu acreditava, e então sentindo-me seguro adormeci novamente.
Quando acordei com o sol do novo dia, já não havia mais vestigios do que acontecera noite passada, então pensei "por quanto tempo será que fiquei de olhos fechados?" . Pois para mim parecia que apenas algumas horas tinham passado, mas o tempo me foi cruel e fez com que eu dormisse em sono profundo por dois longos anos, assim a alma se desprendeu e o corpo agiu por si próprio. Tive então que continuar minha caminhada incerta, apenas com as lembranças do passado e na esperança de recontrar alguém que possa me dar pelo menos um pouco do que senti naquela noite com aquela que jamais terei novamente. Hoje então sigo por essas ruas desertas em um lugar no qual não mais reconheço, mas ainda sei que isso aqui é a estrada na qual eu comecei a trilhar há tempos atrás, vamos assim rumando o futuro pelas estradas de ninguém....

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