sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Lenda Lendária II

"Se dependesse dele, acho que nunca tivera saído daqui. Mas é uma pena que sua vontade não possa ser ouvida, ainda mais quando é dele que estou falando, Lucadin.[...]"

Folha 16,
O Rei Sem Reino


"[...]Não havia como não gostar dele, desde o primeiro momento que o vi, senti algo estranho por ele... Sabia que era ele, era dele que Fel havia nos falado anos atrás! A bondade que seus olhos emanavam ficou gravada em minha mente e aqueles profundos olhos azuis me facinavam de tal maneira que minhas damas chegavam a me questionar sobre o que sentia por ele. Mas não era o que aquela fofoqueiras imaginavam! Era uma admiração incrível que eu não consegui nunca explicar ao certo. As vezes até acho que senti a mesma coisa que Burmel disse que sentiu quando viu Lucadin pela primeira vez. Não era possível que não me sentisse calma e tranquila quando ele estava ao meu lado... Isso é tão confuso que chego a me perder, mas o via como se fosse o pai que eu nunca tive, um alguém o qual poderia confiar de olhos fechados que jamais iria me trair. Acho que tudo isso veio porque Fel e Fio haviam falado dele e o mandaram para nós.
Lucadin... Aos poucos conseguiu conquistar todos do palácio como se fossem seus parentes! Era estranho, pois quando mais gente se aproximava mais alegre ele ficava, odiava ter de ficar sozinho e isso eu nunca entendi muito bem porque. Afinal nunca me contou muito de seu passado, somente umas histórias loucas que ouviamos junto das crianças. Até hoje sonho com aqueles contos cheios de mágia e aventuras por lugares que nunca tivera imaginado existir! Ficava me perguntando como alguém podia ter uma memória tão boa e ter viajado tanto sendo tão novo... Tanta foi minha curiosidade que um dia não resisti e quando as crianças já tinham dormido, não resisti e pergunte para ele, na frente dos outros mesmo! "Há quanto tempo já vives nessa terra Lucadin?". Eis que recebi a resposta que jamais pensaria, pois ele sabia que se falasse a verdade nenhum de nós iria levá-lo a sério, então me disse bom sua voz terna e calma "Comecei a viver quando encontrei todos vocês, foi ai que entendi o que era viver". Sabio aquele Lucadin, terminou a frase olhando para Lena, que não se conteve e o abraçou emocionada com suas palavras. Ele era parte de nossa família, parte de nós... E somente mais tarde fomos descobrir toda a verdade sobre ele e o que escondia em seu peito.
No dia em que partiu ele prometeu a todos nós que voltaria, embora não tenha nos dito quanto, disse que voltaria. E nós como bons amigos que somos, o prometemos esperar pelo seu retorno de braços abertos, pois mesmo não sendo o seu povo, erámos sua familia e seu lar. Lilum ainda o fez prometer que viria vê-la, aquela garota por mais nova que ela fosse tinha plena noção das palavras que falara e sabia que o velho Lucadin não iria resistir e dizer não a uma pequena menina como ela. Vovô Lucadin, como ela o chamava se foi para até hoje não voltar... Creio que jamais o verei novamente, mas sei que em algum lugar ele ainda pensa em voltar para sua casa, sinto que está vivo! Perdido em algum canto do mundo, chorando em certas noites quando pensa nos anos que passamos juntos. Mas um choro não de tristesa e sim de felicidade com lágrimas doces que rolam por seu rosto assim como rolam por meu agora em meus últimos momentos. Sim meu 'pai' reservei estas últimas folhas para ti... Somente para ti. São as folhas que tu me dastes aquele primeiro dia em que você chegou ainda assustado com a 'calorosa' recepção que Lena lhe deu. Sei que podes sentir os nossos corações que chamam por ti, pois sempre conseguira falar as palavras certas tanto para mim como para Lena e acalentava-nos como se fossemos suas filhas. Ah Lucadin... Nesses meus últimos momentos gostaria de poder te ver mais uma vez... Porque sei que quando eu me for, demorará demais para que tu se junte à mim e Darlan, que me espera lá em cima... Ainda tens que fazer muita coisa meu 'pai' e por ti eu estarei sempre, sempre, esperando. Não tenho mais forças para escrever e sei que sabes das palavras que meu coração não encontra maneiras de expressar neste papel, o máximo que consigo por aqui é um simples: Amo você meu pai. Tomará que um dia possas ler isso e ver as marcas que deixastes em nós aqui em Lovena... Adeus papai, adeus Lucadin..."


Tifflen Arden, rainha de Lovena

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