A Praia
Vi o futuro se transformar em passado bem à frente de meus olhos, tanto que eles secaram repentinamente e meu eu se perdeu ao tentar ser. A mare estava baixa e as ondas estouravam tão tranquilamente que não percebi o tempo passar como deveria de ser. A brisa maritma alisava meu rosto com tanto carinho que me sentia novamente no colo de minha mãe, ah como eram bons aqueles tempos... Apenas a música, minha inocencia e a praia vazia. Depois de tudo o que fiz não sei como ainda tenho coragem de voltar para cá, de olhar para algo que reneguei, que gritei aos céus que não queria mais, como posso ser tão assim... sujo... Mas eu consegui mentir bem até, todos sempre acreditaram que eu era feliz e nenhum deles jamais viu uma lágrima sequer sair de minha paltebras. Fiz tudo isso sem nem ao menos uma vez olhar para trás, e quando essas memórias me veem à mente sinto tamanha vergonha que a única vontade é de simplesmente desaparecer daqui. Ver algo além daquela névoa seria difícil demais para olhos comuns, mas os meus eram como fárois à noite em uma estrada, pois podia ver aquilo tudo que as pessoas não falam e nem sabiam. Com isso vinha a sensação de já ter vivido diversas situações o que fazia com que me confundisse e não conseguisse distinguir entre lembranças e devaneios. Entretanto eu estava ali novamente, onde tudo quase começou, o inicio daquele fim que eu ainda estava por conhecer. Ali, na minha frente.
O vento já soprava um pouco mais forte no fim da tarde e as ondas começavam a estourar com violencias nas pedras da encosta. Se fosse a primeira vez que eu estivesse ali, com certeza estranharia ver o céu nesse laranja quase rosa que abraçava o azul e tocava as águas lá trás no horizonte. Mas meu olhar estava tão longe dali que não me ative a essas belezas da natureza, pois eu viaja muito além do horizonte que o mar podia me mostrar. Era incrível demais aquele momento, por mais nostáugico que fosse, era demais! Internamente estava revivendo tudo o que me levou até ali e essas lembranças todas conseguiram me arrancar um sorriso modesto, quase que um riso, porque tinha me dado conta de todas as besteiras e peripécias que fiz. Nada que não me orgulhasse, mas algumas simplesmente tinha vergonha de lembrar. A brisa do mar banhava meus cabelos e ofuscava minha visão, fazendo com que eu realmente me sentisse um garoto à beira do mar, sentia até a areia fina nos meus meus pés descalços, tal como quando era uma criança. Era tudo tão natural que chegava a me assustar. Até então eu vivera sempre naquelas fortalezas de concreto e tinha me esquecido de como era bom se sentir em casa, se sentir querido. Porque afinal era assim que o vento da praia e o mar me recebiam de volta, eu estava de volta ao lugar no qual jamais tivera de ter saído. Mas dessa vez era diferente, pois meus olhos repousavam sobre algo que antes não estava ali, tenho certeza que não!
Eu teria percebido se estivesse aqui esse tempo todo, com certeza eu teria notado a presença desses olhos castanhos como a tempestade que repousavam nos meus e aquele sorriso que acalmava minha alma... Teria percebido...
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