quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ouça, por favor..


Névoa Mental

"E são das besteiras, das pequenas coisas, que nascem os mais profundos lagos de sentimentos tenebrosos. É do alheio, do cotidiano saturado que provém aquilo tudo que meus olhos estão cansados de ver, pois todo o dia tenho de cumprimentar essa 'coisa' que dorme aqui em meu quarto. Ela se esconde nas sombras que os movéis fazem, e brinca comigo como uma criança de cinco anos faz com seus tios. Não tenho mais forças para brincar, ela já me cansou demais e o sol demora à nascer a cada dia, e por vezes ainda, nem com a vinda do astro-rei ela vai embora. Santa insistencia, só pode me amar! Mas... Se eu pensar bem, acho que viver sem ela seria dificil demais, até porque ela me faz companhia nesses dias frios de Julho, quando os ventos sopram mais fortes e as tempestades são mais constantes. As músicas que embalam o ambiente fazem com que uma penumbra aconchegante caia sobre o comodo que aos poucos vai escurecendo com a entrada da luz negra da noite, que mancha as paredes com as sombras que cria. A mente se perde na estrada imaginária e em uma curva do relógio se vai sem rumo e nem tempo; os trilhos do trem ficaram para trás, mas eu ainda posso sentir o vagão acelerar! Não sei o que há embaixo dele, por onde ele anda, mas vou acelerando mais e mais só para sentir aquela velocidade em meu corpo quase como se pudesse voar!
Pena que ao olhar para baixo... Vejo o que o trem destruiu e agora sei que não há mais volta para concertar aquilo que deixei para trás... Me vejo em meu quarto, bem onde estava minutos atrás antes de delirar em algo que penso ser um sonho que tive, mesmo estando de olhos abertos, ou eu acho que estava... Enfim, não importa, pois agora devo continuar a minha busca eterna pelas palavras impronunciaveis que pairam no ar de meu quarto. E é quando aquele ser que ali estava, espalhado em minha cama me diz: "Pare de tentar fugir, de tentar encontrar algo que você sabe que não vai conseguir, deixe esses sonhos bobos para trás e venha comigo que vou lhe mostrar um mundo bem melhor e que não vai machucar você". Por um momento a proposta tentadora me pareceu ótima e abri a boca para concordar, entretanto foi ai que notei a face que se escondia por de trás de seu rosto, e virei as costas para ela dizendo o que ela não gostaria de escutar: "Prefiro morrer sozinho à ter que ir à alguma lugar com você Solidão". Então me ative a segurar minhas lágrimas, pois sabia que eu havia acabado de profetizar aquilo que o destino tinha reservado para mim..."

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