terça-feira, 13 de setembro de 2011

The King of Montain

The King of Montain
The end has begun

Das loucuras de uma mente solitária retirasse a vida que ainda sopra por entre os pensamentos e deixa-se perecer o corpo pesado e imóvel. Todos os dias que viveu se foram pelas águas que descem serra abaixo, correndo e correndo, ligeiras e frias como um dia ele fora. O rei se foi e de seu império apenas sobraram os escombros do que ele construiu com as próprias mãos. Em cada pedra levantada tinha a benção do sangue do rei, e assim a cidade era sua, ele era ela e estava tudo vivo, tudo junto e unido. Entretanto o inverno havia de chegar e assim as rajadas de neve vindas da Sibéria puzeram toda aquela fé em teste. Não tardou para que o frio culminasse os lares dos cidadãos, pois nem o fogo tinha mais calor para aquecer as peles enrijecidas pelo gelo. Era como se o Império todo recaísse sobre uma maldição, fazendo com que os homens não pudessem mais ter a água que antes o abundava, uma vez que os lagos tornaram-se imensas pistas de gelo liso. Um gelo tão lindo e limpo que refletia a imagem dos que chegassem perto e por vezes notara-se dois Sóis no horizonte vermelho.
Tanto fogo e calor havia para além daquela terra, mas ali nada penetrava se não o frio que vinha do norte. Implacável, temível e mortal. O rei via seu povo morrer dia após dia e perecia sua maior criação sem que nem ao menos ele pudesse agir. Conseguia sentir que aos poucos ele também morria, mas não poderia simplesmente deixar para trás o que conquistara com seu esforço e suor, nem mesmo ele podia ser tão cruel. Devia ele ter de permanecer ali até o último de seus dias, o rei da montanha não poderia jamais deixar seu castelo. Ele não pode perder para o frio, para o infernal inverno! Jamais! Sua honra seria manchada na história e relembrada até o fim dos tempos. Seu castelo em gelo fora tomado, o frio era um inimigo que não tinha piedade e que nem o fogo conseguia enfrentar. Seu exercito se foi para terras quentes e até sua Guarda Real havia congelado. O reino pairava em silêncio e seus mortos jaziam em gelo, apenas o rei vivia, sentado em seu trono à espera de seu carrasco. Eis que passos surgem no salão cobertos pela névoa gelada que circundava o Império todo. Subia pelos degraus em passos curtos e silenciosos uma mulher alta vestida de azul e branco... Adentrava a sala do trono, a Rainha do Gelo...   

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Um Bom Amigo, Uma Homenagem

O Despertar de Uma Estrela
Parte 1

Era uma noite como outra qualquer, o céu, as estrelas, a lua e o vento do inverno. Tudo como sempre foi, tudo como sempre esteve. Ou pelo menos era assim que ele lembrava que era: tudo pacato, tudo sempre igual e as mesmas pessoas que por vezes se alternavam, trocando seus rostos e gostos, mas no fundo todas elas possuíam a mesma essência.
Pela janela de seu quarto entrava a luz do luar que criava desenhos abstratos nas paredes brancas e no teto. O movimento das árvores dava vida a suas sombras e o ritmo lento do assovio do vento fazia com que a cena tivesse até trilha sonora. Já passava longe das vinte e três horas e amanhã ele teria que ir até a igreja, a final os últimos dias tinham lhe tirado toda a vitalidade e isso só poderia recuperar em pleno silêncio, orando para seu Senhor. Ainda mais que tivera digo a ela que iria encontrá-la para que saíssem depois, ou seja, teria mesmo que acordar cedo no sábado. Entretanto o medo penetrava-lhe o esqueleto ao lembrar do sonho que acabara de ter. Ele segurava uma espada grande e pesada com adornos prateados e pequenos cristais azul turquesa, o sangue escorria pela lâmina em um vermelho escarlate que exalava um odor forte de ferro. Aquele não era ele, não podia ser! Jamais iria brandir uma espada contra alguém! Quem dirá ferir alguém para sangrar tanto! Ao seu redor a escuridão o dominava e lentamente seus olhos começavam a enxergar o lugar onde estava. Embora as lembranças do sonho fossem embaçadas e difíceis de recordar, a sensação de aflição agora permeava no peito tal como no sonho. Seus olhos se voltavam para o teto do lugar e as pinturas dos anjos lutando contra os demônios do Inferno pulavam para cima dele como se estivessem vivas de tão amedrontadoras. Seu corpo tremia e suava frio com o desespero de não entender nada. Ele fechou os olhos para tentar lembrar-se mais daquele pesadelo e sem querer acabou por adormecer por alguns segundos... Agora estava dentro de seu sonho, vivenciava-o mais uma vez, embora pensasse que eram apenas lembranças. Dessa vez reconheceu os bancos da Igreja; alguns estavam estilhaçados, outros quebrados e jogados para os cantos do salão como se tivessem sido arremeçados por algo ou alguém muito forte. Mas os que lhe chamavam a atenção eram os mais próximos dele, pois esses estavam cobertos de sangue e o cheiro de ferro ardia forte em seu nariz. Ao olhar para o chão ao lado do banco seus olhos esbranquiçaram, a espada bateu forte no chão e o som do metal cortou o silêncio como uma foice rasga o ar. Não podia acreditar, não podia continuar olhando para aquilo, ele não podia, não! Simplesmente NÃO!
O garoto acorda com um grito que ecoou na noite e tocou seus ouvidos com a clareza de como tivesse sido proferido ao seu lado: Elioooooot!! Em algum lugar essa voz feminina chamava por ele...

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Supernovas Austrais

Janela do Passado

Daquelas noites mal consigo me lembrar, quando o vento soprava lento lá fora e eu ficava sentado na janela a contemplar o tempo ir e vir. Passavam por mim anos e anos de vidas que não eram minhas, e diversas lembranças de tempos que não recordo de viver. Meu olhar buscava o longe, o inóspito lugar onde deveria ser meu real lar. Enquanto a mente me trazia toda a experiência de tempos que já haviam passado há muito tempo atrás, apenas para que eu pudesse aprender sem errar novamente.
E assim passaram-se anos e anos dentro de mim, sem que eu pudesse perceber. A memória daqueles dias é conturbada e sempre penso que aconteceram no ano passado, no mês passado, na semana passada... Faz tanto tempo, mas faz tão pouco. Sinto que se olhar para trás encontrarei toda aquela vida ali, me esperando como o de costume; todos aqueles sonhos e olhares, os corações abertos para amizade que amadurecia em nós, tudo aquilo que me foi tirado pelo tempo. Nunca quis crescer, pois no fundo eu sabia, tinha certeza de que um dia tudo isso que era bom, seria deixado de lado pelos caminhos da vida e com isso eu perderia parte de mim. Nós morremos dia após dia... Embora eu sempre tente ressuscitar o meu eu que já perece no passado de ontem. Ontem 1996, ontem 2000, ontem 2004, 2005... Ontem 2006, 2007 e 2008. Pois ainda estamos em 2009 e ano que vem teremos completado a primeira década dos anos 2000. Vejo que amanhã estarei de barbas brancas a contemplar o mesmo céu de décadas atrás, mas meu pensamento ainda estará voltado ao passado que se torna presente dia a dia. Meu eu jamais aceitará que o tempo passa, e passa rápido, pois é de meu ser crer que nunca serei "grande" o suficiente para andar sozinho. Não consigo matar as memórias que pipocam na minha mente, assim como não posso conter as lágrimas que me vem aos olhos ao lembrar de certos momentos da vida. O tempo é cruel, e por mais lento que alguns dias possam parecer ser, nossos anos serão sempre resumidos à poucos momentos, poucos mais eternos que marcarão nossa passagem pela Terra. E se assim for construirei algo que nem o tempo poderá destruir, uma estrutura tão forte que as rajadas de vento não poderão derrubar, e lá no topo estará o celebre monumento à vida eterna que ali jaz.
Ainda vou lembrar de tudo aquilo que quis esquecer, de toda a vida que joguei fora em cada esquina que passei, por cada rua que andei. E em cada lágrima que se foi com o vento haverá uma memória, um fragmento meu. Quando para aquela velha janela eu retornar, tenho a certeza de que se olhar para trás, verei todos eles novamente, assim como os conheci com sorrisos estampados no rosto e prontos para enfrentar qualquer coisa. Daí então poderei me juntar à eles para lá do aqui e agora, onde o vento sopra sem soprar e minha mente poderá enfim descansar...

domingo, 14 de agosto de 2011

Histórias Noturnas

Emissário do Destino
Prólogo Negro

O olhar profundo era direcionado ao céu na busca de algo que não estava lá, mas parecia ser o melhor lugar para se procurar. Além do mais a noite convidava para ser apreciada, com as estrelas tingindo o tecido azul escuro do céu com um branco cintilante e tênue. A calmaria do momento não expressava o que se passava ali bem debaixo do universo, pois era visível que as próximas palavras daquele homem iriam mudar o futuro de muitos. As vestimentas pretas lhe caiam bem e ajudavam à dar destaque ao profundo verde dos seus olhos. Olhos esses que penetravam na pele de quem os olhasse, olhos fortes e frios como as lâminas que os cavaleiros ao seu redor portavam. Entretanto seus pensamentos estavam muito além daquele mundo térreo, em um lugar no qual somente alguns podiam pisar, uma dimensão diferente que ligava tudo o que se conhecia mesmo que não se pudesse nela tocar. Estava para lá do aqui e agora, em algum lugar do universo procurando as respostas que ele sabia não existir. "Sabia que mesmo quando uma estrela se extingue, seu brilho permeia o universo para somente depois de muito tempo sumir por completo?". Palavras jogadas aos ventos para que ninguém escutasse, mas eram a única coisa que sua mente perturbada conseguira bolar. "Mas nosso mundo limita-se ao aqui e agora...", retrucou uma voz áspera que fez com que a atenção do homem se voltasse à ele. "Você próprio limita seu mundo, pois nenhum desses limites que diz existir, é natural.". O silêncio invadira tudo novamente e ao longe ouvia-se as corujas cantarolarem melodias noturnas. Mas o certo é que haviam coisas que deviam ser feitas por ele e mais ninguém.
Os ventos da madrugada sopravam suaves e pesados fazendo com que a chama das tochas tremulasse no ar, criando sombras gigantes de homens pequenos. Era o Emissário da Escuridão que visitara o velho vilarejo àquela noite, e não havia nada que pudesse pará-lo, não importava o tamanho das lâminas ou o fio que elas possuíssem. Porque ele era o Protegido do Infinito e nada que fosse material poderia atingi-lo. E foi dando um passo para frente que ele deferiu as palavras que mudariam a vida de todos ali:
"A mente é o que corrói e alma é o que faz com que tudo se mantenha no lugar. Nessas lutas todas, por alguma razão que não sei dizer qual é, minha sanidade se manteve no lugar embora não intacta, pois seria pedir demais de mim mesmo... Encontrei nos céus meus motivos para continuar caminhando e a cada destino que me apresentava tanto me fiz odiar como amar, embora que a cada despedida eu sentisse que ia perdendo parte de mim e cada vez mais o meu calor interno ia sendo roubado de mim pelos ventos que me guiavam. Contudo minha alma criou uma armadura de gelo quase que impenetrável onde nada iria conseguir tocá-la novamente, e assim fiquei sem saber se vivia ou apenas existia nesse mundo tão incrédulo. Vaguei por muitos lugares e até a honra que me restava, eu perdi em meio à multidão das cidadelas que pereceram perdidas nas areias da minha memória. E hoje o que me resta é um pedaço de alma que vive em mim, apenas tentando fazer com que eu mantenha minha serenidade com o universo ao redor e não perca o pouco de sanidade que ainda me resta. Então quero apenas que me recebam nessa vila, para que possa descansar meu corpo dessa busca infinita pelas partes que perdi pelo mundo..."

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Gelo Queimado

Supernova Temporal
Os mais sábios vão tentar adivinhar, os mais incrédulos irão crer no que as palavras não podem descrever, mas a história desta menina ficará na memória de todos conseguirem enxergar nas estrelas o seu olhar...

De tempos em tempos descem dos céus os luminosos raios que abençoam a Terra com sua beleza. O evento que dura apenas alguns segundos que marcado na mente de todos os sortudos que podem presenciar tal maravilha. Mas mal sabem eles que desses raios nasce a vida que vem do além-céu. Vida que irá determinar o futuro dos homens e o destino de milhões... Jovens crianças providas da beleza natural e que marcaram o fim da Tormenta... Dos oceanos em fúria e dos ventos misericordiosos, veio à humanidade a criatura capaz de mudar os caminhos dos homens apenas com as mãos. Uma jovem que iria conseguir ver além do que os olhos podem dizer, um poder inegualável, embora simples, residia em seu peito totalmente adormecido até os anos de sua maturidade. Com o tempo as descobertas de seu potencial ilimitado e as noções de que tudo o que existia ao seu redor poderia pender ao seu próprio bel prazer, ela foi percebendo um mundo diferente, um mundo no qual os olhos comuns não conseguiam enxergar. Dentro de si havia algo diferente, algo que a queimava em dor por dentro, uma coisa forte demais para um casco tão frágil como aquele que lhe fora dado pelos raios do céu. Aquela sensação trovejava forte em seu peito fazendo-a desesperar de uma aflição sem fim. Eram perguntas sem respostas e decisões infundadas que ela deveria responder e tomar! Tudo sem sentido, tudo na escuridão do não saber. E foi assim, na dor contínua que esse poder lhe causava que seus olhos tiveram de aprender a mentir, mesmo que jamais tivesse visto um olhar que não pudera decifrar.
O mundo que conhecia se abriu para o novo, para a revolução dos homens e suas crenças caíram por terra... Hoje os mitos dos raios do céu já não abalavam os humanos e nada do que um dia se acreditou fazia-se verdade. Os tempos passaram e ela própria havia mudado, embora não conseguisse responder se para melhor ou pior, pois em sua mente continuara a mesma, mesmo que tão diferente. Lembrara que uma vez tivera nas mãos o poder de moldar os destinos, mas não lembrava-se como fazê-lo, e isso apenas fazia crescer a solidão dentro de si. Era melhor quando podia atirar-se aos braços nus da donzela chamada escuridão. Braços que a acalentavam no frio da noite, sob estrelas que dançavam para que ela encontrasse o seu lugar no universo. Ela sabia de alguma maneira que não podia estar fadada àquela vida ingrime e sem sentido, pois podia mais e muito mais! Não havia razão para ficar presa à grilhões quando possuía asas capazes de voar...

domingo, 7 de agosto de 2011

Para Você, Mesmo Que Só Vocês Entendam

Maldição Perdida

My friend, try to understand... Todos os dias de nossas vidas nós simplesmente desperdiçamos palavras tocando-as ao vento. Fazemos coisas que o corpo não quer, mas que fazem com que a mente se libere. No cair da noite banhamos nossos corpos com o vento que limpa a luz do mundo e assim a mente flutua acima de você mesmo. Plenitude. Sinta-se único ao olhar o céu e ver que aquela imensa bola de fogo continua lá para nos aquecer, sinta o poder desse momento, onde tudo renasce sem morrer. Sinta o desespero que senti, pois a essa hora tudo o que tens no peito dobra de tamanho. Esse é o poder do entardecer. Espero que possas entender hoje, o que sinto há anos quando os momentos aleatórios da vida fazem com que minha mente vire-se à você. Por diversas vezes me angustiei sem saber o que fazer, sem saber o que iria acontecer com aquela sensação que estremecia o corpo e fazia parecer que não haveria espaço para mim dentro de mim mesmo. O tempo foi me consumindo, fui errando e aprendendo, deixei para trás tudo o que me fazia voltar àquele tempo. Me transformei em diversos "eus" enquanto não encontrava-me por completo. Aos poucos foi destruída aquela velha ponte que ligava minha vida ao passado, e em suas ruínas hoje eu brinco como uma criança. Pois é aqui que consigo me lembrar de tudo o que aprendi para não errar novamente, para não fazer com que a ilusão ganhe vida e me apunhale pelas costas.
Todos esses anos me ajudaram a compreender a magia por de trás da vida e dos acontecimentos dela. Tudo o que vivi até hoje me fez ser o que sou e de cada momento um aprendizado melhor que o outro, sempre acreditando em mim e apenas em mim, pois jamais depositaria minhas energias em ninguém. Das trevas que uma vez estive, procurei forças dentro do meu próprio eu, e vi que o buraco que me encontrava na verdade era pequeno em comparação a imensidão do meu ser. Mãos amigas me ajudaram a lutar as batalhas que eu mesmo criei, e com muito esforço nós vencemos apenas para poder comemorar depois. Foram sorrisos magníficos que jamais saíram de minhas memórias, pois estão talhados em palavras no livro de minha vida. Livro esse que guarda inúmeros capitulo e podes ter certeza de que há um com seu nome, embora ele pereça na seção que chamo de "Pretérito Passado". Entretanto nada disso importa, pois do meu eu qualquer um pode saber, basta perguntar. O que mais quero é sintas no peito o que me corroeu por meses e meses, o que me infectava dia após dia, e a razão por te deixar morrer em mim. Que isso sirva de lição, pois talvez eu não tivera deixado claro, mas com certeza podia ser visto em meus olhos, "Aquele que brincar com o destino no qual está disposto à cumprir, sentirá na pele o desdém que outrora causara".
Assim quando o dia voltar a clarear em seu horizonte, creio que será tarde demais. Quando puderes perceber que todo aquele tempo foi apenas tempo perdido, creio que não terá mais sentido tentar recuperar o que já se foi. No dia que realizares que nesse jogo quem mais perdeu foi você, não haverá mais tempo para recomeçar... Até lá, boa sorte, pois o caminho que lhe aguarda eu já trilhei. E entre os espinhos e pedregulhos deves encontrar o que deixei para você, o que uma vez foi só teu por direito e hoje reside em outras mãos. Encontrarás apenas os fragmentos que tu mesmo tivera quebrado sem perceber... As mais simples palavras trarão para nós o destino que não podíamos esperar encontrar, por isso não jogue as palavras ao vento, alguém pode escutar-las...

sábado, 30 de julho de 2011

É assim que é, é assim que sempre será

"Às vezes parecia que era só imaginar"

Sei que sou muitos, sou todos e tudo o que é, simplesmente sou. Se algo pode ser, esse pode ser eu também. Tudo aquilo que pode ser, posso também ser. Imperfeito, voraz, ágil, fraco, violento, carismático. Tudo e mais um pouco, ou quase nada. Existem muitos de mim, vivo em todas as partes, vivo dentro da mente de cada um que passou por mim. Eles me vêem de maneiras diferentes, nunca sou o mesmo e nunca me repito para ninguém. Por ai se misturam qualidades e defeitos, noções e ações, julgamentos e sentenças, verdades e mentiras, muita coisa enfim. Cada pessoa me vê de uma forma, em diferentes lugares tenho diferentes nomes, ajo de diferentes formas em diferentes cenários, mas de certa forma sou o mesmo sempre. E sou sempre diferente aos olhos dos outros, ou seja, sou muita gente mesmo sendo só eu mesmo. O mais incrível é que todas as concepções que as pessoas ao redor tem de mim, formam um único ser que sou realmente eu, e esse eles não podem mudar. Mesmo que todos os "eus" sejam eu, não sei mais quem sou...
A cada passo que tento dar tropeço em um sobressalto da vida, uma raiz de árvore que não vi, ou o piso imperfeito do meu caminho. E as nuvens da incerteza fecham o céu fazendo cair uma chuva de lágrimas doces, que levantam da terra o cheiro de viva da floresta. Cada vez que tento fazer com que o frágil ser que vive em meu peito enfrente a vida e cresça com a força que deve ter, as gotas d'água o machucam e o gelam, fazendo até, por vezes, congelar. Com isso as proteções de gelo maciço vão crescendo e crescendo, para que assim fique completamente protegido dos perigos lá de fora. Meu eu vai se petrificando em gelo e aos poucos isso reflete em todos aqueles que também sou eu. Perdem sua essência, sua confiança no mundo lá fora e aos poucos minha alma vai ficando fria como a neve. O mundo não tem piedade, ninguém realmente tem. Já quis simplesmente não ligar para as facas que atravessavam a carne e faziam-me sangrar, entretanto não adianta, pois cada corte vai fundo e dói o peito em uma dor que se espalha pela alma e trás a aflição da vida para os pensamentos. Pouco a pouco os sentimentos irão desaparecer e apenas os fósseis do que um dia foi um coração vão existir. De resto apenas sobrarão as lendas de textos e aventuras vividas por alguém que desistiu de se aquecer no fogo da vida e entregou-se aos braços acolhedores da solidão...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Incerteza do Amanhã

Talvez eu me perca em mim, talvez me ache em você. Quem saberia dizer se temos mais em comum do que nossas mentes podem dizer? Quem sabe o que vai acontecer? Talvez eu nunca me esqueça, mas jamais me lembre. Pode ser que não seja nada disso, pode ser apenas o acaso, pode não ser nada, assim como pode ser tudo...

Talvez Nos Sonhos


Quando sonhamos acordados a mente nos prega peças e faz com que por alguns momentos imaginemos como o mundo seria diferente se apenas alguns detalhes fosse rearranjados. Talvez fosse diferente se os sonhos, ou pelo menos partes deles, viessem a ser reais. Creio que poderia ensinar mais às pessoas, mostrar-lhes o que o mundo que vivemos tem de melhor, e não simplesmente deixá-las ao léu para descobrir por si próprias. Dar-lhes uma visão nova lá de fora, algo novo dentro do peito de cada um que pudesse enxergar. Não teria medo dizer o que penso para que todos pudessem ouvir e simplesmente não iria mais ligar para o que passa na mente das pessoas. Mas a realidade se faz diferente do que minha louca mente tente a imaginar. Certas coisas nunca deixarão o plano dos sonhos.
Talvez no meio de algum sonho louco, você apareça para destabilizar tudo. Talvez você tente encontrar em mim o que ninguém mais acredita que haja, talvez queira provar para si mesmo que é capaz de ir além do que todos os outros pensavam, mas sabe que eu acredito em ti. Talvez nossas existências se batam e rebatam, talvez estraguemos tudo, talvez apenas aproveitemos o tempo juntos com muitas risadas e sorrisos estampados nos rostos. Talvez eu te ame. Talvez o vento não corte o meu peito somente para vê-lo arder no frio da noite sem estrelas. Talvez o sol se ponhã duas vezes e que em ambas nós possamos estar juntos sentindo a brisa da lua que se aproxima. Talvez você entenda. Talvez minha fortaleza de pedra simplesmente derreta se transformando em um oceano e as estrelas do mar iluminem os céus. Talvez eu encontre em você a paz que há tanto procuro. Talvez você me odeie. Talvez... Tantas coisas poderiam acontecer nesses sonhos que tenho ao olhar para as estrelas e imaginar que esse brilho que vejo já se foi há muito tempo. Entretanto quando volto a realidade sei que estás tão distante de mim quanto a lua se afasta da terra, está ao alcance dos meus olhos, mas não de minhas mãos. E é no aqui e agora que deixo escapar as lágrimas que deveriam existir apenas nos sonhos, lágrimas que deveriam ser quentes e não frias como o gelo que queimam ao rolar pelo rosto...
Mesmo que minhas crenças nos sonhos tenham acabado há anos atrás, todo o dia quando acordo tento lembrar do que aconteceu naquela noite, e minha mente se conforta criando esperanças de que um dia os sonhos serão verdades. Para que assim eu finalmente veja essa tempestade castanha abrir-se no mais lindo azul que o céu pode ter. Então finalmente terei certeza que o brilhará em meus horizontes, fazendo com que a alma se aqueça e destruindo a fortaleza que um dia protegeu esse mundo que agora se faz novo. Mas para que essa esperança torne-se real, preciso mais do que um simples sonho, um simples devaneio. Preciso ser eu mesmo, preciso ser um sonhador e crer no impossível, pois o amanhã poderá me mostrar que o impossível de ontem hoje é uma possibilidade real e que o futuro mudou assim como eu. Entretanto, ainda sonho acordado, pois é lá e somente lá que irei lhe amar.

domingo, 24 de julho de 2011

Nas Luzes da Manhã

O Que Realmente se Passa Aqui Dentro

Muitas vezes me vi envolto por situações que simplesmente queria fugir em desespero, coisas que minha mente de criança não estava preparada para lidar e que eu nunca quis de fato enfrentar. Já me vi sem saber o que fazer, dizer ou agir por muitas vezes. Já tive de lidar com a timidez que cresceu em meu eu enquanto os anos passavam, e já vi que algumas coisas dentro de mim nunca irão mudar. Por mais que tente me demolir para reconstruir algo melhor e assim ir vivendo, existem bases fundamentais para que eu possa me chamar de eu. Algumas vezes já tive raiva de mim mesmo por não conseguir agir de acordo com o que a mente dizia para fazer, tive de me socar internamente para que o corpo de movesse como deveria e o medo me acorrentou em tantas outras ocasiões. Já não soube o que dizer, já fiquei sem reação, mas sempre continuei sendo eu mesmo, mesmo que as vezes não soubesse ao certo quem eu era. Já tentei ser muitas coisas que não sou e isso só me serviu para provar que ser falso não é algo que nasci para fazer.
Uma vez viajei para longe à fim de simplesmente parar para refletir e encontrar a paz que dizem existir no mundo. Nesse lugar encontrei a calmaria que via nos sonhos ilustrada nas copas das árvores que dançavam ao som da brisa que entornava as montanhas. Foi aí que vi o quão pequeno eram meus problemas e todas as ilusões que minha mente havia criado. Entretanto não culpei a mim mesmo, pois sabia que aquele mundo que criei, todas as preocupações e problemas pequenos eram apenas meios para que me agarrasse a vida e pudesse viver. Nosso próprio mundo criado ao bel prazer do inconsciente. Depois disso deixei de tentar entender os motivos pelos quais eu olhava para o céu tão fascinado com a beleza das estrelas. Sabia de algum certo modo que éramos parecidos, mas não iguais, e embora o brilho delas me confortasse sentia-me sozinhos aqui embaixo, pois só conseguia ver o brilho que emanava dos outros e não o meu.
Os sonhos que me foram roubados esqueci, talvez façam melhor uso do que eu. A sensação de estar fazendo bem sem fazer nada além de ser eu mesmo e não ligar para o mundo lá fora me invadiu assim como a luz do sol. O amanhecer vinha repleto de vida e fazia com que o horizonte do mundo se curvasse diante sua magnetude. Não vi o tempo passar e até tinha me perdido nas páginas em branco que lia. As páginas de minha vida, escritas com uma língua que só eu poderia ler e que jamais alguém que não eu iria entender. Toda a loucura do mundo descrita em um livro sem fim que abrigava o coração que tirei do peito para não sofrer. Nessa hora, eu não soube o que fazer, mas vi que estar perdido é a melhor sensação que já experimentei. Porque eu poderia arriscar, poderia viver sem saber o que era certo ou não fazer. Seria simplesmente o que tivesse de acontecer.
Por fim vi que a beleza do viver estava no não saber, em arriscar e seja o que tiver de ser. Não havia mais razões para me prender. Embora que para fazer essa revolução necessitaria de tempo e a influência externa me faria tentar desistir do longo caminho que se apresentava a minha frente. Quantas vezes nos últimos tempos pensei em apenas parar e me contentar com tudo o que já havia conquistado. Mais um vez eu não sabia o que falar, não sabia o que devia fazer e o medo me dominava assim como quando era criança. Mas agora eu deveria ser mais forte, agora podia vencer essa batalha, pois meu coração eu havia posto à parte da batalha do dia-a-dia e tudo o que a ele tentasse atingir apenas acertaria as muralhas que guardavam-no. Assim os anos passaram e deixei para trás muita coisa, acreditando que isso seria o melhor à ser feito. Só hoje compreendo que isso apenas fez com que eu privasse o mundo do melhor que o meu eu pode oferecer... Pelo menos pude me dar conta disso antes que fosse tarde demais, assim posso abrir o peito e deixar entrar todos aqueles que quiserem me visitar. E quando o medo vier tomar conta de mim, eu ei de abraça-lo e tremer somente para sentir o que é realmente viver. Em outras palavras, vou ser o que realmente sou sem esconder o que dorme dentro do peito, mesmo que a vida tente me ferir, pois estou cansado de machucar todos aqueles que apenas querem fazer o bem.

Mensagem Astral

O Mensageiro

Por vezes acredito que meus textos possuem todas as respostas para as perguntas que me faço diariamente. Por vezes creio que repita sempre as mesmas perguntas, apenas procurando por respostas diferentes. E por vezes tenho diversas perguntas para as mesmas respostas. Entretanto são tantas as questões que podem ser feitas que já não sei se tudo o que um dia transformei em palavras pode responder. Embora acredite que muitas coisas que acontecem pelo mundo à fora eu possa resolver. E que todo o conhecimento que necessitamos para viver está escondido dentro de nós mesmos, ou seja, a informação para elaborarmos nossas respostas é baseado em apenas auto reflexão. Mas ainda assim me dê sua mão que posso tentar lhe explicar porque sentes isso que queima o peito de dentro para fora, isso que a faz perder a racionalidade do momento e quase enlouquecer com tantos pensamentos. Saiba que estou aqui apenas para servir, embora deseje que o mundo inteiro possa me ver ao menos um vez, para que todos entendam o que sinto ao te ver.
A profundidade dos teus olhos me faz mergulhar em um oceano no seu eu à procura das mais lindas razões que possam lhe fazer sorrir, pois é disso que deves sempre lembrar. Recorde-se das boas risadas, dos momentos em que sentia não estar sozinha, das suas reflexões consigo mesma a respeito da vida e do mundo. Deixe tudo para trás, essas memórias ruins vão apenas fortalecer pontes com um passado negro e cheio de espinhos. Renda-se as minhas mensagens, entre em meus contos, viva meus personagens! E por fim, sinta o que eu sinto ao escrever cada palavra dessas, a felicidade que se esconde por de trás do azul que reflete em teus olhos...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Palavras e mais Palavras

O Que Realmente Amo

Se um dia me perguntarem o que amo, com certeza eu ei de responder: "as palavras que um dia pude escrever, pois elas são eu descrito das mais diversas maneiras". Um lugar onde nada pode atingir, onde as coisas ficam nos seus devidos lugares e onde a loucura pode voar livremente pelos céus. Simplesmente não preciso ligar para mais nada, posso ser eu mesmo e ninguém irá me julgar; creio que enfim encontrei o lugar no qual pertenço. É um lugar que não tenho medo de expor o que vive em meu interior, pois acredite, esse sou eu, esse é meu eu de verdade. O que vês aqui fora é nada mais do que uma casca enrijecida pelo tempo e desilusões da vida, algo preparado para não quebrar e resistir à qualquer tipo de impacto. Enquanto por dentro dessa fortaleza vive um garoto simples, com os sentimentos mais puros para ofertar. Um garoto que acredita na beleza do mundo, na verdade das palavras e na ingenuidade das coisas.
Quando tenho meu caderno em mãos e posso fazer com que minhas palavras dancem livres pelas folhas e a língua do meu peito começa a tomar forma. Vai ficando bonito e ao mesmo tempo um tanto triste, cada palavra se enche de sentimentos e os textos ficam tão densos que ao ler podes sentir o que as palavras emanam. Por vezes chego à me surpreender com a felicidade que posso ver nas palavras, tão pura e sem malícia, um eu que talvez eu tenha me esquecido. Mas aquele medo que corroía meus pensamentos e as grandes correntes que me prendiam ao passado, agora simplesmente não assustam mais. Pois tudo aquilo serviu para dar experiência e mostrar que o mundo lá fora pode ser muito maior do que meus olhos podem ver. Então apenas não me preocupo mais.
O que desafia agora é conseguir por abaixo toda essa proteção que eu mesmo criei dentro de mim, para poder voltar à mostrar ao mundo o que tenho de melhor, mostrar para o mundo esse mundo de palavras que vive dentro de mim. Não tenha medo você também, olhe nos meus olhos e veja que até eles escondem a verdade, mas tente enxergar além do que a realidade lhe mostra, pois tenho certeza que lá vais encontrar um mundo como o meu, como o que um dia eu deixei para trás.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mente de Palavras

A História Que Quis Esquecer

Quando fechar meus olhos e me perder em pensamentos, daí ainda assim será cedo demais. Cedo demais para falar, cedo para dizer que não. Nunca tive tempo para pensar, mas pensava o tempo todo e simplesmente não conseguia parar, os pensamentos eram coisas que me fulminavam com constantes ataques. Minha mente sempre andou em altas velocidades, e por vezes de tão rápido que ela andava, uma hora entrava em parafuso e o ritmo desacelerava da mesma maneira que antes ganhara velocidade. Assim tudo se acalmava e até os ventos paravam... Quando a minha voz você não mais escutar saiba que ainda me lembro de ti, por mais que queira esquecer e que em mim ainda vive um pedaço de você. A meia década se foi assim como a profecia que um dia eu ousei proferir, e o que ficou daquele tempo foram apenas as lembranças que flutuam no céu como bolhas invisíveis de sabão.
O vento suave do entardecer leva minha mente para passear pelas mais belas paisagens que posso imaginar; um lugar só meu onde só eu posso entrar. Tudo desacelera e a vida passar devagar, vejo tudo o que já se foi, todas as coisas que deixei para trás tentando encontrar o meu lugar, e todos aqueles que por mim já passaram. Vejo sorrisos, vejo olhares, ouço risos e gritos de felicidade. Que bom que estão todos bem afinal. Mas é lá do fundo, longe perto daquela praça, mais especificamente naquele balanço antigo que vejo os olhos que mais me encantaram, olhos rápidos, curiosos e profundos. Olhos que me levaram a loucura, que me fizeram crer em um destino que existiu só em minha fantasia. O céu tornou-se vermelho escarlate, onde as estrelas brancas brilhavam mais fortes do que nunca e eu senti o crepúsculo descer seu véu sob minha cabeça. Aqueles olhos me hipnotizavam e tiravam-me do eixo, fazendo com que meu pensamento se desgrudasse do corpo, enquanto o vento sereno esfriava a carne e o vazio começara a penetrar-me a pele. Lentamente meu mundo começou a perecer e meu corpo continuava imóvel apenas esperando que tudo acabasse quando o sol nascesse novamente. As nuvens formaram a tempestade, nuvens castanhas que refletiam a intensidade daquele olhar e o próprio céu que um dia me abrigara agora me intimidava com sua imensidão.
Se meu mundo possuía um núcleo, com certeza eu estava na frente dele naquele exato momento em que acordei. As nuvens brancas como algodão dançavam nos céus, enquanto meu corpo descansava deitado na grama verde do parque. Fechei meus olhos e devaniei em memórias que não eram minhas, mergulhei na imaginação da alma e vi tudo o que um dia sonhei que vivi. Mas nunca mais consegui me lembrar quem portava aqueles olhos que tanto me encantaram, pois eu apenas quis esquecer-la para em nenhuma vida mais lembrar.

domingo, 10 de julho de 2011

Talvez Você Me Entenda Também

De Vez Enquando

Às vezes sinto como se pudesse voltar há tempos remotos da infância, às vezes sinto saudade de poder ir para um lugar diferente a cada domingo, às vezes sinto saudade de acordar cedo para ir à escola. Às vezes eu viajo em mim mesmo. Cada dia que passa, cada dia que passou, uma memória para recordar, um sorriso que pude arrancar de um rosto entristecido. Todo o dia, o dia todo. Quero poder levar às pessoas a felicidade de minha infância, as risadas que dava sem saber porque e toda aquela despreocupação que eu sentia firme no corpo. Quero que minhas palavras alcancem o mundo inteiro e o que o mundo sorria quando as leia. A vida é mais simples do que parece, nossos problemas são sempre menores que nós, e acredite, tudo tem solução, só temos que parar e respirar fundo para nos reencontrar. O mundo de hoje e o de ontem andam na mesma velocidade, é você que está acelerando, pisando fundo e vendo as luzes passarem rápido demais! Pare, pare! Uma coisa de cada vez, cada vez uma coisa. Claro, não vá devagar de mais senão podem lhe deixar para trás, mas faça como eu e continue caminhando.
Não importa o que passe, ou as pessoas que passem em sua vida, apenas continue caminhando, agregue valor a si mesmo. De tudo o que lhe falarem, tire suas conclusões e use-as para se tornar melhor, afinal ninguém fala nada em vão e até mesmo o que você pensa que não precisa escutar um dia lhe fará falta. Deixe que o sol se vá e traga consigo a noite que refrescará nossa mente; deixe a vida acontecer ao seu redor, não censure nada que possa acontecer e apenas curta os momentos. Momentos que são curtos demais, mas são eles que se tornaram lembranças e nos trarão a saudade no dia de amanhã. Guarde das pessoas somente as coisas boas, os erros deles e tudo o que lhe fizeram de ruim apenas esqueça, isso não irá lhe fazer nem melhor nem pior. E quando os reencontrar somente dos bons momentos creio que vais querer relembrar. Chore se preciso, emocione-se a cada momento, pois acredite, ele é único e possui um valor inestimável! Não ligue para o que dizem de você, mas não se perca no mundo, porque será muito mais difícil para se reencontrar depois. Leia bastante, pense, reflita e evolua (não esqueça desse último, muitas pessoas esquecem)! Esqueça e relembre, me esqueça para que um dia quando me ver de novo possa sentir saudades. Sonhe. Sonhe muito, mas não faça como eu que vivi em um mundo de sonhos por muitos anos e quando acordei me vi perdido e sem saber o que fazer para voltar à dormir. E o mais importante, divirta-se! A vida passa rápido de mais para que fiquemos presos a preocupações sem fundamento e coisas que não vão nos levar a lugar nenhum. Quando o amanhã chegar, talvez às vezes você também tenha essa vontade que eu tenho de poder fazer tudo de novo, talvez às vezes você se lembre de coisas boas e uma lágrima quente de felicidade escorra pelo seu rosto. E tomará que às vezes você venha me visitar aqui, pois às vezes eu penso em você também.

sábado, 9 de julho de 2011

A Língua das Estrelas

O Futuro de Amanhã

Por mais que eu queira esquecer, por mais que queira simplesmente arrancar essas memórias da minha mente, ela própria faz uma armadilha para mim e me põe nas entranhas dos meus próprios sentimentos. Me faz sentir simples, frágil e quebradiço, e no meu peito sinto que nada mais reside, somente há um pequeno vazio envolto de estrelas e planetas solitários. Por mais que eu queira, eu não quero. Isso está certo afinal? Os diferentes momentos da vida me levam sempre a voltar a pensar e repensar, volto para as diversas memórias que não quero mais lembrar e vejo como sorrir era mais fácil naquela época. Tudo era mais leve e acho que até minha mente não fervia tanto em pensamentos malucos como hoje. Era inocente e ingênuo enfim. Levei em diante o que não tinha mais cura, tentei fazer com que o impossível fosse possível e minha burra esperança durou anos e anos. Mas finalmente quero desistir de tentar, cansei. Foi olhando para as estrelas que descobri que seus brilhos estavam somente em meus olhos e não de fato nelas. Então tudo o que fiz foi em vão e eu mesmo me encarregarei de pôr fora. Mas são minhas lembranças as responsáveis pela sobre-vida que ano após ano isso ganha aqui no meu peito. São essas palavras, momentos, sentimentos e tempo que fazem com que eu não queira simplesmente esquecer. Poderia ser mais fácil.
Dói no peito essa dor que parece uma chama que lentamente vai queimando minha carne de dentro pra fora, sem fazer calor algum. Uma chama fria que conforta minha alma na calmaria das noites sem luar. Algo que faz com que o corpo todo trepide e me faz sentir como se fosse apenas uma casca prestes à quebrar. Se pudesse escolher, gostaria de ter esquecido isso tudo muito antes. Se pudesse escolher eu não iria ter do que lembrar. Entretanto não me sobra outra escolha, outra alternativa; vai ser como se eu próprio me apunhalá-se, mas é o que tenho que fazer. Arrancar à força essas memórias e fazer com que elas jamais tenham acontecido, pois quando rever tudo o que um dia foi, apenas a indiferença vai transpassar meus olhos lúcidos do esquecimento. E daí então espero que tudo não aconteça de novo, nesse novo começo de um futuro próximo...

terça-feira, 5 de julho de 2011

O Vírus que Move o Mundo

"Está tudo morto e enterrado"

Da destruição nasce o novo que brota no peito como flores das manhãs de verao. A estupidez que corroi o ser vem de nosso proprios corações arrogantes por natureza que desejam ter aquilo que já possuem; querendo sempre mais e mais. De toda a dor, quero a pior delas para estancar o que sangra da alma e verte pelos céus em forma de vento frio. Como um ciclone negro meu ego há de se erguer aos céus para enfim destruir tudo o que estiver infectado com a hipocrisia.
O vermelho escarlate que vem dos vivos há de alimentar o ódio que constantemente nasce nas entranhas da mente. Tudo por causa da crueldade da humanidade que não deixa com que a bondade venha até ela e mesmo aqueles que pensam que fazem o bem, tem em seu coração a mais pura crueldade... Antes esses tivessem piedade ao serem cruéis... Nunca ei de entender por que fazem tanto mal, por que causam tanta dor àqueles que os querem bem. É como se dessem facadas em quem se aproxima querendo apenas ajudar e não pedindo mais do que afeto em troca. Desfazem os sonhos assim como as nuvens se dissipam no céu, e esmagam a pureza da ingenuidade de nossos corações como as ondas que insistem em se chocar com as rochas. Esse é você, esse sou eu. De tantos que perambulam pelas extremidades do cotidiano alheios ao mundo que os rodeia lá fora, apenas vejo as mente perturbadas por sua própria dose de loucura sem fundamento. Mentes sedentas por desejos que já foram cumpridos, renegados diante do tempo e esquecidos como se fossem apenas grãos de areia. Esse você que um dia nasceu nas manhãs de verão, hoje já perece e tudo o que de vós um dia conheci, morreu sem deixar marcas ou dar a mínima explicação. Hoje só consigo ver hipocrisia nas tuas palavras e falsidade em tudo vós faz. Pois não estaria à clamar por ter tudo o que um dia quis lhe dar, se não fosse por falsidade e infantilidade que já dominaram teu ser. De minha esperança é que um dia, quando o Sol se pôr sob as águas calmas do oceano, isso que contamina o mundo possa ser levado com ele e a noite venha para curar a mente de todos àqueles que ainda tiverem salvação...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Desabafo Mental

Just Leave My Dreams

Por vezes acordamos afeitos com o que passa na mente ao dormirmos, aquelas imagens loucas quase que reais que nos fazem deliciar no mar de ilusões. Me deixe em paz. A própria mente prega peças e faz com que joguemos um jogo que não irá fazer quando acordarmos. No dia de amanhã toda a informação da noite será arremessada em nossos cérebros que irão simplesmente lembrar para esquecer minutos depois, mas que irão afetar todo o resto do dia. Nossos sonhos vão influenciar nossas vidas mais do que podemos imaginar... Irão reecompor nossos conceitos e fazer com que nossos sentimentos mudem, vão simplesmente nortear nossos "eus". Não podemos controlar o que vivemos dormindo, e pior do que isso, temos sempre a certeza de que aquilo tudo realmente acontece em nossas mentes. Uma verdade surreal, que por vezes acordamos lamentando por estar dormindo, embora por outras vezes queiramos apenas não crer que nosso próprio cérebro pregou uma peça em nós. Por isso eu peço, me deixe em paz em meus sonhos...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

On the Prowl

Necromancer

Na penumbra da noite ele se esconde esgueirando-se por entre os becos mais escuros e tenebrosos. Sorrateiramente como uma cobra, segue avançando pelas ruas, escondendo-se da luz de cada poste. Apenas a cor da lua em seus olhos é o que lhe acalma, e das estrelas tira apenas a energia para suas aventuras. Toda a noite quando o véu negro dos céus recai sobre sua cabeça, é que ele acorda para viver. Viver algo que já não é mais sua vida, rever tudo o que já não faz parte dele há muito tempo, mas pulsa intensamente como se estivesse vivo. Maldita é essa flor negra que insiste em brotar em seu peito cada vez que os ventos mudam e trazem consigo o cheiro denso da noite. Algo forte que entra pelo nariz e penetra-lhe as entranhas como lâminas doces e suaves, que o fazem reviver tudo o que está morto. E então ali mesmo, no meio da cidadela, nascem mais uma vez aqueles que já se foram. As pétalas da rosa negra caem uma à uma no chão e de cada uma delas uma vida que reaparece para o mundo ver. Uma horda de fantasmas sombrios e gélidos que o acompanham onde quer que vá até o sol nascer. As vozes que só ele pode ouvir, os gritos que só ele pode escutar, as imagens que só ele revê, as lembranças que revive, e o sutil cantigo que os ventos sussurram em seus ouvidos. Tudo isso, tudo junto fazendo-o delirar pela madrugada à dentro.
Dos mortos nasce a mágica da eternidade, algo que jamais poderá morrer, pois já não existe mais. O poder em sua forma mais pura, transformado na mais tênue treva. Em seus braços mais um erro, um grito de estupidez noturna, um crime contra o que um dia foi seu caráter. Nua e crua, adormecida em seus braços, sendo banhada pela luz trêmula de uma lua artificial. Indefesa e protegida por mãos manchadas de sangue invisível, garras brancas cheias de ódio e sedentas por uma justiça que não se cega. Jazia ali a tal criança de cabelos longos que fora revivida de uma rara pétala branca. Ele ficou bestificado com a visão que tivera quando os primeiros raios de sol iluminaram o horizonte, e lágrimas negras desceram dos olhos atingindo o delicado corpo em seus braços. O Sol reluziu forte e ofuscou tudo o que ele ainda podia enxergar fazendo com que viesse a morrer tudo o que tivera voltado à vida. Mais uma vez as pétalas negras secaram e se desfizeram em pó, embora uma, e apenas uma, tenha sobrevivido ao amanhecer, a bela pétala branca, que agora dormia em suas mãos manchadas de sangue escarlate.
Estava sem ninguém mais uma vez, e nem mesmo a companhia dos mortos lhe era suficiente. Embebedou-se de loucura e deixou que o mundo morresse à míngua, pois quando estivesse morto, ele poderia revivê-lo em sua insanidade. A final, ele é o necromancer do seu próprio eu.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Pôr-do-Sol Ainda é o Mesmo

Ela Cresceu
Part1

Aquele balanço permanece na memória, onde ela brincava sozinha ou não. Daqueles dias restaram apenas recordações, pois o tempo fez com que a menina se perdesse pelo mundo a fora. São tantos os olhos e sorrisos que já se passaram que não consigo me recordar de todos, mas sempre que lembro de algum é impossível não sorrir de saudade. Passou, assim como as ondas que chegam na praia, um ciclo sem fim. Não pode-se dizer que deixamos para trás, ou que esquecemos, apenas que passou. Uma brisa que soprou em nossas vidas, por vezes podendo trazer tempestades e por outras revelando o céu azul no meio das nuvens. As meninas cresceram, os garotos cresceram, o mundo mudou, tudo está diferente. Nós estamos diferentes. Os sonhos dela mudaram, suas concepções mudaram, suas idéias, ideais, ídolos e até crenças. Ela cresceu. Mas seus olhos continuam os mesmos de quando andava naquele balanço. Olhos rápidos, que escondem uma pureza incrível, que me fazem ter curiosidade em descobrir o que mais posso encontrar por de trás daqueles olhos cor de tempestade. O mesmo acontece com o sorriso dela, mudaram as ruas, mudaram as pessoas, os lugares, os gostos, a música. Mas seu sorriso ainda é aquele que me fez delirar em alegria.
O tempo vai passando, as coisas mudando, pessoas vão indo e vem voltando, como um ciclo que devemos abraçar. As músicas que ouvimos já não tocam mais nas rádios e os preços subiram! Estamos ficando velhos. Envelheço vendo-as de longe, as garotas que um dia conheci ainda meninas, e espero que um dia elas cresçam mais ainda, para que possa dizer que agora amo uma mulher.

domingo, 5 de junho de 2011

Para Meus Filhos Lerem

The Life How It Is

Por vezes já li muitas coisas, já vivi muitos fatos, já vi acontecerem muitas coisas, muita gente já me fez feliz assim como decepcionou. Quando fui criança acreditei no que passava na televisão, e sempre achei que os finais seriam felizes não importa o que acontecesse. Fui despreparado para o mundo. Cantaram coisas boas como sonhos de verão, onde o pássaros assoviavam e pessoas sorriam com a bela vida, tudo em sincronia tudo belo. A alegria brotava em mim com o calor que a criação me dava. Lindo, mas imprudente. Ou talvez apenas uma tentativa de burlar o mundo e fazer com que tenhamos lembranças boas. Bom, por vezes vi declarações, juras de amor, promessas e pessoas se comprometendo umas com as outras. Por vezes vi tudo isso cair por terra. De longe eu via a vida como ela realmente era, e não como contavam os livros e a escola ensinava. Nós somos seres cruéis que se adaptam rapidamente as novas realidades que nós mesmos nos impusemos. O tempo mata sua inocência e o mundo inteiro destrói seus sonhos. Alcançar o almejado já não é tão simples como parecia ser há anos atrás, pois hoje as coisas parecem ser mais complexas e confusas. Os caminhos são os mesmos, as pessoas também, a única coisa que mudou foi você.
Vejo os mais novos cantarem a felicidade e até acharem que são espertos diante do mundo, mas mal sabem eles que os mais velhos riem de seus atos infundados porque um dia no passado também já o fizeram. Respeite os mais velhos, aprenda com eles e não insista nos erros deles. Não jure o que vai morrer antes de você, não faça promessas que duram apenas uma semana. Tente enxergar o mundo dos que vivem ao seu lado. O eterno pode ser um segundo, um momento, mas não pode ser esquecido nem desvalorizado. Guarde-o consigo onde for. Tente ser sincero, mas não exagere, pois você poderá ser verdadeiro demais e a verdade machuca as pessoas. Tente não machucar as pessoas, você não irá conseguir, entretanto dê seu máximo nisso. Ou não faça nada do que falo, criei e tire suas próprias conclusões, mas se ver que eu estava certo, aguente quando falar "eu te avisei".
Por vezes eu não me importei, por vezes quis sumir desse mundo que cada vez menos merece os bons de coração. Por vezes tentei ser sociável, pois não tenho motivos para não lhe oferecer o meu melhor (talvez você precise e nem saiba). Por diversas vezes me peguei pensando e me importando com pessoas que fazem pouco caso para o mundo ao seu redor. Já tive noites em claro, e ninguém nunca soube disso, e se soubesse não faria diferença também. Aprenda: as pessoas não se importam com as coisas como você se importa; não tente mudá-las.
Não se importe com o mundo, ele não se importa contigo. Meu filho, não espere que as coisas caiam do céu, não acredite que tudo vai melhorar, faça por onde ou senão nunca sairá do lugar. Saiba perdoar, mas não seja usado. Filho, não acredite em asneiras e pense sempre antes de concordar, antes de agir, a maioria das pessoas só consegue ver o seu umbigo e provavelmente não vão lhe ajudar quando estiveres em maus lençóis. E uma última coisa: Não acredite no que as pessoas lhe falarem, o que a boca diz não é o que passa no coração, não é o que elas realmente querem e sim o que pensam que querem. Nunca dê à alguém o que ela quer, pois mesmo que tenhas tudo o que a pessoa precisa, ela vai ignorar isso e procurar em outros alguéns coisas que jamais vai achar. Seja você mesmo, para você mesmo, não para os outros.
Por vezes eu me decepcionei com mundo, sonhando que ele era algo que nunca será...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Para lá que Vou

Carta das Montanhas

Creio realmente que os ares das montanhas me farão bem. Só de pensar que dentro em pouco tudo vai mudar isso já é o suficiente para que eu me alegre. No deitar me lembro de momentos únicos vividos nos mais diversos tempos de minha vida, e deliro em sensações especiais que foram guardadas no coração. Mas ainda assim, mesmo com todas as memórias que minha mente pode reproduzir, não canso de dizer que deixaria tudo para trás se fosse preciso. Um dia sonhei que... Não lembro o que sonhei, pois quando era menor apenas não queria crescer para que jamais parasse de brincar. Entretanto a vida me ensinou diferente e fez com que a mente vivesse mais que o corpo, porque naqueles anos o tempo parou para o cérebro mesmo que o corpo continuasse o fluxo normal. Me vi tão vulnerável e ao mesmo tempo tão intocável, que não sabia mais no que acreditar, até que tudo congelou para enfim evaporar.
Tudo o que um dia nasce, morre, e morre subitamente. Sem avisos ou ressentimentos, apenas se vai com o vento. Assim como eu irei, vou deixar isso tudo e ir para as montanhas. Aquele ar vai me fazer bem, não importa o tempo que eu tenha que esperar, já esperei tanto que apenas uns dias a mais não farão diferença. Mas fica-me a dúvida se realmente vou sentir saudade, vou ter vontade de voltar e ver tudo mais uma vez, ou se vou simplesmente ignorar, apagar e deixar isso para trás como se não tivesse acontecido. Infantil eu sei. Mas não preciso dessa vida daqui, ou pelo menos não preciso de partes dela... É minhas memórias contam as histórias de loucuras puras e mundos que nunca antes foram apresentados e ainda assim contam a verdade. Tudo o que um dia eu soube, apenas se faz real com o passar dos dias e por isso que deixo o desafio: Surpreenda-me e faça algo que eu não sabia que farias.

domingo, 29 de maio de 2011

Um Caminho para Lugar Nenhum

Falsos Passos

De falsos deuses e filosofias infundadas estou cansado. Não existem mais motivos pelos quais sinta vontade de dormir ou acordar e a felicidade é apenas superficial, morrendo assim que a tarde termina. Outro lugar, um lugar qualquer que seja longe daqui e eu possa chamar de casa, é tudo o que quero. Sem ninguém por perto, onde eu possa fazer o que bem entendo e dedicar-me aos pensamentos mais naturais que o homem já criou. Deixar a sociedade se matar lá fora naquele baile de máscaras e atuações infantis, pois eu tenho mais o que fazer mesmo que não tenha importância. A sinceridade já deixou esse mundo há muito tempo atrás e só eu não vi. Não existem mais rastros de honestidade e seriedade, maturidade então é algo tão raro como um diamante. E assim eu vou deixando de crer no caráter das pessoas que vivem ao meu redor. Caráter. Algo que uns nunca tiveram e nem ao menos irão saber o que significa, triste.
Infelizmente não há muito o que eu possa fazer, um mero mortal a mercê de deuses falsos que são cultuados por mentes vazias, de palavras sem significados. Faltam-lhe intensidade, faltam-lhe emoção e tudo o que vivem é nada comparado a imensidão do universo do ser. Espero que um dia tudo isso se resolva e aqueles que podem ver tudo isso consigam, ao menos, ser feliz uma vez, pois eu parti para tentar encontrar um lugar no qual pertença, já que tenho certeza que não é aqui meu lar...

sábado, 21 de maio de 2011

Ordem Natural - O Grito do Jovem

Passam-se os dias, e com eles as sombras vão se revelando aos poucos, mas minha mente de Peter Pan não quer acreditar que a calmaria nunca existiu de verdade. Aos poucos tudo vai se metamorfoseando e tornando-se irreconhecível aos velhos olhos. O mundo ao redor mudou tão rápido que não pude acompanhar seus passos largos e rápidos. Mudanças bruscas como curvas de fechadas em alta velocidade. Os anos me atingiram mais do que um dia eu pensei que atingiriam, pois sonhava viver na Terra do Nunca, mas quando olhei para os lados era simplesmente tarde demais. Foram-se em pedaços aqueles sonhos bons, e apareciam em meu corpo marcas eternas que não podiam ser vistas por qualquer um. Me fizeram crer em algo que nunca existiu e quando a crença pereceu com o tempo, meu chão acabou.
Ainda lembro-me daqueles cabelos rubros que nunca voaram ao vento ou sequer chegaram a tocar meus dedos, embora tenha certeza que um dia isso foi real. Lembro-me de tudo o que passou e não consigo esquecer o que está por vir. Gostaria de ser surpreendido, mas as pessoas são tão previsíveis que chega a ser tedioso esperar pelo dia de amanhã. Das manhãs de nevoeiro aos dias ensolarados, as nuvens sempre estiveram nos céus, e quando os ventos pararam de soprar os destinos se cruzaram e fizeram-se mudar. Tive sempre o bel prazer do destino ao alcance dos meus dedos, entretanto nunca soube ao certo como usar. Talvez fosse novo demais para que tivesse maldade no peito e cresci sem nem ao menos conhecer o que era a real maldade...
O tempo passou levando consigo as cargas da história e nos passando as lições que os anciões vivenciaram. Talvez minha mente não estivesse preparada para mudar, talvez eu não quisesse mudar, talvez eu tenha acreditado que seria assim pra sempre, ou talvez eu apenas não quis acreditar no futuro que via. Todos se afastariam e desde pequeno eu soube disso, mesmo que ninguém um dia tenha me dito. Odeio sempre saber das coisas, odeio a previsibilidade do mundo. Poderia existir alguém que um dia irá me surpreender mudando a ordem natural das coisas?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Palavras Incrédulas

Sopro da Negação

Das minhas loucuras não me pergunte, pois sempre lembro do que quero esquecer e talvez por esse lembrar eu nunca quisesse realmente esquecer. Isso bate na cabeça como um martelo contra a rocha, inútil e incessante. Os anos passam e tudo que muda continua igual, afinal eu ainda sou eu e você é você, nunca fomos realmente nós. E em todos esses anos, mesmo com os diversos nomes passando por mim e por você, algo ainda me faz crer que seríamos o melhor um para o outro, embora o melhor nem sempre seja o almejado. "O ótimo é inimigo do bom", mas não será que é apenas o medo que nos impede de buscar o ótimo? Talvez um certo receio paire sobre nossas cabeças e não deixe que os olhos vejam o que estava ali o tempo todo.
Nestes velhos móveis eu vejo tudo o que um dia deixei para trás, nestas velhas fotos vive a essência do que um dia foi vivido, e assim são evocadas ondas daqueles sentimentos antigos que viraram fósseis em meu peito. Cada dia que se passa é tempo perdido que não voltará, e sempre quando penso que não voltaras, o peito dói. A loucura bate minha porta todo o dia e toda a noite ela entra, fazendo-me delirar em prazeres que nunca experimentei. Os olhos se fecham e neste mundo sim eu posso fazer com que sejamos nós - ao menos uma vez -.
Por mais e mais que negues, sei que um dia alguma coisa aconteceu. Que teu peito pulsou diferente e teus olhos brilharam mais quando tocaram os meus, embora não saiba porque isso tudo morreu, sei que um dia viveu. E o passado é inegável, o que está feito, está feito. Agora uma última observação: jamais fale de amizade em minha presença, pois sei muito bem do que se trata e nunca alguém irá achar um amigo mais fiel do que eu. Assim como tu jamais irás ter-me como amigo... Pois o que sinto, não chama-se amizade e isso você não pode negar.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Não Só de Mim Falam os Anjos

"E quando tudo está perdido, não quero ser mais quem eu sou..." - Legião Urbana, A Via Láctea

O Que Não é Só Meu


Esse sou eu fazendo coisas que jamais imaginei fazer.
Esse sou eu tendo responsabilidades que nunca pensei ter.
Esse sou eu arriscando minha vida de uma maneira que nunca sequer sonhei.
Esse sou eu pensando coisas que nunca antes tinham passado pela mente.
Esse sou eu escrevendo de modo que nunca tivera sonhado. Falando em sonhos...
Esse sou eu sonhando sonhos que nunca tive.
Esse sou eu esquecendo de tudo e me lembrando de nada.
Esse sou eu sentindo o que nunca senti antes.
Esse sou eu vendo que o mundo mudou mais do que um dia pensei que mudaria.
Esse sou apenas eu. Um eu que nunca fui antes, um eu que jamais serei de novo.
Esse sou que sou só hoje, e que amanhã não será mais.
Que fala a verdade sem nem ao menos pensar duas vezes. Que sente sem querer e que intensifica tudo o que faz o peito bater. Que sente o calor do carinho a cada abraço, que clama por um amor de filmes e livros. Que acredita em um mundo que não existe mais há muito tempo atrás. Um eu de hoje, um eu de sempre, esse sou eu. Alguém que é e sempre é o mesmo, mesmo que nunca seja igual. Um sonhador inoportuno que crê em uma sociedade melhor, com valores e respeito à si mesmo. Um senhor das palavras que as molda ao seu bel prazer. Um louco camuflado no véu da humanidade. Esse é enfim eu.
Esse sou eu...Esse sou eu vendo que cresci, esse sou eu crescendo a cada dia que passa sem querer crescer.
Esse sou eu me obrigando a ser melhor.
Esse sou eu que ninguém vê.
Esse é o melhor que posso ser.
Esse sou eu que não quer ser mais ninguém do que a si próprio.
Esse sou eu que não se recorda de tudo o que viveu, mas que não se arrepende de nada que fez, embora que se pudesse gostaria de viver tudo mais uma vez.
Esse sou eu.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tributos

"Nos Deram Espelhos e Vimos um Mundo Doente"

"E de pensar nisso tudo, eu homem feito, tive medo e não consegui dormir". Jamais tivera saido da mente, nem enquanto os anos passavam e as estações mudavam. Foram verões e verões em que os olhos brilhavam vazios, embora cheios de lágrimas. A cruz e a espada cruzavam o céu e estremeciam os relâmpagos luminosos que se espelhavam entre as nuvens da tempestade. O céu castanho fazia-se misterioso como nunca, e cada minuto pareciam dez semanas, assim ele se perdia em si mesmo acreditando que ainda era cedo demais.
Em um ano desses, em que o mundo parecia-lhe sempre cinza, a praia e o mar o convidaram para dançar entre as pedras e as ondas. Um ritmo que ninguém jamais tivera visto, - que ninguém viu - onde a naturalidade em que seu corpo encaixava cada movimento, fazia parecer que ele e o mar eram um só. Uma linda cena de tristeza que combinava muito com aquela noite sem luar. Cena que com certeza se tivesse voz acordaria a cidadela inteira, tamanha era a dor que transmitia. Entretanto os anos fizeram com que as décadas passassem, e as muralhas virassem pó. Assim mais uma vez o sol voltou para o seu horizonte, fazendo com que as nuvens se dissipassem e os ventos mudassem. Já não se sentia mais como apenas um grão de areia ou uma gota d'água, agora ele era o mundo, ele era metal, raio, relâmpago e trovão! Por fim se reencontrou e passou a falar a língua dos anjos e saiu em uma aventura para lá de Angra dos Reis. E em nossa memória ficou apenas a lembrança de alguém especial que se fora jovem e cedo de mais. Embora alguns acreditassem que alguma coisa tivera acontecido, pois estava tudo assim tão diferente, eles ainda não realizavam que nosso Johnny se foi para nunca mais voltar. E deixou em nossa mente uma dúvida que ele jamais responderia: "Será que vamos ter que responder pelos erros a mais eu e você?".


Músicas/frases citadas e /ou referênciadas: Legião Urbana

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Nothing

Da minha loucura entenda o que quiser, apenas não tente decifrar o que eu mesmo me perco ao tentar saber.

Ciúme da Noite

Sinto a garganta fechar, o estômago aperta e o peito doí de leve. Os pensamentos se vão em infinitas possibilidades e somente o desespero da incerteza é que domina a mente. Quero ter uma certeza para poder deixar a fragilidade de lado, ter algo em que eu possa me apoiar. Quero poder ter o abraço acalentador no qual sempre procurei, onde vou simplesmente esquecer da mente e me libertar em plenitude. Preciso tirar dos meus ombros esse peso todo, essa carga que a paixão me entrega para cuidar. Queria eu não ser tão louco... Queria eu não sentir tudo de novo e saber que apenas meu quarto está a minha espera quando o inverno chegar. Poderia eu parar o tempo só por alguns instantes? Queria falar tudo o que me vem a mente e que adormece em meu peito, mas não posso, não tenho voz para isso. Ou talvez eu tenha apenas medo, medo de por tudo a perder. Não quero andar para trás, já cheguei até aqui e agora "eu vou até o fim". Mas o peito dói e me faz perder o sono. Se tinha alguma incerteza sobre o que me queimava de dentro para fora e fazia com que eu sentisse uma insaciável fome, agora eu tenho certeza do que se trata. E infelizmente essas majestosas flores nascem de novo em meu peito.
Enlouqueço a cada dia em que o jogo continua, e minha racionalidade vai escorrendo pelos olhos que começam a ganhar o brilho da insanidade. Ao mesmo tempo que é tão belo isso que borbulha aqui no peito, é quente e me fere a carne. Sou um egoísta que quer o mundo para si mesmo.
As vezes apenas preciso respirar para que meu mundo possa enfim se acalmar. Entretanto se perder o chão mais uma vez... Não vou aguentar. Tentarei com todas as forças que tenho, adiantar o destino e simplesmente sumir. Deixarei tudo para trás buscando um lugar para mim. O que talvez eu já devera ter feito em algum outro ontem que não me lembro mais. Um dia terei coragem e largarei esse mundo no qual cresci, apenas irei esquecê-lo. Será quase que uma imagem de outra vida que irá pairar na mente nos dias de chuva. Todas elas, eu ei de relembrar, embora que daí, há muito já terei esquecido seus rostos, vozes, personalidades e lembranças. Mas ainda assim ficará a certeza que um dia amei.

domingo, 8 de maio de 2011

Relâmpago Temporal

There are some things, that simply don´t leave my mind..

Eu já não sei mais falar, eu já não quero mais falar. Simplesmente não quero perder mais tempo ou qualquer coisa assim. Não posso mais perder meu tempo, algumas coisas precisam mudar. Seu tempo passou e eu não percebi. Nada de virar páginas, vou arrancá-las para que nunca mais voltem. Fechar feridas que insistem em abrir, curar-me de uma vez por todas. Serei radical, e com estas mãos nas quais movem a caneta que descreve a história da vida, eu ei destruir para reconstruir. Desfazerei a mente em milhões de pedaços, fragmentos da memória de todas as vidas, e colocarei tudo em ordem. O tempo é precioso demais para que eu me ocupe com coisas que não irão me agregar valor. As portas vão se fechar e eu ainda não disse adeus. Embora que um "adeus" sempre seja demais, prefiro o velho "até logo", mesmo que esse logo não chegue mais...
Vou ferir a mim mesmo com o punhal feito de ar; ele me perfurará seco e gélido, como sempre soube que um dia seria. Sentirei a alma queimar em gelo e minhas lágrimas escorrerão para dentro do ser. É assim que precisa ser. A história não se faz sozinha, alguém precisa fazê-la acontecer, e nesta história quem o faz sou eu. Não mais ficarei sentado apenas observando, pois é chegada a hora de agir. Mas ainda assim o meu "para sempre" não cairá em meio vão. Minhas palavras tem vida e elas próprias ão de se cumprir, mesmo que esse meu eu não esteja mais aqui... E quando tudo terminar vou fugir. Correr para bem longe, onde as notícias desse mundo não possam me atingir, onde eu possa simplesmente esquecer e recomeçar. Serei um outro eu, e do meu antigo eu restará apenas a sombra. Entretanto irá de chegar o dia em que voltarei e tudo irá sucumbir em loucura, bem como já havia previsto uma vez. Com a insanidade à flor da pele, a verdadeira batalha começará e as verdades eu ei de cantar. Mas até lá, simplesmente espere, pois algo está vindo para mudar as coisas aqui. Você pode ouvir o som do trovão?

sábado, 30 de abril de 2011

Mar de Ilusões

Viajar pela Bretanha não é mais a mesma coisa que um dia foi. Hoje as estradas já não levam mais a Camelot, e as terras do norte não escondem mais tantos segredos. Todos que um dia conheci e a cavalguei ao lado já se foram, só restou a mim. Esse mundo inteiro de solidão se resume a luz que vem de Glastonbury, onde ainda posso sentir que o Rei descansa, embora esteja muito longe dali. Daqueles tempos de glória lembro-me das ocasiões em que apenas ficávamos a ouvir o suave som da harpa. A voz aveludada da dama de Avalon ecoava pelos salões e suas canções faziam com que nos sentíssemos mais leves. Noites em que a cerveja e a carne eram distribuídas para todos os cavaleiros da corte, tardes em que os jogos divertiam a população e por fim, a madrugada nos presenteava com um espetáculo de estrelas que brilhavam na serenidade do céu.
Se fechar os olhos ainda consigo me recordar das corridas pelos campos, das batalhas simuladas, das investidas contra os saxões, das lendas dos dragões e da velha barca que levava àquela ilha... Os tempos não voltam mais, e é assim que os deuses lidam com o destino de nós, meros mortais. Desse mundo antigo, o único lugar no qual sei que continua há existir e que sempre me receberá, é justamente onde não quero ir... Lá vou encontrar tudo o que um dia decidi deixar para trás, lá vou ter minha contradição exposta e não sei se poderei mais sair. Se um dia voltar para aquela ilha, tenho a certeza que estarei indo de volta para casa, para meu marco zero e de onde nunca mais sairei. Será lá o meu fim. Fim que vira recomeço, e as sacerdotisas sabem disso, tanto que acolheram outros jovens perdidos pelo mundo e os druidas renasceram das cinzas das fênix. Afinal, o espírito nunca morrerá, não os do povo antigo.
Enfim continuarei a cavalgar pela minha Bretanha em busca de um lugar no qual possa chamar de casa, onde posso viver em paz e quem sabe eles - meus bons e velhos amigos - também possam vir me visitar. Pois um dia eu com certeza irei vê-los todos lá onde vivem hoje. Embora que quando eu vá, nunca mais possa voltar, pois finalmente Avalon me terá...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Margens do Tempo

A Ilha do Lago

Dos dias claros aos escuros, apenas busco me encontrar. Tentar ter ao menos um noção do que eu sou, quem eu sou. Longe daquelas percas de tempo como "quem somos, pra onde vamos" e todo esse papo manjado. Procuro encontrar uma identidade para quem sou, afinal de contas, certos momentos me perco em mim mesmo. A mente sai do corpo visando encontrar uma estrada que a leva à algum lugar, qualquer lugar. Onde a sociedade em si nunca conseguiu chegar, um lugar intocado pelo homem. Achar esse lugar sagrado seria uma dádiva para a alma que finalmente encontraria um lar. Pois aqui fora tudo machuca, tudo não é. O mundo que um via existiu na mente de cada criança, lhe é arrancado pelas mãos da realidade dos homens, em algo que nós próprios chamamos de evolução. Ficamos inteligentes demais, espertos demais, e assim perdemos nossa pureza, nossa simplicidade. E se crês que isso ainda existe no "aqui e agora", não se engane, pois a maldade reside nos corações em que há tempos falta lealdade, respeito e - por que não - ignorância. Os ignorantes que são felizes, e pobre coitado foi aquele que um dia ousou dizer "pobre daqueles que não entendem". Porque no fim, quem pouco sabe, pouco vê, e com pouco se contenta - embora os espertos sempre queiram mais -.
Com tudo isso em mente apenas queria um momento para poder parar. Descer do mundo por poucos instantes e deixar a mente flutuar no vácuo, tentando assim se acalmar e "respirar". Queria eu ser mais verdadeiro comigo mesmo, e fazer valer as palavras que saem da boca... Queria poder voltar para aquele lugar que chamavam de Avalon...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

8ª Parte, + 2 e Fim

Loucuras do Dia-a-dia
Parte 8

O véu da noite caíra sobre minha cabeça e o céu tornou-se negro de repente. Senti o vento gelado de minha terra natal soprar como antigamente e me senti em casa mais uma vez. Quase que um sonho acordado, pois a mente foi longe, visitou o passado, viu minha infância, as ruas por onde passei na adolescência, me fez sentir a brisa daquele pôr-do-sol, e voltar para o carro onde ela ainda estava ao meu lado, há longos 8 anos atrás...
Quando acordei desse devaneio já estava na frente da casa dela, uma nostalgia me afligiu e creio que não tenha sido só em mim, porque quando olhei para ela, seus olhos pareciam me dizer que a saudade também batera no peito dela. E por um momento ambos nos inclinamos para um beijo de despedida como os dos velhos tempos, mas quando meus lábios tocaram os dela, hesitei. Nunca entendi porque hesitei, por qual motivo parei, havia algo de estranho em mim naquele dia desde o momento em que acordei. Não sei também o que passou na mente dela, mas quando notou o que quase fizera, ela simplesmente deu-me as costas e tentou sair do carro. Por sorte minha mão segurou o braço dela em um reflexo de não deixar-lá ir.

- Espera... - ela me olhou como se estivesse tendo que conter as palavras que sairiam da sua boca a qualquer momento - Eu não quero que você vá... Preciso de você, como sempre precisei.
- Se precisava de mim, por que nunca veio me buscar? Por que nunca me procurou?
- Por burrice, por não conseguir ver isso antes, por orgulho talvez.. - ela me interrompeu -
- Odeio gente orgulhosa demais. - Ela novamente virou as costas para mim e saiu batendo a porta do carro com raiva.
Gritei pelo nome dela, mas ainda assim não consegui sua atenção, então me obriguei a fazer algo que meu eu daquela época não tinha coragem. Saí do carro sem nem ao menos olhar para a rua, atravessei a pequena avenida e antes que ela fechasse o portão puxei-a para junto de mim.
- Eu preciso de ti, como tu precisa de mim. A final, eu ainda te amo...
Minhas palavras conseguiram amolecer a dureza que ela havia criado e senti o corpo dela relaxar ao me abraçar. Um abraço tão forte, tão intenso que minha memória não precisa sequer fazer esforço para lembrar. Falei para que ela me acompanhasse hoje à noite, a final eu precisaria de alguém especial ao meu lado. Por sorte ela concordou e fiquei de passar para pegar-la mais tarde, meia hora antes do que estava no convite.
Depois desse momento minhas memórias falham um pouco, e as imagens ficam embasadas quando tento me lembrar de alguma coisa. Mas sei que quando entrei no carro novamente, uma música chamou minha atenção, - embora hoje em dia não consiga recordar ao certo qual era, mas tenho certeza de que ouvia muito quando era adolescente - pois a letra cantava em linhas tortas o que acontecia comigo naquele dia.
Minha mente andava na mesma velocidade do carro e tudo se embaralhou no asfalto que corria embaixo dos pneus. Foi quando em uma freada aquele convite voou do console do carro e parou no banco do carona. Minha atenção toda se desviou para isso e algo me dizia que deveria enfim lê-lo, mas o momento não era o melhor possível, a final a hora do rush trancava a cidade toda, não teria tempo para parar e ler. Não ali no meio do transito. Então deixei-o no banco mesmo que a curiosidade invadisse meu corpo como um parasita, tinha que resistir até chegar em casa. Mas foi ao chegar em casa que notei que piscava na tela do laptop um alerta do meu email pessoal, e surpreso com isso, até esqueci do convite que estava em minhas mãos. Apenas larguei o paletó e a mochila na poltrona e fui em direção do computador para ver quem tivera mandado um email para aquele endereço tão antigo e quase que inutilizado...


7ª Parte >

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fragmentando-nos

Um Mais Um, Um Dia Foram Dois

Um dia aquele que vive dentro mim, aquele eu dos meus sonhos, ele um dia foi perfeito. Um dia ele quis apenas encontrar um bom lugar pra viver e deixar com que a mente voasse livre pelos céus. Sua loucura ele espalhou por um mundo completamente dele, onde não entrava ninguém que ele não quisesse. Mas foi ai então que viu uma ilusão, uma criatura que se formou no meio da multidão, e descoloriu todo aquele mundo que um dia ele havia criado. Não quis ligar, não quis nem saber o que viria a ser, a final não faria diferença. Mais um ou menos um nesse mundo que é só meu e é de todo mundo também. Ele vivia no interior de cada um e não era perfeito nunca, esse era eu.
Fragmento-me em tantos e tantos e vivo no peito de diversas pessoas, são todos eus diferentes, mas são todos o mesmo eu. E aquele meu eu? De meus sonhos? Esse ainda mora aqui, encantado por uma ilusão que há muito já se desfez, ele abriu os olhos para um mundo que só existia fora do peito e da cabeça. Um mundo que era cruel e bondoso ao mesmo tempo. Um mundo no qual nós pertencemos. É apenas um joguete de palavras enfim. Tantas e tantas cifras que contam toda minha história, toda a nossa história. Mas que ainda assim não conta nada.
Vejo o futuro no timbre daquela voz, vejo a imagem que trêmula na minha frente, e as vezes até arrisco olhar para o passado na esperança de poder aprender mais um pouco com aqueles belos professores que o tempo me fez esquecer. Ah como aprendi. Ah como tenho que esconder as coisas em palavras e frases que depois nem mesmo eu saberei o sentido de tudo. Deve ser assim a final, todos nós escondemos as coisas, e por vezes até de nós mesmos... Entretanto gosto de sopro de novas idéias e aventuras que se desprendem dos teus cabelos e dançam aos ventos da manhã. Posso ver que o amanhã logo chegará, eu não aguento mais esperar. São tantas coisas que vão acontecer, são tantas as revoluções a fazer! E a única coisa que me prende é simplesmente o medo de perder, o medo de errar e perder essa magia toda que ainda existe - é só existe - na minha mente. Me faço delirar ao voltar para aqueles corredores e lembrar de tudo o que um dia eu errei, me torturo em memórias mortas e encho minhas mãos com suas cinzas. Mas é assim, só assim, que me faço ver e lembrar que não posso novamente errar. Assim valorizo tudo o que já passou e nunca me esqueço de onde vim.
Corro rápido pelas vielas austrais, pela nebulosa que percorre o mundo, e a única coisa que peço que é ao menos acompanhe meu ritmo para poder descobrir um pouco de tudo o que posso te mostrar... O resto - de mim ou dos mundos que nos rodeiam - descubra por você mesmo. A final, só irá conhecer um fragmento do meu eu, mas quem sabe um dia um mais um você torne dois.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Go to the End

One Step Closer

Sempre que chego à beira do precipício paro antes de cair. Por mais vontade que tenha de me atirar, deixar o corpo livre pra voar e sentir o vento penetrando nas minhas entranhas, eu tenho medo. Tenho medo de ter que encarar tudo o que por anos eu posterguei, que por anos eu deixei para depois. Gostaria de não ter esse trauma, essa impossibilidade de terminar as coisas, finalizar elas como deveriam. Ficam agora flutuando em minha mente, como velhos navios ancorados no porto do esquecimento.
No caminho até este canyon, a coragem cresce dentro do meu peito e o infla de maneira que penso que finalmente tudo terá um fim, e minha boca não irá secar quando eu tiver que pular. Mas quando vejo aquela imensidão à minha frente, aquela paisagem que sempre admirei e sempre temi, essa paisagem me amedronta! Logo eu que já enfrentei coisas piores e sobrevivi; eu que disse que jamais teria medo de alguma coisa, esse eu que falou isso, treme ao ter de pular no desconhecido. Não sei a altura, não sei se vou sobreviver, não sei o que vou encontrar lá embaixo. E o pior... Não confio em mim. Nunca confiei, não para isso. Entretanto a cada passo que dei na direção do penhasco eu sabia o que estava à me esperar... Toda essa sensação de não ser nada diante dele, de ser apenas um pequeno ponto parado em sua borda. Foi assim que temi, o que viria a seguir e nem ao menos dei o primeiro passo, pois preferi não arriscar.
Dia após dia isso vem em minha mente, porque as oportunidades para pular são as mais diversas e toda a hora se apresentam em minha frente. Algum dia ainda ei de aproveitá-las, e enfim terminar com essa aventura que já me tomou tempo demais... Tempo demais...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma Parte de Um

Vejo o cursor piscando à espera de palavras que vão dar vida ao texto. Palavras que irão revolucionar o mundo! Sinto que todos estão a minha espera em algum lugar. Só me basta saber onde...

Homens Bons

Cada vez mais raros, cada vez menos procurados. O que é uma boa prosa hoje em dia que não apenas uma balela do século passado? Nesse tempo em que quanto mais respeito se tem, menos admirado se é. Onde as pessoas mais velhas elogiam o comportamento que há tempos acreditavam que já estava morto entre os jovens da nova geração. Os mais velhos que são sábios, a final já experimentaram o doce sabor da juventude e sabem o que deveriam ter procurado lá trás para que não perdessem tempo depois. Muitos hoje em dia conseguem ver além do que os olhos mostraram, e assim constroem pontes fortes e resistentes ao tempo, pontes que ligam suas almas as boas coisas da vida. Um dia todos irão se acalmar, um dia eles ainda vão ver o que aos poucos matam.
O cavalheirismo morre dia após dia, pois nossos cavalheiros são ridicularizados pela sociedade cada vez mais bruta, cada vez mais cruel e assim também se vai o respeito entre os viventes. Quando os homens que destratam as pessoas, que simplesmente não se importam com os outros ao seu redor, quando eles ganham mais atenção, quando eles são valorizados, é ai que a cordialidade morre e tudo o que um dia as mulheres desejaram se vai com os ventos. Elas mesmas acabam com tudo o que um dia sonharam, e desiludidos com o mundo que os traí os homens bons abandonam o mundo e enlouquecem para sobreviver, pois há coisas que seu orgulho não os deixa fazer. Jamais iriam esquecer seus princípios e esmagar seu eu, apenas para ter seu lugar na sociedade. Se a sociedade não quer louvar o respeito, cavalheirismo, cordialidade e bondade, então essa sociedade deve perecer juntamente com os que a habitam.

sábado, 9 de abril de 2011

Querer Natural

Seleção Natural 2

Quero saber a verdade, quero falar a verdade, tenho medo da verdade. Eu não sou para mim, eu sou para o mundo, eu não sou para ninguém. O que vem de mim não interessa, o que eu falo escute, o que eu faço, nem veja. Não me importo com rótulos, a propaganda é sempre enganosa. Giramos em nossos próprios eixos e nosso tempo é ocupado com pequenas partes inúteis de coisas sem valor. Nos machucamos por coisas sem sentido, deixamos os amigos para trás por cegueira; descobrimos a catarata aos 80, quando todos aqueles que queríamos ver já se foram. Vemos que o tempo passou quando nossas amizades não são mais os "garotos" e as "garotas", e sim os "senhores" e as "senhoras". Demos as costas para o mundo, e assim não conseguimos ver que o mundo também as deu para nós. Fomos traídos por nossa própria vaidade, e matamos aos poucos a esperança na inocência. Trocamos nossa liberdade por uma ilusão de mundo que se deformou quando abrimos os olhos. Deixamos de falar as palavras que mudariam nossas vidas, por medo de errar, medo de tentar. Ainda assim eu quero a verdade. Quero fazer chover verdades e se preciso quero que elas cortem a pele e façam sangrar todos aqueles que precisarem se machucar para entender e ver a verdade. Quero cuidar dos ferimentos, quero ser o melhor, o líder do grupo. Mas não um líder que vencerá todas as batalhas, e sim um que cumpra sua missão e salve o grupo do pior. Se necessário for farei sacrifícios, mas sempre de mim mesmo. Quero sentir a verdade no meu peito e respirar um ar de pura sinceridade, eu quero a verdade.
O mundo escolhe a dedo os que se destacaram do restante e quero comigo levar o máximo de pessoas que puder salvar. Quero mostrar-lhes a luz da vida e tirar-los da escuridão da ignorância, do não saber. Quero abrir-lhes os olhos para que possam ver que a vida não é simplesmente o jogo tosco que estavam acostumados a enxergar, quero fazer-los feliz. Mostrar que realmente existe uma razão para tudo isso, que vale a pena viver! E quero que quando eu me for, muito antes todos os outros, eles contem minhas histórias e ensinamentos para além do nosso tempo, indo sempre de pai para filho, criando assim uma lenda. A lenda de alguém que foi bom e mostrou tudo o que eles sabem hoje. Que lhes mostrou a face da verdade. Eu quero ser eu mesmo e não ter medo de falar, medo de perder, medo de me arrepender. Eu quero a verdade enfim.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Faz Parte (ou não)

Seleção Natural 1

Dias e dias atrás. Aos poucos começo a me acostumar com esse mundo que não é mundo, essa realidade banalizada. Mas... Acho que talvez possa ser bom. Limitar a mente aos problemas rotineiros e viver uma vida com minha própria visão, ignorando o resto que acontece ao meu redor. É assim que eles vivem, porque não eu? O ciclo todo não faz sentido e as tempestades que arrasam as terras estão tão longe de mim, que quem se importa com o mundo lá fora? Vou me alienar como a sociedade, gritar a felicidade passageira, chorar por besteiras, rir por ignorância, e fazer merda por costume. Queria eu poder fazer que nem todos fazem e ignorar as correntes de ar que gritam em meus ouvidos. Queria poder simplesmente não ligar para o que acontece no além-janela, mas é simplesmente impossível fingir que não vi, que não senti, que não amei, que não sofri. Fingir que não vivi, era isso que queria...
Eles todos devem ser muito fortes para nem ao menos lembrar das coisas boas que viveram e o quão real era aquilo que pulsava no peito...

domingo, 3 de abril de 2011

Finalmente, a 7ª Parte!

Loucuras do Dia-a-dia
Parte 7

O Sol começava abaixar na praça e refletir na água do lago. Logo o vento iria começar a soprar e a temperatura cairia àqueles velhos 18º C costumeiros das noites de Porto Alegre. Naquele abraços minhas mãos acariciaram os cabelos dela que mesmo com o tempo, permaneceram macios como eram quando a conheci e minha mente me fez voltar no tempo, fazendo-me lembrar como esse abraço era importante pra mim há 10 ou 11 anos. Dos meus olhos lágrimas sinceras escorreram, mas as sequei ainda no abraço, para que ela simplesmente não conseguisse perceber. Minhas palavras saíram trêmulas e tão carregadas de emoção, que não pude esconder o que meus olhos revelavam com clareza.

-Por tanto tempo ficamos separados, que nunca imaginei que pudesse ser você a me mandar aquela mensagem. Eu realmen..- antes de terminar a frase notei que os olhos dela também estavam molhados e me surpreendi que até me perdi no que falava.
- Eu to tão feliz de puder te ver de novo, tempos de tanto tempo longe. Tu sempre me vê chorando né? - sua voz era continuava doce como sempre e a emoção do reencontro podia ser sentida a cada sílaba pronunciada - Mas dessa vez parece que não sou só eu que to chorando, - ela sorriu e riu assim como em minhas lembranças - né?

Os olhos cheios d'água não aguentaram e sem que eu percebe-se uma lágrima tivera percorrido meu rosto. E certamente que a vergonha tomou conta de mim, embora não fosse mais um garoto que se entrasse a emoção, naquele momento eu realmente me senti com dezoito anos mais uma vez.
- É que desta vez não tem como eu esconder... Realmente não esperava te ver. Foi uma surpresa tão boa que não consegui me controlar. - ela sorriu mais uma vez para mim, e pude notar que seus olhos emanavam um brilho intenso de felicidade, assim como eram naqueles tempos em que ela tinha apenas 13 anos e nada da vida sabia.
- Que bom que tu gostou. Quando vim pra cá só pensei em te ver, ainda mais quando descobri que tu tava aqui. Finalmente a gente iria poder conversar!
- É.. Digamos que eu não tenha passado muito tempo aqui, mas hoje à noite tenho um compromisso e por isso ainda estou aqui. Pois se dependesse só de mim, acho que não voltaria para cá tão cedo...
-Cedo!? Fazem mais de cinco anos que tu tá nessa de ficar viajando... Parece como se não quisesse vir mais aqui...
- Acho que talvez não queira mesmo. Cada um lugar, cada situação, tudo me lembra alguma coisa que ficou no meu passado, e assim minha mente se atrapalha na nostalgia e melancolia, pois aqueles dias não vão voltar. Nem os dias, nem o que falei ou fiz.
- Ah... Não te culpa por nada... Tu sabe que...
- Não é isso, é só que não quero ter que lembrar de tudo. Quero algo novo, e longe daqui posso conseguir isso...
- É... Eu sei como é...

Continuamos nossa conversa ali mesmo de pé, apenas apoiados no dique do centro do lago, apenas observando o movimento das pessoas na praça. Nós, como se pudéssemos ser o que um dia fomos. Relembramos momentos, demos risadas e passamos o tempo como velhos amigos devem fazer. E com isso o sol foi descendo e descendo, a temperatura começou a diminuir e quando me dei conta nossas mãos estavam entrelaçadas e o sol brilhava laranja no horizonte. Foi então que aquela frase cortou os céus e dissipou as nuvens avermelhadas.

- Nós tivemos nosso tempo, não é mesmo? - ela ficou a olhar o horizonte por alguns segundos, embora soubesse que aquilo me pegou desprevenido, ao que ela tornou a olhar para mim.
- É, tivemos. E foi muito bom...
- É... Foi mesmo. Pena que...
- Pena que você não percebeu isso naquela época né? - e mesmo sem eu ter a intenção, senti que minhas palavras pareceram lâminas. Mas ao mesmo tempo apertei a mão dela e continuei - Como eu queria que tu tivesse visto isso naquele dia, era tudo o que queira...

Ela retribuiu a intensidade na qual segurei a mão dela e sem palavras apenas deitou a cabeça sobre o meu ombro, deixando nossos corpos ainda mais próximos. Senti como se ela fosse um bebê desprotegido que procurava por calor e proteção, e em um flash de sentimentos deixei-me abraça-la como um dia fizera. O crepúsculo tivera chego e mais uma vez éramos somente nós dois no cair da noite na selva de concreto.

- Vem, vamos. Acho melhor irmos, daqui a pouco vai esfriar mais e não quero te deixar doente. - Ela soltou minha mão e me surpreendeu com um abraço forte. Pude sentir o calor do peito dela se transferindo para o meu, pude sentir suas mãos agarrando-se a minha camisa e seu rosto mergulhando no meu peito. Pude sentir todo o sentimento que aquele nobre abraço transmitia e ouvi as palavras que jamais irei esquecer...
- Como eu queria que tivéssemos ficado juntos! Mas eu era boba demais, nova demais para ver que tu era tudo o que eu queria... Como eu queria voltar no tempo e falar o que não falei daquela vez. Como queria que tu nunca tivesse ido... - palavras de dor, palavras cheias de emoção que tocaram meu coração e instantaneamente fizeram com que eu a abraçasse forte, num misto de dor e amor que eu sabia que nem eu nem ela iríamos esquecer. Ficamos assim por alguns minutos, até que o coração dela se acalmasse e segurando minhas emoções com toda a força que ainda me restava, falei:
- Eu também queria... E como queria... Mas agora vamos... Vem eu te levo pra casa...

Saí da praça abraçado à ela e a levei para o carro. Algo me dizia que aquele momento jamais sairia de minha mente, e que mais uma vez eu não tivera falado o que realmente gostaria. Mas fechei uma cicatriz que há tempos estava aberta no coração dela e isso me fazia feliz, mesmo que as palavras gostaria de ter dito fossem um sincero "Ainda amo você". Eu neguei o meu próprio querer em virtude de um destino que ainda desconhecia...

terça-feira, 29 de março de 2011

Um Grito de Desespero

Já que as mãos não tem mais firmeza para dançar com a caneta ao som dos pensamentos, a única coisa que me resta é dedilhar alguns caracteres no teclado e lança-los ao mundo virtual.

Suplica ao Mundo

Sempre sendo, sempre estando. Sinto a vida passar por mim e rolar de alegrias; ela evoluí, ela corre, ela morre e nasce novamente. Sempre essa bela criança que vejo já fazem anos e anos, entretanto de uns tempos para cá, vejo a decadência que o mundo no qual essa criança vive, perecer em mágoas e máscaras. Onde a cordialidade já não tem mais lugar e aquelas paixões que vemos no passado de nossos ancestrais se misturam com a falsidade que paira no ar. O mundo já não é mais o mesmo há muito tempo. Ou será que era eu que enxergava e sonhava com um mundo no qual nunca existiu?
Minha mente insiste em dizer que a esperança ainda não morreu para o mundo e que logo as coisas voltaram aos seus eixos, mas eu só consigo ver podridão por ai à fora. Por onde passo, as palavras que escuto, são todas sujas, é tudo tão errado e somos tão frágeis. Nós os poucos que ainda restam, somos uma resistência firme que não se rende aos braços dessa realidade bizarra que nos foi criada. E eu me pergunto, "Onde estão os heróis? Onde estão os cânticos que emanam o amor? Alguém me responda, por favor, onde está tudo isso?!". A loucura que penetra em meu ser eu já não sei mais da onde vem e se ela sou eu, ou eu que pertenço a ela. O que me é sabido é que meu sonho irreal deve continuar, pois procuro por uma utopia que é deve ser o combustível dos mais novos. Ah como eles devem acreditar nisso! Precisam saber do mundo que pode existir lá fora! E como precisam, se não estarão todos fadados a percorrer o caminho da discórdia e desonra, onde a vida é banalizada e os antigos princípios não mais existem. Seria eu ingênuo demais para crer em um mundo bom? Onde as pessoas se respeitam e dizem a verdade? Onde as pessoas são sábias e raciocinam antes de agir? Ou que, pelo menos, são sinceras consigo mesmo?
Cada vez mais tenho certeza que não sou daqui, que não pertenço há essa época e que há muito já me perdi em mim tentando encontrar as soluções de tantos e tantos problemas simples. Pois lá, da ilha de onde venho, nossos problemas são maiores e complexos demais para que antes eu pudesse ter percebido que existiam coisas tão supérfluas nesse mundo. Acredite, o que passas em teu peito não é a pior coisa do mundo e o amanhã sempre virá, cabe apenas a você ser mais racional e ver o que lhe é realmente bom ou não, não queira querer em uma realidade que só você vê. Ou se não podes acabar como um de nós, lendários sonhadores...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Aviso

Amanhã ok? Hoje(21/02) não deu tempo.

Hoje a noite terá continuação de:

Loucuras do Dia-a-dia

Onde postarei a sétima parte dessa história que revela um futuro incerto que talvez (e não dúvido) venha a acontecer.

Pra quem não lembra, links para posts anteriores:

Loucuras do Dia-a-dia

Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 Parte 6

domingo, 20 de março de 2011

O Que me Assombra

Antigos Pesadelos

No peito o coração bate acelerado, velocidade essa que passa pelos braços e chega ao volante que treme com a ansiedade pela emoção. Os olhos se apertam e a noite começa a se distorcer conforme o velocímetro sobe... Cem, cento e vinte, cento e quarenta, cento e sessenta, cento e oitenta, duzentos quilômetros por hora e o ronco do motor que ecoá alto quebrando o silêncio da noite. A mente corre na frente do carro, sentindo a alta velocidade e o vento que quebra no bico do carro. Adrenalina. Ela corre pelos braços e revela o brilho da loucura naqueles profundos olhos castanhos. Ele está em casa afinal, prestes a voar, ignorando o mundo ao seu redor a busca de algo que ele nem sabe o que é... Talvez até um objetivo para viver e sair deste constante pesadelo de melancolia e realidade áspera. Tanto que aquele pesadelo ainda me vem a mente, mesmo quando estou acordado, como agora no momento em que estou escrevendo esse texto, pois creio que na verdade aquilo tudo que ouvia quando era criança em meus sonhos era esse som dos dedos batendo do teclado. Por vezes eles iam rápido e pareciam me assustar, mas depois seu ritmo abaixava e tudo parecia que acontecia para que eu ficasse mais calmo e não quisesse fazer com que eles parecem com aquilo que me parecia uma briga maluca e sem sentido. Hoje e somente hoje eu consigo enxergar que há muito tempo eu já sabia de tudo isso que aconteceu até aqui e que tudo não se passa de nada de importante, pois já e eu digo que já sabia de tudo o que se passou e tenho certeza que o futuro e o que virá daqui pra frente será a mesma coisa!! Tudo incluído na minha loucura de criança e pesadelos constantes que corrompiam minha mente com uma realidade na qual eu não estava preparado para suportar!! Sempre e sempre sem ninguém ao meu lado, até finalmente acordar e ver aquele teto que me fazia pirar na loucura juvenil! O que me restava era o que eles, meus sonhos sempre quiseram, o que me restava era um amor materno que pode sempre me confortar nos momentos difíceis da infância, mas que agora já não mais pode estar sempre aqui para mim, pois cresci e tenho de enfrentar todos esses medos sozinhos e desprotegido, esperando apenas que alguém possa e queira fazer isso por mim. E no dia em que eu encontrar alguém assim, pode ter a certeza de que daria a vida para fazer isso por ela também. Agora termino por aqui, pois o carro freia sem que eu freasse e todo o devaneio se vai com a velocidade que há pouco tinha aqui... Vejo que finalmente cheguei ao lugar no qual eu procurava, "um lugar sagrado e reservado somente pra mim", no qual vou descansar e descobrir qual a verdade por trás de meus loucos sonhos. Para que talvez deles possa me livrar e apenas viver.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Capital de Pétalas

A Lótus da Loucura

A Vida em Bruxelas

Nos corredores ecoam os sons da infância, e as imagens de lembranças duradouras passeiam pelas paredes. O céu negro lá fora dispensa as nuvens e impõe-se como um imperador diante de mim. Embora a noite calma não consiga me amedrontar, o que posso ali entre daquele labirinto de emoções encontrar, é o que de fato me assusta. Minha mente vai - e já foi - a mil lugares e de cada um deles voltei com uma história diferente, pensamentos diferentes e sempre, sempre, vi e conheci pessoas diferentes. Cada um com uma história oriunda de um lugar distinto e longínquo, que minha imaginação por vezes não era nem capaz de recriar. Tantas palavras já ouvi à beira da lareira, à margem dos rios e vento o nascer do sol, que minha memórias embaralham-se como cartas de naipes iguais. As vezes tenho a sensação de que tudo não se passa de uma mera ilusão, que o tempo não existe de fato e que algum dia irei acordar da realidade.
Em um desses lugares que uma vez visitei, encontrei um viajante de meia idade que procurava o lugar que tivera visto em seus sonhos. Conversamos por horas aos pés da lareira que aquecia-nos naquele rigoroso inverno, e ali pude perceber a magia que trazemos no peito e escondemos do mundo. As horas passaram e o homem aos poucos ia trocando histórias e gargalhadas comigo, como se fôssemos velhos amigos a nos reencontrar naquela antiga pensão. Ele me dissera que vinha de Bruxelas, uma cidade linda e gélida, onde a elegância reinava e a neve caia lentamente. Contou-me que lá era um lugar agradável de se viver, mas que não podia-se ficar muito lá, pois o tempo passava lento demais para quem, como nós, buscava algo maior do que sossego em sua vida. Por vezes tinha sido difícil de se comunicar, pessoas de lugares distintos iam até Bruxelas e as línguas se confundiam nos ventos da cidade. Então por vezes, ele ficara sem saber em quem confiar, ou para onde ir...
Foi vendo a imagem daquela noite estampada na parede que pude perceber que no fundo do meu peito, eu estava enfim em Bruxelas. Esse ínfimo labirinto que se apresentava à minha frente nada mais era do que minha própria capital. Onde não consigo entender o que é que ecoá pelos corredores, nem as razões nas quais tudo isso se reflete nas paredes desse labirinto de emoções e memórias. Minha própria Bruxelas.